sábado, 27 de março de 2010

Doentes e Doenças

O respeito aos doentes é dever inatacável, mas vale descrever a ligeira experiência para a nossa própria orientação.

Penetramos o nosocômio, acompanhando um assistente espiritual que ingressava na serviço pela primeira vez, e por isso mesmo era, ali, tão adventício em matéria de enfermagem quanto eu próprio.

Atender a quatro irmãos encarnados sofredores, o nosso encargo inicial nas tarefas do magnetismo curativo. Designá-los-emos por números.

Em arejado aposento, abeiramo-mos deles, depois de curta oração.

O amigo número um arfava em constrangedora dispnéia, suplicando em voz baixa:

- Valei-me Senhor! ... Ai Jesus! ... Ai Jesus! ... Socorrei-me ! Ó divino salvado! ... curai-me e já não desejarei no mundo outra coisa senão servir-nos! ...

O segundo implorava, sob as dores abdominais em que se contorcia:

- Ó meu Deus, meu Deus! ... Tende misericórdia de mim! ... Concedei-me a saúde e procurarei exclusivamente a vossa vontade...

Aproximando-nos do terceiro, que, mal agüentado tremenda cólica renal em recidiva, tartamudeava ao impacto de pesado suor.

- Piedade, Jesus! ... Salvai-me! ... Tenho mulher e quatro filhos ... Salvai-me e prometo ser-vos fiel até a morte! ...

Por fim, clamava o de número quatro, carretando severa crise de artrite reumatóide;

- Jesus! Jesus! ... Ó Divino Médico! ... Atendei-me! ...

Nosso orientador enterneceu-se. Comovia-se, deveras, ouvir tão carinhosas referencias a Deus, ao Cristo, tantos apelos com inflexão de confiança e ternura.

Sensibilizados, pusemo-nos em ação.

Exímio conhecedor de ondas e fluidos, consertou vísceras, sanou disfunções ali, renovou vísceras, sanou disfunções ali, renovou células mais além e o resultado não se fez esperar. Recuperação quase integral para todos. Entramos em prece, agradecendo ao Senhor a possibilidade de veicular-lhe as bênçãos.

No dia imediato, quando voltamos ao hospital, pela manhã, o quadro era diverso.

Melhorados com segurança, os doentes pela manhã já nem se lembravam do nome de Jesus.

O enfermo de número um se reportava, exasperado, ao irmão que faltara ao compromisso de visitá-lo na véspera:

- Aquele malandro pagará! ... Já estou suficientemente forte para desancá-lo ... Não veio como prometeu, porque me deve dinheiro e naturalmente ficará satisfeito em saber-me esquecido e morto ...

O segundo esbravejava:

- Ora essa! ... por que me vieram perguntar se eu queria orações? Já estou farto de rezar ...

Quero alta hoje! ... Hoje mesmo! ... E se a situação em casa não estiver segundo penso, vai haver barulho grosso!

O terceiro reclamava:

- Quem falou aqui em religião? Não quero saber disso ... Chamem o médico ...

E gritando para a enfermeira que assomara a porta:

- Moça, se minha mulher telefonar, diga que sarei e que não estou ...

O doente de número quatro vociferava para a jovem que trouxera o lanche matinal!

- Saia da minha frente com seu café requentado, antes que eu lhe dê com este bule na cara! ...

Atônitos, diante da mudança havida, recorremos à prece, e o superior espiritual da instituição veio até nós, diligenciando consolar-nos e socorrer-nos.

Após ouvir a exposição do mentor que se responsabilizara pelas bênçãos recebidas, esclareceu, bem humorado:

- Sim, vocês cometeram pequeno engano. Nosso irmãos ainda não se acham habilitados para o retorno à saúde, com o êxito desejável ... Imprescindível baixar a taxa das melhoras efetuadas ...

E sem qualquer delonga, o superior podou energias aqui, diminui recursos ali, interferiu em determinados centros orgânicos mais além, e, com grande surpresa para o nosso grupo socorrista, os irmãos enfermos, com ligeiras alterações para melhoria, foram restituídos ao estado anterior, para que não lhes viesse a ocorrer coisas piores.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Estantes da Vida”. Ditado pelo Espírito Irmão X.

Diante do Mal

Diante do campo surpreendido pelo fogo, o amigo da terra, compreendendo o valor da plantação que o mundo lhe confia, usa recursos numerosos para combater a devastação.

É a faixa isolante, limitando a chama devoradora.

É a projeção de água simples, com o intuito de abortar os impulsos do incêndio.

É a areia abafante, destinada a apagar a labareda tocada de violência.

A manifestação do mal é fogo na região em que os Desígnios Divinos situaram a nossa existência.

Oferecer-lhe bases de sustentação, através do ódio e da vingança, da reação e da discórdia, da antipatia cultivada e da maledicência, seria perpetuar-lhe a marcha de arrasamento.

Auxiliemos, assim, aos que nos rodeiam.

O ensinamento do Cristo resulta de princípio matemático, dentro da lei de reciprocidade.

Não eliminaremos o foco infeccioso, favorecendo-lhe a cultura.

Silenciemos diante daqueles que nos ofendem, trabalhemos em benefício dos que nos desajudam, amparemos a quem nos perturba e amemos, com positivas demonstrações de boa vontade, aos que nos perseguem ou caluniam...

Somente assim estaremos ajustando as colunas da verdadeira fraternidade, na construção do Reino do Senhor, na Terra, de vez que o Espiritismo Cristão é amor, fazendo sempre o melhor, na elevação e no aprimoramento da Vida e da Humanidade.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Fé, Paz e Amor. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Coragem

Não percas a esperança

Ante as sombras da estrada.

Provações aparecem?

Silencia e trabalha.

Carência de recursos?

Deus nos supre de forças.

Inquietações à frente?

O amparo vem de Deus.

Pensa na paz dos Céus,

Sobre a tormenta em fúria.

Coragem!... Serve e segue.

Deus nos sustentará.

Espera Servindo


Xavier, Francisco Cândido. Ditado pelo Espírito Emmanuel

Convicções

Na pressa de fazer triunfar os princípios cristãos, há quem rogue da Esfera Superior manifestações evidentes, capazes de ferir a atenção do mundo, nele plasmando convicções indeléveis acerca da Vida Maior.

E clamam por materializações espetaculares na praça pública, por sinais estupefacientes no céu, pela identificação positiva de personalidades desencarnadas, por testemunhos indiscutíveis da sobrevivência, por intervenções no laboratório em favor da cura de moléstias enigmas ou por mensagens proféticas que abalem o ânimo das nações.

Não percebem, no entanto, que a Providência Divina espalha bênçãos espantosas, em todas as direções, sem que o homem se detenha, junto delas, para a necessária reflexão.

No firmamento, o império das constelações e a beleza solar representam incessantes desafios da grandeza cósmica à pequenez do raciocínio terrestre e, no chão do Planeta, a gota cromossômica a converter-se em vestidura carnal no refúgio materno, tanto quanto a semente humilde a transfigurar-se em árvore veneranda são outros tantos prodígios, reclamando o reconhecimento da criatura, ante a Bondade do Criador.

Entretanto, o homem que dorme na indiferença transita entre as maravilhas que lhe compõem o educandário, sem dispensar-lhes o mínimo apreço.

