sábado, 19 de abril de 2008

O Aprendizado da Viagem


Um rei poderoso, necessitando mandar uma mensagem a província distante de seu reino, escolheu um mensageiro e incumbiu-o de levar a mensagem e trazer a resposta o mais breve possível (naquele tempo não havia os meios de comunicação rápida à distância como hoje).

O servo designado, grandemente honrado pela escolha, pôs-se a caminho sem tardança. Viajou longamente, utilizando todos os meios possíveis. Atravessou montanhas e vales, matas fechadas e rios, viu paisagens nunca vistas, conheceu pessoas, bichos e coisas as mais diversas... Correu perigos, venceu desafios, cansou-se, teve momentos de abatimento e quase desistência, alternados com outros de grande euforia a cada dificuldade vencida...

Finalmente, chegou ao destino e, cheio de garbo e honra, reuniu os cidadãos na praça central e leu o edito real. Terminada a leitura, perpassou o olhar sobre a multidão, que se dispersava e notou que quase ninguém ligava importância ao que acabava de ouvir. Uns se mostravam indiferentes, apáticos: outros faziam humor barato com os avisos recebidos de longe e outros tantos, conquanto ouvindo até o fim o decreto real, saindo, nada faziam em torno do assunto.

O emissário real, no entanto, cumprida a tarefa, empreendeu a viagem de volta, caminhou arduamente de novo, conquanto por muitas vias já conhecidas, andou e correu, viu novas fisionomias, experimentou novos perigos, novas alegrias, enfrentou a canícula e a chuva e finalmente chegou aos pés do trono.

Pronto Majestade! Entreguei a sua mensagem.

E os súditos, como a receberam? – indagou o monarca.

Na verdade, eles não ligaram muito, não, Majestade; mas este seu servo, como aprendeu!

Assim é a viagem da vida para as almas idealistas.

As obras realmente meritórias, o ideal do Bem, geralmente encontram poucos entusiastas. Os empreendimentos que exigem esforço, renúncia, autodisciplina e persistência ao longo do tempo, contam com reduzido número de obreiros realmente dispostos e obstinados. Todavia, ainda quando o resultado dos grandes ideais sejam pequenos nos beneficiários que os não compreendem de imediato, os obreiros que a eles se dedicam quanto sobem na escala evolutiva!

Jamais devemos, pois, desanimar na obra do Bem. Antes de tudo, estamos realizando-a dentro de nós mesmos.

Nenhum comentário: