sábado, 19 de abril de 2008

TENHO 18 ANOS... QUERO VIVER!


O DETRAN - Departamento de Trânsito da cidade de São José dos Campos publicou no verso do seu documento de licenciamento a mensagem, abaixo transcrita, como um alerta aos motoristas para terem mais cuidados ao dirigir seus veículos:
No dia em que eu morri, o sol brilhava aberto para plena alegria de viver. Lembro-me de que adulei meu pai para emprestar-me o carro. Queria dar umas voltinhas e prometi-lhe que teria todo cuidado. Quando me deu as chaves, só em pensar de dirigir à vontade, mal pude conter o ímpeto de, mesmo nas ruas, botar o carrão a oitenta por hora. Saí logo para a estrada.
Queria correr, sentir o vento fustigar-me as faces, ver os cem por hora do velocímetro. Pisei firme no acelerador, alcancei os noventa, ultrapassei os cem. Um carro na minha frente não andava e quis podá-lo. Dobrei para a esquerda e meti o pé. Mas não vi uma jamanta que vinha na sua mão e nos pegamos em cheio de frente.
Ouvi um estrondo, pedaços de ferro e vidro voaram, senti meu corpo despedaçar-se e percebi que gritava de dor. Um grito só. Depois tudo sumiu na escuridão. Acordei. Ao meu lado, um médico, guardas. Meu corpo estava estraçalhado, mas, curioso, eu não sentia dor alguma; tentei erguer-me, mas não consegui sequer mover um dedo.
Afinal cobriram-me com um lençol, puseram-me numa ambulância e levaram-me ao necrotério. Ei! tirem isso de cima de mim, tirem-me dessa mesa de mármore, por demais fria. Eu não posso estar morto. Tenho apenas dezoito anos. Minha namorada me espera. Quero viver, tirem esse lençol que me incomoda, deixem-me sair daqui.
Ninguém me ouvia, não sei por quê. Arrumaram, o melhor possível, os pedaços do meu corpo e parentes vieram identificar-me. Meu pai, com o rosto lavado pelas lágrimas, disse que realmente era o corpo de seu filho. Minha mãe, debruçada sobre o meu peito, soluçava com desespero. O meu enterro foi uma experiência estranha. Quando me colocaram na estrada do cemitério, os amigos passavam por mim, fitavam-me com tristeza e as garotas acariciavam minhas mãos, meus cabelos.
Por favor, acordem-me. Tirem-me deste caixão e deixem-me sair. Tenho apenas 18 anos, com a vida inteira pela frente. Quero viver, quero estudar, quero o amor de meus pais, quero namorar, competir nos esportes, sou craque de futebol e neste ano a minha equipe há de ficar campeã. Meu Deus, dê-me nova chance, prometo que serei o motorista mais cuidadoso do mundo. Tudo o que desejo é viver esta vida linda. Já disse, tenho dezoito anos e quero viver!

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