Ninguém quanto Jesus elevou tão alto a linha dos fenômenos suscetíveis de revelar os reinos do espírito e ninguém sofreu tanto a alheia incompreensão.

Recordando-lhe o sacrifício por amor à verdade, é fácil reconhecer que a violência não consta da Lei Divina.

Deus que espera o fruto por talento da vida a emergir vagarosamente do tronco robusto, aguarda igualmente a sublimação da alma, por louro imortal a surgir dela própria.

Atendamos, assim, sem descanso, à sementeira do bem, na certeza de que aprendendo e servindo, na escola dos bons exemplos, é que poderemos fortalecer, uns nos outros, a luz do entendimento e a constância da fé, o poder do trabalho e a força da razão.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Fé, Paz e Amor. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Bússola da Alma

Surge a prece na existência terrestre como chave de luz inspirativa descerrando as trilhas que parecem impedidas aos nossos olhos.

Ensina sempre no silêncio da alma e, quando não resolve os problemas ou não afasta o sofrimento, ilumina a mente e fortalece a resignação.

Contato com o Infinito, toda oração sincera significa mensagem com endereço exato, e se, por vezes, flutua entre riso e pranto, termina sempre por elevar-se aos páramos superiores onde já não existem temporariamente nem alegria nem dor, apenas paz de alma.

Oração é diálogo. Quem ora jamais monologa. Até a petição menos feliz tem a resposta que lhe cabe, procedente das sombras.

Atende aos compromissos na hora certa. A pontualidade é o fiel moral na balança do tempo.

Dá e receberás.

Auxilia e alguém te auxiliará.

Existe a caridade como receita ideal para todos os males.

A imparcialidade de julgamento há de começar em nós, com a benevolência para com os outros e severidade para nós mesmos.

Quais são os pontos de contato de sua vida com a verdade?

Que relação existe entre você e o mundo espiritual?

Expressa a exemplificação o conjunto dos reflexos de nossos atos. Toda opinião retrata o opinador.

Constitui a vida uma longa viagem em demanda aos portos da felicidade perfeita.

A prece é a bússola que nos coloca sob a direção do Senhor, cujas mãos devem pousar no leme da embarcação do destino.

Ora sempre e o barco dos teus dias nunca se transviará sob as nuvens das trevas.


Viera, Waldo. Da obra “Entre Irmãos de Outras Terras”. Ditado pelo Espírito Bezerra de Menezes.

Auto-Libertação

"... Nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele."

Paulo. ( I Timóteo, 6:7. )



Se deseja emancipar a alma das grilhetas escuras do "eu", começa o teu curso de autolibertação, aprendendo a viver "Como possuindo tudo e nada tendo", "com todos e sem ninguém".

Se chegaste à Terra na condição de um peregrino necessitado de aconchego e socorro e se sabes que te retirarás dela sozinho, resigna-te a viver contigo mesmo, servindo a todos, em favor do teu crescimento espiritual para a imortalidade.

Lembra-te de que, por força das leis que governam os destinos, cada criatura está ou estará em solidão, a seu modo, adquirindo a ciência da auto-superação.

Consagra-te ao bem, não só pelo bem de ti mesmo, mas, acima de tudo, por amor ao próximo bem.

Realmente grande é aquele que conhece a própria pequenez, ante a vida infinita.

Não te imponhas, deliberadamente, afugentando a simpatia; não dispensarás o concurso alheio na execução de tua tarefa.

Jamais suponhas que a tua dor seja maior que a do vizinho ou que as situações do teu agrado sejam as que devam agradar aos que te seguem.

Aquilo que te encoraja pode espantar a muitos e o material de tua alegria pode ser um veneno para teu irmão.

Sobretudo, combate a tendência ao melindre pessoal com a mesma persistência empregada no serviço de higiene do leito em que repousas.

Guardar o sarcasmo ou o insulto dos outros não será o mesmo que cultivar espinhos alheios em nossa casa?

Desanuvia a mente, cada manhã, e segue para diante, na certeza de que acertaremos as nossas contas com Quem nos emprestou a vida e não com os homens que a malbaratam.

Deixa que a realidade te auxilie a visão e encontrarás a divina felicidade do anjo anônimo, que se confunde na glória do bem comum.

Aprende a ser só, para seres mais livre no desempenho do dever que te une a todos, e, de pensamento voltado para o Amigo Celeste, que esposou o caminho estreito da cruz, não nos esqueçamos da advertência de Paulo, quando nos diz que, com alusão a quaisquer patrimônios de ordem material, "nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele".


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Fonte Viva. Ditada Pelo Espírito Emmanuel.

Agradar

"Portanto, cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificações". - Paulo - Romanos: 15 – 2



O choque desnecessário, por motivos de fé religiosa, é dos fenômenos mais desagradáveis no caminho dos seres espiritualizados.

O fanatismo dogmático sempre ordena atitudes rígidas de intransigência, determinando doutrinações insípidas, onde o amor renova com leveza e bondade.

Enquanto o primeiro condena asperamente, o segundo conta uma experiência educativa sem ferir a ninguém.

Os discípulos precisam evitar semelhantes perigos.

Há companheiros agastados, quando a conversação da maioria tende à política, a distrações justas, ao esporte.

Porque não comentar, igualmente, revelando as possibilidades edificantes dos encargos públicos, enriquecendo o sentido das distrações e recreios, destacando a obra de melhoria física e confraternização que os esportes devem suscitar?

Em geral, imenso número dos aprendizes deseja mimos e aprovações, mas não quer agradar a pessoa alguma.

Dizem-se enfadados do mundo, reclamam-se dispostos às atitudes sacrificiais nos trabalhos de grande envergadura. Entretanto, se ainda não sabem tolerar certas disposições algo infantis dos companheiros, como suportarão as atitudes no oceano revolto da humanidade em geral?

O próximo, às vezes, deseja conhecer Jesus...

Aproxima-se com a bagagem que possui. Exibe-a aos nossos olhos. Nem sempre já adquiriu certos materiais idênticos àquele que a Misericórdia Divina colocou em nossas mãos.

E, ao invés de lhe receber a bagagem simples, amorosamente, restituindo-a com algo novo que lhe sirva à edificação individual, começamos por atirá-lo ao deserto do desânimo, entre atitudes de superioridade falsa, condenando-o criminosamente.

Essa posição é muito grave, porque se o discípulo fiel não deve estimular o mal ou agravá-lo, em qualquer circunstância da vida, não há tarefa ou assunto em que o irmão mais velho deixe de encontrar recursos de animar o irmão mais novo.

Em tudo, pode-se subtrair a influência do mal por destacar as possibilidades do Bem.

Nunca desejes a posição de perturbador, nem por minutos apenas.

Aprende a agradar ao próximo no que seja útil à edificação.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Harmonização. Ditada Pelo Espírito Emmanuel.

Acidentados da Alma

Compadeces-te dos caídos em moléstia ou desastre, que e apresentam no corpo comovedoras mutilações. Inclina-te, porém, com igual compaixão para aqueles outros que comparecem, diante de ti, por acidentados da alma, cujas lesões dolorosas não aparecem. Além da posição de necessitados, pelas chagas ocultas de que são portadores, quase sempre se mostram na feição de companheiros menos atrativos e desejáveis.

