
O servo designado, grandemente honrado pela escolha, pôs-se a caminho sem tardança. Viajou longamente, utilizando todos os meios possíveis. Atravessou montanhas e vales, matas fechadas e rios, viu paisagens nunca vistas, conheceu pessoas, bichos e coisas as mais diversas... Correu perigos, venceu desafios, cansou-se, teve momentos de abatimento e quase desistência, alternados com outros de grande euforia a cada dificuldade vencida...
Finalmente, chegou ao destino e, cheio de garbo e honra, reuniu os cidadãos na praça central e leu o edito real. Terminada a leitura, perpassou o olhar sobre a multidão, que se dispersava e notou que quase ninguém ligava importância ao que acabava de ouvir. Uns se mostravam indiferentes, apáticos: outros faziam humor barato com os avisos recebidos de longe e outros tantos, conquanto ouvindo até o fim o decreto real, saindo, nada faziam em torno do assunto.
O emissário real, no entanto, cumprida a tarefa, empreendeu a viagem de volta, caminhou arduamente de novo, conquanto por muitas vias já conhecidas, andou e correu, viu novas fisionomias, experimentou novos perigos, novas alegrias, enfrentou a canícula e a chuva e finalmente chegou aos pés do trono.
Pronto Majestade! Entreguei a sua mensagem.
E os súditos, como a receberam? – indagou o monarca.
Na verdade, eles não ligaram muito, não, Majestade; mas este seu servo, como aprendeu!
Assim é a viagem da vida para as almas idealistas.
As obras realmente meritórias, o ideal do Bem, geralmente encontram poucos entusiastas. Os empreendimentos que exigem esforço, renúncia, autodisciplina e persistência ao longo do tempo, contam com reduzido número de obreiros realmente dispostos e obstinados. Todavia, ainda quando o resultado dos grandes ideais sejam pequenos nos beneficiários que os não compreendem de imediato, os obreiros que a eles se dedicam quanto sobem na escala evolutiva!
Jamais devemos, pois, desanimar na obra do Bem. Antes de tudo, estamos realizando-a dentro de nós mesmos.
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