Surgem pessoalmente bem-postos, estadeando exigências ou formulando complicações, no entanto, bastas vezes trazem o coração sob provas difíceis; espancam-te a sensibilidade com palavras ferinas, contudo, em vários lances da experiência, são feixes de nervos destrambelhados que a doença consome; revelam-se na condição de amigos, supostos ingratos, que nos deixam em abandono, nas horas de crise, mas, em muitos casos, são enfermos de espírito, que se enviscam, inconscientes, nas tramas da obsessão; acolhem-te o carinho com manifestações de aspereza, todavia, estarão provavelmente agitados pelo fogo do desespero, lembrando árvores benfeitoras quando a praga as dizima; são delinqüentes e constrangem-te a profundo desgosto, pelo comportamento incorreto; no entanto, em múltiplas circunstâncias, são almas nobres tombadas em tentação, para as quais já existe bastante angústia na cabeça atormentada que o remorso atenaza e a dor suplicia...

Não te digo que aproves o mal sob a alegação de resguardar a bondade. A retificação permanece na ordem e na segurança da vida, tanto quanto vige o remédio na defesa e sustentação da saúde. Age, porém, diante dos acidentados da alma, com a prudência e a piedade do enfermo que socorre a contusão, sem alargar a ferida.

Restaurar sem destruir. Emendar sem proscrever. Não ignorar que os irmãos transviados se encontram encarcerados em labirintos de sombra, sendo necessário garantir-lhes uma saída adequada.

Em qualquer processo de reajuste, recordemos Jesus que, a ensinar servindo e corrigir amando, declarou não ter vindo à Terra para curar os sãos.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: "Estude e Viva". Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Pai e Amigo

É possível que essa ou aquela falta te sombreie o coração, impelindo-te ao desânimo.

Anseias respirar a fé pura, entregar-te aos misteres do bem, contudo, trazes remorso e tristeza.

Dissipaste as forças da vida, extraviaste votos santificantes, erraste, caíste na negação, qual viajor que perdesse a luz..

Entretanto, recorda a Providência Divina a reerguer-te.

O amor de Deus nunca falta.

Para toda ferida haverá remédio adequado

Para todo desequilíbrio aparecerá o reajuste

Fixa-te no ensinamento do Cristo, enunciando o retorno do filho pródigo.

O reencontro não se deu em casa, com remoques e humilhações para o moço em desvalimento.

Assinalando-o no caminho de volta " e, quando ainda estava longe, o pai, ao vê-lo, moveu-se de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.

O pai não esperou que o filho se penitenciasse o rojo, não exigiu excusas, não solicitou justificativas e nem impôs condições de qualquer natureza para estender-lhe os braços; apenas aguardou que o filho se levantasse e lhe desejasse o calor do coração.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Palavras da Vida Eterna. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Bilhete Paternal

Sim , meu filho, talvez por um capricho dos seus treze anos, você deseja receber um bilhete do amigo desencarnado, cujas páginas começou a ler. Você , um menino! - solicita orientação espiritual. Tenho escrito muitos contos, depois da morte, mas sinceramente não me recordo de haver dirigido até hoje, qualquer recado a gente verde do seu porte. Perdoe se não lhe correspondo a expectativa. Diz você que não espera uma história de carochinha, baseada em gênios protetores. E remata: "quero, irmão X, que você me diga quais são as coisas mais importantes da vida, apontando-me aquilo de bom que devo querer e aquilo de mau que preciso evitar". Lembro-me ,assim, de oferecer a você uma lista curiosa que um velho amigo me ofereceu , aí no mundo, precisamente quando eu tinha a sua idade. A relação apresentava o título "Aprenda meu Filho..." e continha as seguintes informações:

O maior e melhor amigo: Deus.

Os melhores companheiros: os pais.

A melhor casa: o lar.

A maior felicidade: a boa consciência.

O mais belo dia: hoje.

O melhor tempo: agora.

A melhor regra para vencer: a disciplina.

O melhor negócio: o trabalho.

O melhor divertimento: o estudo.

A coleção mais rica: a das boas ações.

A estrada mais fácil para ser feliz: o caminho reto.

A maior alegria: o dever cumprido.

A maior força: o bem.

A melhor atitude: a cortesia.

O maior heroísmo: a coragem de ser bom.

A maior falta: a mentira.

A pior pobreza: a preguiça.

O pior fracasso: o desânimo.

O maior inimigo: o mal.

O melhor dos esportes: a prática do bem.

Siga esta lista de informações, sempre que você puder, e veja por si como vai indo sua orientação. E se quer um aviso de amigo velho, cada noite acrescente esta pergunta a você mesmo, depois de sua oração para o repouso:

--- "Que fiz hoje de bom que somente um amigo de Jesus conseguiria fazer?"


Xavier, Francisco Cândido. Ditado pelo Espírito Irmão X.

Sexo Transviado

Ouvirás referências descaridosas, em torno do sexo transviado; no entanto, guardarás invariável respeito para com os acusados, sejam Eles quais forem.

Muito fácil traçar caminhos no mapa. Sempre difícil trilhá-los, debaixo da tempestade, às vezes sangrando as mãos para sanar dificuldades imprevistas.

É preciso saber penetrar fundo nas necessidades do Espírito, para enxergá-las com segurança.

Aplica a bondade e a compreensão, toda vez que Alguém se levante contra Alguém, porque, em matéria de Sexo, com raras exceções, todos trazemos heranças dolorosas de existências passadas, dívidas a resgatar e problemas a resolver.

Muitos daqueles que apontam, desdenhosamente, os irmãos caídos em desequilíbrio emotivo, imaginando-se hoje anichados na Virtude, são apenas devedores em moratória, que enfrentarão, amanhã, aflitivas tentações e provações, quando soar o momento de reencontrarem os seus credores de outras eras.

Não condenarás.

Enunciando tais conceitos, não aceitamos os desvarios afetivos como sendo ocorrências naturais. Propomo-nos definí-los por doenças da Alma, junto das quais a Piedade é trazida para silenciar apreciações rigorístas.

Nas quedas de sentimento, há que considerar não somente a fraqueza, necessitada de compaixão, mas também, e muito comumente, o processo obsessivo que reclama socorro ao invés de censura. Não podemos medir a nossa capacidade de resistência, no lugar do Companheiro(a) em crise, e, por isso, é aconselhável caminhar com a Misericórdia em quaisquer situações, para que a Misericórdia não nos abandone quando a Vida nos chame ao testemunho de segurança Moral.

Se Alguém caiu em desvalimento ou desceu à loucura, em assunto do Coração, Misericórdia para Ele(a)!
Em todas as questões do Sexo transviado, usa a Misericórdia por base de qualquer recuperação. E, quando a severidade nos intime a gritar menosprezo, acalentar maledicências, estender escárnio ou receitar punições, recordemos Jesus Cristo, Aquele de nós que jamais tenha errado, em nome do Amor, seja em pensamento ou palavra, atitude ou ação, atire a primeira pedra.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Encontro Marcado. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Teu Recanto

Tema – Influência Individual



Quando se te fale de paz e felicidade no mundo, reporta-te ao serviço que a vida de confiou.

Efetivamente, não podes acionar alavancas que determinem tranqüilidade e ordem para milhões de pessoas; no entanto, é justo assegures a harmonia de teu recanto. Seja ele uma casa de vastas dimensões, um pequeno apartamento ou apenas um ângulo de quarto estreito, esse é o teu mundo pessoal que povoas mecanicamente com as tuas forças mentais consubstanciadas naquilo que sentes e sonhas. É razoável coloques nele o que possuas de melhor. A limpeza digna e os pensamentos nobres, os planos de ventura e os anseios de progresso. ai conviverás com as meditações e as páginas que te levantem o espírito aos planos mais elevados e pronunciarás as palavras escolhidas do coração para ajudar e abençoar.

Nessa faixa de espaço, recolherás as impressões menos felizes dos outros em torno da vida, de modo a reformulá-las sensatamente com o verbo otimista e edificante de que dispões, aperfeiçoando e abrilhantando as idéias e opiniões que te procurem a convivência.

Embalsamarás esse lugar pequenino com as vibrações de tuas preces, nelas envolvendo os amigos e adversários, endereçando a cada um deles a tua mensagem de entendimento e concórdia, daí saindo, de sol a sol, a fim de espalhares o melhor de ti mesmo, a benefício dos semelhantes, a começar do reto cumprimento das tuas obrigações.

Toda vez que venhas a escutar comentários alarmantes, acerca das convulsões da Terra ou dos problemas cruciantes da Humanidade, reporta-te ao teu recanto e recomeça nele, cada dia, o serviço do bem.

Todos possuímos situação particular, perante a Providência Divina, tanto quanto possuímos exato lugar à frente do Sol.

Considera a importância da tarefa em tuas mãos para o engrandecimento da vida. Tudo o que existe de grande e de belo, bom e útil, vem originalmente do Criador por intermédio de alguma criatura, em alguma parte. Examina o que sentes, pensas e fazes, no lugar em que vives.

Teu recanto – tua presença.
Onde estiveres, estás produzindo algo, diante do próximo e diante de Deus.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Encontro Marcado. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Incompreensão

Tema – Nossa Posição Diante dos Outros



Referindo-nos, comumente, à incompreensão, qual se fosse uma praga inextirpável de nossa plantação afetiva.

E deixamos que ela cresça, isolando-nos daqueles com quem fomos chamados a conviver.

Quantas vezes percorremos largos trechos da existência ao modo de viajores abandonados, alegando-a como sendo o motivo da solidão que nos suplicia! No entanto, revisarmos o íntimo da alma, aí surpreenderemos a lógica e a justiça, induzindo-nos ao reexame de todos os problemas desta natureza, ainda mesmo os mais intricados; sobretudo, se já aceitamos Jesus por Mestre, perceberemos, de imediato, o apelo da vida a que assumamos nosso lugar, no quadro das obrigações que a fraternidade nos traça ao caminho, compreendendo, por fim que se os outros não nos compreendem, permitindo que a incompreensão nos alcance, nos podemos compreende-los, iniciando a jornada de esforço para o reencontro da harmonia entre nós.

Para isso, é necessário que o nosso espírito se deixe comandar pelo amor, cabendo-nos aproveitar todas as circunstâncias para levar aos companheiros, vitimados pela tentação do desacordo, as nossas melhores demonstrações de simpatia e cooperação, embora sem violentar condições e situações.

Esqueçamos quaisquer justificativas para ressentimentos e promovamos todos os reajustes possíveis, entre nós e os outros, a fim de que a estrada se enriqueça de mais amplo serviço e de mais sólido entendimento.

Se Jesus tomasse em conta as incompreensões da Humanidade, as nações do Planeta não estariam, ainda hoje, muito longe dos princípios de violência que regem a selva.
E toda vez que a incompreensão nos ameace o trabalho, recordemos que se ele, o Mestre e Senhor nos exortou a amar os próprios inimigos, decerto espera que venhamos a amar, valorizar, abençoar e entender os nossos amigos cada vez mais.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Encontro Marcado. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Pensamento e Conduta

Tema – Vontade no Plano Mental



Nem sempre estamos habilitados a eleger o nosso ambiente mais íntimo, na experiência cotidiana.

Às vezes, somos constrangidos a suportar certos quadros de luta ou partilhar o convívio de pessoas que não nos afinam com a maneira de ser, em razão dos compromissos que trazemos de existências passadas.

Entretanto, em qualquer situação, somos livres para escolher os nossos pensamentos.

Cada inteligência emite as idéias que lhe são peculiares, a se definirem por ondas de energia viva e plasticizante, mas, se arroja de si essas forças, igualmente as recebe, pelo que influência e é influenciada.

Ainda mesmo por instantes, toda criatura, ao exteriorizar-se, seja imaginando, falando ou agindo, em movimentação positiva, é um emissor atuante na vida, e, sempre que se interioriza, meditando, observando ou obedecendo, de modo passivo, é um receptor em funcionamento.

Aqueles que se desenvolveram mentalmente, atingindo a esfera das criações sugestivas, assumem o papel de orientadores, adquirindo responsabilidades mais vastas pela facilidade com que articulam programas de rumo para os outros.

Cada qual expõe o que pensa pelo esforço que realiza: o cientista pela obra a que se consagra, o professor pelo que ensina, o escritor pelo que escreve, o comentarista pelo que fala, o artista pelo trabalho em que se revela.

Analisemos, assim, aquilo que nomeamos como sendo nosso “estado de espírito”.

Tensão, dúvida, angústia, irritação, otimismo, coragem, confiança ou alegria são frutos de nossa preferência no mercado gratuito das idéias, de vez que o fio invisível de nossas ligações com o bem ou com o mal parte essencialmente de nós.

Convençamo-nos de que a nossa mente possui muita coisa de comum com o aparelho radiofônico.
Emissões construtivas ou deprimentes, significando a carga sutil de sugestões boas ou más que aceitamos de companheiros encarnados ou desencarnados, alcançam-nos incessantemente e podem alternar-nos o modo de ser, mas não podemos olvidar que a nossa vontade é o sintonizador.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Encontro Marcado. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Teu Tijolo de Amor

Tema – Concurso Pessoal na Seara do Bem



És uma parcela do Infinito Amor, no rumo da Perfeição Infinita, e o primeiro sinal de que reconheces a excelsitude do teu destino é o esquecimento de ti mesmo, a benefício dos outros.

Por mais áspero seja o caminho, segue, pois amando e servindo.

Não enumeres sacrifícios, nem contes dificuldades.

A glória da vida é a doação permanente.

A estrela te envia luz, varando os empeços da sombra, e a raiz da planta que te estende a bênção do fruto é constrangida a morar no limo do solo, a fim de sobreviver.

Não faltes ao amor que nunca te fala.

O objetivo fundamental de nossa presença, em qualquer estância do Universo, é o serviço que possamos prestar.

Paixões e ilusões que nos conturbem as horas, e mágoas ou provas que nos calcinem os sentimentos, afiguram-se convulsões necessárias no mundo de nossa alma em transformação e burilamento.

Pairando muito além de semelhantes calamidades, permanece imperecível o bem que distribuíste, como sendo a tua riqueza eterna.

Raciocina e enternece-te.

Pensa e auxilia.

Registrarás o verbo equívoco dos que se transviam temporariamente, asseverando que o mundo pertence aos que se façam bastantes fortes na astúcia ou na opressão, que a bondade é um conceito perdido no trabalho da moderna civilização, mas seguirás adiante, compreendendo que ninguém confunde a justiça, ainda que se creia sob o manto ilusório da impunidade, e que o progresso material, sem amor que lhe garanta o equilíbrio, mais não é o que uma exibição de poder, endereçada ao campo de cinza.

Vive em tua época.

Esforça-te e realiza, alegra-te e sofre com os teus contemporâneos; todavia, de quando em quando, recolhe-te ao abrigo da consciência e escuta as antigas verdades sempre novas que te anunciam o Reino de Deus!...

Para reformulá-las, os Espíritos do Senhor se espalham presentemente no Planeta, constituindo legiões...

Eles nos ensinam – a nós, os tarefeiros encarnados e desencarnados da seara enorme – que o ódio será banido das nações, que o egoísmo desaparecerá da Terra, que a ciência instruirá a ignorância, que a compaixão converterá todos os cárceres em sanatórios e que a educação espiritual extinguirá todos os focos de delinqüência!...

Para isso, no entanto, eles te rogam o tijolo de trabalho e de amor que possas oferecer à sublime edificação.

Ama e serve sempre.

Tudo o que te aflige ou te espanta, nas conquistas da inteligência de hoje, representa ensaio da supercultura de que o mundo amanhã aproveitará o que seja melhor, e, acima de todas as legendas que gritam ainda agora por fraternidade e reivindicação, ouviremos como proclamação mais alta a palavra de Jesus, no apelo inesquecível: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Encontro Marcado. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Temperamento

Tema – Autocontrole



Somos cuidadosos, salvaguardando o clima doméstico. Dispositivos de alarme, faxinas, inseticidas, engenhos de proteção e limpeza.

No entanto, raros de nós se acautelam contra o inimigo que se nos instala no próprio ser, sob os nomes de canseira, nervosismo, angústia ou preocupação.

Asseguramos a tranqüilidade dos que nos cercam, multiplicando recursos de segurança e higiene, no plano exterior, e, simultaneamente, acumulamos nuvens de pensamentos obsessivos que terminam suscitando pesadelos dentro de casa.

Muitas vezes, desapontados de nós para conosco, à face dos estragos estabelecidos por nossa invigilância, recorremos a tranqüilizantes diversos, tentando situar a impulsividade que nos é própria no quadro das moléstias nervosas, no pressuposto de inocentar-nos.

Sem dúvidas não podemos subestimar o poder da mente sobre o campo físico em que se apóia. Se acalentarmos a irritação sistemática, é natural que os choques do espírito atrabiliário alcancem corpo sensível, descerrando brechas à enfermidade.

Nesse caso, é preciso rogar por socorro ao remédio. Ainda assim, é imperioso nos decidamos ao difícil entendimento do autodomínio.

No que concerne a temperamento, é possível receber as melhores instruções e receitas de calma; entretanto, em última análise, a providência decisiva pertence a nós mesmos.

Ninguém consegue penetrar nos redutos de nossa alma, a fim de guarnece-la com barricadas e trancas.

Queiramos ou não, somos senhores de nosso reino mental. Por muito nos achemos hoje encarcerados, do ponto de vista de superfície, nas conseqüências do passado, pelas ações infelizes em nossa estrada de ontem, somos livres, na esfera íntima, para controlar e educar o nosso modo de ser. Não nos esqueçamos de que fomos colocados, no campo da vida, com o objetivo supremo de nosso rendimento máximo para o bem comum.

Saibamos enfrentar os nossos problemas como sejam e como venham, opondo-lhes as faculdades de trabalho e de estudo que somos portadores. Nem explosão pelas tempestades magnéticas da cólera e nem fuga pela tangente do desculpismo.
Conter-nos. Governar-nos. Aqui e além, estamos chamados a conviver com os outros, mas viveremos em nós estruturando os próprios destinos, na pauta de nossa vontade, porque a vida, em nome de Deus, criou em cada um de nós um mundo por si.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Encontro Marcado. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Perante as Ofensas

Tema – Compreensão e Tolerância



Reportando-nos às ofensas que porventura nos conturbem a caminhada, recordemos os tesouros de orientação e discernimento que nos felicitam a alma.

Compete-nos a obrigação de reconhecer que nós, os espíritos encarnados e desencarnados que hoje nos devotamos ao Evangelho explicado pela Codificação Kardequiana, guardamos elucidações em torno das realizações essenciais da Vida e do Universo em grau de esclarecimento e convicção que a maioria dos profitentes de muitas das escolas religiosas da Terra estão longe de alcançar.

Conhecemos, raciocinadamente:

· a vida além da mortes;

· a responsabilidade compulsória da consciência da cada um, na lei de causa e efeito;

· intercâmbio do mundo espiritual com o mundo físico;

· a reencarnação;

· problema das provas;

· impositivo de esquecimento de todo mal;

· a necessidade constante da prática do bem;

· a mediunidade com os fatos que lhe são conseqüentes;

· princípio das afinidades com os imperativos da sintonização fluídica;

· a obsessão visível e a obsessão oculta;

· degrau evolutivo em que cada criatura se coloca;

· a diferença entre cultura do cérebro e direção do sentimento;

Por outro lado, recebemos favores constantes, como sejam:

a interpretação clara das lições de Jesus;

· consolo e a advertência de amigos domiciliados em planos superiores;

· benefício da prece espontânea sem o constrangimento de quaisquer preceitos convencionais;

· a intervenção fraternal no socorro aos Espíritos infelizes;

· a cooperação do magnetismo sublimando e múltiplas expressões de auxílio que vão da palestra doutrinária às mais elevadas demonstrações de carinho e abnegação da Espiritualidade Maior.

É razoável concluir, assim, que se nós os que sabemos tanto da verdade e recolhemos tanto amparo, ainda ofendemos a outrem sem perceber, como exibir demasiada severidade perante aqueles irmãos da Humanidade que nada recebem do muito que conhecemos e recebemos?

Reflitamos nisso e abramos o coração ao entendimento e à misericórdia, porquanto somente pelo cultivo da misericórdia e do entendimento é que encontraremos, em nós mesmos, a força do amor capaz de garantir em nós e fora de nós a construção do Reino de Deus.



Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Encontro Marcado. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Em Todos Nós

Tema – Renovação Natural em Nós Mesmos



Não podes negar que tiveste o espírito ferido, nos dias que se foram, em situações desagradáveis, das quais te ficou na memória a figura de alguém por presença difícil. Daí não se infere que devas carregar no coração o retrato desse alguém conservado em vinagre.

Importa reconhecer que renovação e entendimento são cultiváveis no solo da alma, como acontece a qualquer vegetal nobre que não prescinde da cuidadosa atenção do agricultor.

Estabelecido esse princípio, podemos iniciar o trabalho da rearmonização, imaginando que depois das situações desagradáveis, a que nos reportamos, é provável tenhamos ficado na lembrança da criatura categorizada por nós, na condição de presença difícil ainda. Desse reconhecimento, será justo partir para a supressão definitiva do mal, afinando as cordas do sentimento pelo diapasão da tolerância, a fim de que não venhamos a falhar na execução da parte que nos compete, na orquestra da fraternidade humana, de que Jesus é para nós o Dirigente Perfeito.

Nesse sentido, vale refletir na presença dela, o Senhor, em nosso campo íntimo.

De ensinamento a ensinamento e de bênção a bênção, sem percebemos o mecanismo de semelhante metamorfose, o coração se nos transforma, se lhe aceitamos, em verdade, a liderança e a tutela. Sombras de mágoas, preconceitos, ressentimentos, pontos de vista e opiniões descabidas vão cedendo lugar, na floresta de nossos pensamentos obscuros, a clareiras de luz que acabam por mostrar-nos a infantilidade e a inconveniência das nossas atitudes menos felizes, à frente do próximo.
Convençamo-nos de que o Cristo de Deus, que opera benditas renovações no templo de nossa vida interior, realiza esse mesmo trabalho no âmago dos outros. Diante, assim, de nossos adversários, sejam eles quais forem, indiscutivelmente não será razoável adotar irresponsabilidade ou bajulação para com desequilíbrio ou leviandade, sob o pretexto de se estabelecer a concórdia, mas conservemos respeito e simpatia, orando por eles e abençoando-lhes a existência, na certeza de que o Senhor está agindo no coração deles e operando em silêncio, nas entranhas de nossa alma, renovando-nos e aprimorando-nos, de modo a que hoje, aqui, amanhã, mais tarde ou mais além, venhamos a reunir-nos todos, na posição de filhos de Deus, sem tisna de separatividade ou melindre, para trabalharmos, integrados finalmente uns com os outros, na construção do Reino do Amor.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Encontro Marcado. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Diante da Rebeldia

Tema – Obediência e Rebeldia



Quanto o espírito de rebeldia se te aproxime do coração, segredando frases como estas: “não adianta fazer o bem” ou “não mereces sofrer”, aguça os ouvidos da própria alma para que possas recolher as grandes vozes inarticuladas da vida.

No alto, constelações que te habituaste a admirar, dizem-te ao pensamento: “antes que o teu raciocínio nos visse a luz, já obedecíamos ao Supremo Senhor para servir”, enquanto que a Terra te afirmará: “não és mais que um hóspede dos milhões que carrego há milênios”. Em torno de ti, a árvore falará: “esforço-me de janeiro a dezembro a fim de dar os meus frutos por alguns dias, em nome do Criador; entretanto, além disso, preciso tolerar o rigor ou a diferença das estações, aprendendo a memorizar”, e o animal te confessará: “vivo debaixo do teu arbítrio e fazes de mim o que desejas, por séculos e séculos, porque devo sofrer-te as ordens, sejam quais sejam, para que eu possa, um dia, sentir como sentes e pensar como pensas”.

Medita na tolerância maternal da Natureza que transforma o carvão em diamante, através de décadas e décadas de silêncio e traça caminhos na pedra usando a persistência da gota d’água. Contempla a peça de aço polido e reflete em que ela jamais seria o que é sem os golpes de fogo, que lhe ajustaram os elementos e, quando sacies a própria fome, dedica um instante de reconhecimento ao pão de que te serves, recordando que nunca lhe terias a bênção se a humildade não lhe caracterizasse a tarefa.

Não interpretes a disciplina por tirania e nem acuses a obediência de escravidão.

Trabalha e serve com alegria.

Oferece à paz de todos o concurso que a harmonia te pede.

Rebeldia é orgulho imponto cegueira ao coração.

Não há progresso sem esforço, vitória sem luta, aperfeiçoamento sem sacrifício, como não existe tranqüilidade sem paciência.
Reflete na Infinita Bondade que preside o Universo, a cercar-nos de amor, em todas as direções, e reconheceremos que se transformações dolorosas, no campo da existência muita vez nos transfiguram em crisálidas agoniadas de aflição, ao impacto das provações necessárias, a dor é o instrumento invisível de que Deus se utiliza para converter-nos, a pouco e pouco, em falenas de luz.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Encontro Marcado. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Deus e Nós

Tema – Nossa tarefa pessoal na Obra Divina



Indubitavelmente, Deus, nosso Pai e Criador, fará que a Terra alcance a perfeição, mas é preciso descobrir a parte do trabalho que nos compete, na condição de filhos e criaturas de Deus, no aprimoramento geral, a começar de nós e a refletir-se fora de nós.

Clareando o pensamento exposto, digamos que Deus necessita de nós outros, conquanto não nos constranja o livre-arbítrio à cooperação; e vale notar que, através das operações que nomeamos por “nossos deveres imediatos”, é possível saber a que tarefas somos conduzidos.

Detém-te, assim, de quando em quando, para considerar os encargos de que a Providência Divina te incumbiu, de modo indireto no quadro das lides cotidianas.

Deus é a Paternidade Suprema. Em razão disso, terá concedido ao teu coração um ou alguns dos teus filhos, no instituto da consangüinidade, a fim de que o ajudes a moldar-lhes o caráter, embora te vejas temporariamente, muitas vezes, em absoluto esquecimento de ti mesmo, para que a abnegação atinja a sua obra completa.

Deus é Amor. Em vista de semelhante verdade, ele te pede que ames o próximo, de tal maneira que te transfigures em mensagem viva de compreensão e socorro fraternal a cada irmão da Humanidade que te partilhe a experiência.

Deus é Misericórdia. Fácil reconhecer que ele aguarda lhe adotes as normas de tolerância construtiva, perdoando quantas vezes se fizerem necessárias o companheiro que se terá desviado da senda justa, propiciando-lhe novas oportunidades de serviço e elevação, no nível em que se coloque.

Deus é Trabalho. Imperioso aceitar as pequenas obrigações do dia-a-dia, quais sejam o trato da terra, o zelo da casa, a lição a ser administrada ou recebida, o compromisso afetivo, o dever profissional ou até mesmo a proteção a uma flor, na altura de tarefas que ele te solicita realizar com alegria, em favor da paz e da eficiência nos mecanismos da vida.

Observa em derredor de ti e reconhecerás onde, como e quando Deus te chama em silêncio a colaborar com ele, seja no desenvolvimento das boas obras, na sustentação da paciência, na intervenção caridosa em assuntos inquietantes para que o mal não interrompa a construção do bem, na palavra iluminativa ou na seara do conhecimento superior, habitualmente ameaçada pelo assalto das trevas.
Sem dúvida, em lugar algum e em tempo algum, nada conseguiremos, na essência, planejar, organizar, conduzir, instituir ou fazer sem Deus; no entanto, em atividade alguma, não nos é lícito olvidar que Deus igualmente espera por nós.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Encontro Marcado. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Coléra e Nós

Tema – Prejuízos da Irritação

Não farias explodir uma bomba dentro e casa, comprometendo a vida daqueles que mais amas. No entanto, por vezes, não vacilamos em detonar a dinamite da cólera, aniquilando as energias dos companheiros que nos trazem apoio e cooperação.

Nesse sentido, vale destacar que cada um de nós desempenha papel determinado na construção do benefício comum; e se contamos, na execução dos nossos deveres, com amigos abnegados, capazes do mais alto sacrifício em nosso favor, temos, ainda, nas linhas da existência, aqueles espíritos que se erigem à condição de nossos credores, com os quais ainda não nos quitamos, de todo, no terreno das contas pessoais, transferidas à contabilidade de hoje pelo saldo devedor de passadas reencarnações. Ocultos na invisibilidade, por efeito da diferença vibratória no estado específico da matéria sutil em que se localizam, quando desencarnados, ou mesmo revestidos na armadura de carne e osso, no plano físico, eles se instalam na sombra da antipatia sistemática ou da perseguição gratuita, experimentando-nos com persistência admirável os propósitos e testemunhos de melhoria interior.

É assim que vamos vencendo em exames diversos, opondo valores morais entesourados na alma ao assédio das provas, como sejam paciência na adversidade resistência na dor, fé nos instantes de incerteza e generosidade perante as múltiplas solicitações do caminho... Chega, porém, o dia em que somos intimados ao teste da dignidade pessoal. Seja pelo dardo do insulto ou pelo espinho da desconsideração, somos alvejados no amor-próprio, e, se não dispomos suficientemente de humildade e compaixão, eis que a altivez ferida se assemelha em nós ao estopim afogueado de que a cólera irrompe em fuzilaria de pensamentos descontrolados, arruinando-nos preciosas edificações espirituais do presente e do futuro.

Estejamos alertas contra semelhante poder fulminativo, orando e abençoado, servindo e desculpando, esquecendo o mal e restaurando o bem.

Decerto, nem sempre a doçura pode ser a marca de nosso verbo ou de nossa atitude porquanto, momentos surgem nos quais o bem geral reclama a governança da providência rija ou da frase salgada de advertência, mas, é preciso não olvidar que a cólera a nada remedeia, em tempo algum, e que, além de tudo, ela estabelece fácil ganho de causa a todos aqueles que, por força de nossa evolução deficitária, ainda se nos alinham, nas trilhas da existência, à conta de nossos inimigos e obsessores.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Encontro Marcado. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Vejamos

Meu amigo:

Quando o seu coração não se retirar do cenáculo da fé viva que o Espiritismo com Jesus nos oferece, com o pensamento elevado para as atividades de amanhã; com a boa disposição para servir com o Mestre Divino, nas variadas realizações de cada dia; com o impulso da fraternidade que lhe descortina o “lado melhor” do irmão de luta; com a força de auxiliar o próximo na solução de suas necessidades; com a bondade precisa à sementeira de luz que regenera o trabalho digno em todos os lugares onde a perturbação ainda se infiltra; com a palavra de compreensão que sabe afastar o mal e exaltar o bem; com o sentimento melhorado para tornar o seu caminho mais claro e a sua fé mais serena o no trato com os ensinamentos positivos que o mundo reserva a todos os aprendizes de Jesus, em curso mais avançado de boa vontade e bom ânimo, há qualquer ângulo menos lúcido em sua capacidade de sintonia com o Evangelho ou existe algum erro entre a sua atitude e o padrão do Mestre que fomos chamados a atender.

Ore e vigie, sirva sem reclamar e auxilie a todos.

E peçamos ao Senhor esclarecimento e socorro, porque, em cada santuário do Evangelho Redivivo, os trabalhadores de toda classe podem e devem receber a melhoria necessária ao esforço de agora para a glorificação de nossa tarefa depois.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: Doutrina De Luz. Pelo Espírito Emmanuel.

Pregação Espirita

Espíritas!

Não esqueçamos do círculo individual, por onde a nossa pregação doutrinária há de começar, eficiente e segura, se não estamos dispostos a perder o patrimônio da Divina Revelação no ruidoso vendaval do verbalismo sem obras.

Extingamos a preguiça, confiando-nos ao trabalho.

Combatamos o orgulho, simplificando a própria existência.

Guerreemos a vaidade, dobrando a própria cerviz à frente da Lei do Senhor.

Cessemos a maldade, instalando a bondade pura em nossos pensamentos e ações.

Apaguemos a mentira, afeiçoando-nos à verdade que ampara e alimenta sem vergastar ou ferir.

Anulemos o egoísmo, cultivando a abnegação.

Persigamos a intolerância, devotando-nos ao bem dos nossos adversários.

Impugnemos a separatividade, fazendo-nos mais irmãos daqueles que ainda não conseguem ler a vida pela cartilha dos nossos desejos.

Tercemos armas contra a discórdia, rendendo mais amplo culto à humildade.

Nossa Doutrina de Amor e Luz é um campo imenso aberto à renovação humana.

Em suas leiras há quem somente pesquisa e há quem se demora no trato com os próprios interesses inferiores.

Nós, porém, que recolhemos no trabalho da fé a oportunidade bendita da própria sublimação nos padrões do Divino Mestre, saibamos associar o coração e a inteligência no empreendimento da regeneração que nos é necessária, buscando, acima de tudo, em nossos templos doutrinários, a força de superação das próprias deficiências, a fim de que possamos estruturar novos caminhos, na Eternidade Vitoriosa.

Não nos esqueçamos do ponto expressivo que somos na formação da linha de vanguarda que hoje se bate na Terra pelo soerguimento do mundo.
E, atendendo à pregação viva do ideal que esposamos, através de nossos sentimentos e ideais, palavras e testemunhos, estejamos convictos de que procurando conduzir o estandarte do Espiritismo à senda de nossos semelhantes, seremos por nossa vez conduzidos por ele à conquista de nossa Imortalidade!


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: Doutrina De Luz. Pelo Espírito Emmanuel.

Na Lide Espiritual

Enquanto buscais a revelação da verdade, em nossa companhia, procuramos convosco o auxílio fraterno para fazer mais luz, no engrandecimento comum.

Não duvideis. O Espiritismo não traz apenas o adocicado conteúdo da consolação particular, nos círculos do estímulo ao bem, acentuando o socorro celeste à personalidade humana. Abre-nos infinita esfera de serviço, em cujas atividades não podemos prescindir do apoio recíproco, no crescimento da renovação.

Nos alicerces do edifício doutrinário, compreendíamos a curiosidade e o deslumbramento, acima da responsabilidade e do dever, mas agora que nos abeiramos do primeiro centenário da Codificação Kardequiana, é imperioso reconhecer a necessidade de introspecção, a fim de que não percamos de vista os sagrados objetivos que nos reúnem.

Nossas linhas de ação se interpenetram com identidade de obrigações para todos. E nós outros, os desencarnados, não desempenhamos a função de mordomos especiais ou de mensageiros privilegiados, diante de Jesus. Somos simplesmente vossos companheiros, constituindo convosco o exército pacífico de trabalhadores, convocados ao reajustamento espiritual da Humanidade.

À frente dos nossos olhos se desdobram enormes contingentes de luta benemérita, aguardando-nos a boa vontade, na difusão da nova luz.

A superstição levanta fortaleza de sombra, os dogmas cristalizam os impulsos embrionários da fé e a indiferença congela preciosas oportunidades de desenvolvimento e santificação, em toda parte.

É indispensável que nosso espírito de fraternidade se manifeste, restabelecendo a verdade através do amor e reestruturando os caminhos da fé por intermédio das obras edificantes.

Não há tarefas maiores. Todas são grandes pela essência divina que expressam.

O fio d’água que flui ignorado da vertente dum abismo regenera o deserto de vasta extensão. Um gesto humilde opera milagres de solidariedade. Uma simples palavra costuma apagar o incêndio emotivo, prestes a converter-se em conflito integral.

Há missões salvadoras que se dirigem ao mundo inteiro, ao lado de outras que se circunscrevem a uma raça ou a uma comunidade lingüística. Observamos tarefas que abrangem uma nação ou que se limitam a determinado grupo de indivíduos, num lar, numa oficina ou numa instituição.

Em todos os lugares, precisamos solucionar problemas, corrigir deficiências e restaurar as bases simples da vida. Por isso mesmo, o nosso ministério, antes de tudo, é o da renovação mental do mundo, sob a inspiração do “amai-vos uns aos outros”, segundo o padrão do Mestre que se consagrou à nossa elevação, até à Cruz.

Por enquanto, nem todos entenderão a nossa mensagem. Milhões de companheiros dormem ainda, anestesiados nos templos de pedra ou narcotizados pelos filtros da ignorância, que em todos os tempos procura concentrar sobre si as vantagens materiais do mundo inteiro, com desvairado esquecimento da própria alma.

Seremos defrontados pelas arremetidas da sombra, pelas ciladas sutis do mal, pelos grilhões do ódio, pelo venenoso visco da discórdia e pelos tóxicos da incompreensão; entretanto, o nosso programa fundamental permanece traçado na revivescência do Evangelho Redentor. Nosso esforço primordial se movimenta na renovação das causas, afim de que o campo de efeitos se modifique para o bem. Somos trabalhadores, dentro da selva compacta de nossos próprios erros, onde encontramos a soma total dos nossos enganos e compromissos de todos os séculos, lutando, retificando, sofrendo, aprendendo, burilando e aperfeiçoando, no rumo do porvir regenerado. Velhos padecentes dos choques de retorno, cabe-nos agir constantemente, à claridade purificadora da Boa-Nova, renovando a sementeira de espiritualidade no presente, construindo a glorificação do nosso próprio futuro.

Compreendemos a função do fenômeno a serviço do esclarecimento individual e coletivo, contudo, acima dele, apontamos a necessidade de mãos operosas e serenas na extensão do bem salvador.

A hora é de concretização dos nossos princípios superiores, de materialização objetiva das mensagens de fraternidade que nossa confortadora Doutrina oferece em todas as direções.

Coloquemos o plano externo na posição secundária que lhe compete, devolvendo ao espírito o justo destaque e a importância imperecível que a vida lhe outorga.

Cabe-nos gerar novas causas de sublimação na vida pública, no trabalho consuetudinário, no jardim doméstico e no templo vivo dos corações.

Colaborar com Jesus é o nosso dever essencial, plasmando o Evangelho nos pensamentos, palavras e atos da vida, em todos os recantos de nossa marcha para a frente, para que o Espiritismo não se faça mero mostruário de verbalismo fascinante; reduzi-lo a mecanismo de simples investigação ou a florilégio literário seria transformar o nosso movimento bendito de idéias e realizações edificantes num parque de assombrações técnicas, de êxtase inoperante ou de personalismo ocioso e improdutivo.

A atualidade é para nós, portanto, de serviço avançado, não só nas manifestações da inteligência, mas também nas criações do sentimento com as tarefas da educação, da assistência, da solidariedade e da compreensão, no apostolado do amor.

Na lide espiritual, desse modo, não existem prerrogativas para qualquer de nós.O único privilégio de que desfrutamos é o de trabalhar sem recompensa, de auxiliar sem distinção e aprender sempre, procurando em nosso aprimoramento próprio o aperfeiçoamento da Humanidade inteira.

Eis porque, enquanto buscais a verdade em nossas palavras, procuramos o trabalho em vossas mãos.

Em sagrado conjunto de fraternidade, somos os instrumentos do Amigo Celestial que prometeu auxiliar-nos até ao “fim dos séculos”.

Resta-nos, pois, rogar a Ele que nos ensine a atingir convicções sadias e a clarear os nossos ideais, a fim de que não estejamos tão-somente a crer e a confortar-nos, mas também a servir incessantemente na edificação do Iluminado e Eterno Reino do Amor.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: Doutrina De Luz. Pelo Espírito Emmanuel.

Vigiemos

Espíritas!

Realmente a vós outros, servidores do Senhor no Evangelho Restaurado, muito se pedirá no amanhã pelo muito que recolheis no hoje de serviço.

Cultivai o campo da verdade, orientando-vos pelo amor puro e simples.

A gleba dos corações humanos espera, sobretudo, por vosso exemplo, a fim de submeter-se ao arado do Divino Cultivador.

Não façais da responsabilidade que vos honra a existência, trilho de acesso ao personalismo estreito de quantos se confinam à dominação do próprio egoísmo e à exaltação do próprio orgulho.

Não olvideis que a cisânia é venenoso escalracho, sufocando-vos as melhores promessas, e de que os melindres pessoais são vermes devoradores, destruindo-vos a confiança e a caridade nascentes.

Usai a charrua da fraternidade e do sacrifício no amanho da Terra Espiritual que o Senhor vos confia, atentos ao desempenho dos próprios deveres, sem azedume e sem crítica, à frente daqueles que vos defrontam a marcha, de vez que o fel do escárnio e o vinagre da ironia constituem, por si, o fermento da discórdia, em cujo torvelinho de sombras todas as esperanças da Boa Nova sucumbem, esquecidas e aniquiladas.

O suor no dever retamente cumprido vacinar-nos-á contra todas as campanhas de crueldade e ridículo e a humildade com a tolerância construtiva ser-vos-á divina força, assegurando-nos o serviço e renovando-nos a fé.

Lembremo-nos do Cristo e sigamos para frente!

É indispensável esquecer o mal, amparando-lhe as vítimas, para que o mal não nos aprisione em seu visco de sombra.
E, amando e servindo, auxiliando e compreendendo, estaremos na companhia do Mestre que, ainda mesmo no martírio e na Cruz, refletia consigo a Luz Excelsa de Deus, em constante alegria e em perene ressurreição.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: Doutrina De Luz. Pelo Espírito Emmanuel.

Reverenciando Kardec

Allan de Kardec, embora não nos faltasse a crença em Jesus, vivíamos na Terra atribulados por flagelos da mente, quais os que expomos:

o combate recíproco e incessante entre os discípulos do Evangelho;

o cárcere das interpretações literais;

o espírito de seita;

a intransigência delituosa;

o obsessão sem remédio;

o anátema nas áreas da filosofia e da ciência;

o cativeiro aos rituais;

a dependência quase absoluta dos templos de pedra para as tarefas da edificação íntima;

a preocupação de hegemonia religiosa;

a tirania do medo, ante as sombrias perspectivas do além-túmulo;

o pavor da morte, por suposto fim da vida.

Depois de Kardec, porém, com a fé raciocinada nos ensinamentos de Jesus, o mundo encontra no Espiritismo Evangélico benefícios incalculáveis, como sejam:

a libertação das consciências;

a luz para o caminho espiritual;

a dignificação do serviço ao próximo;

o discernimento;

o livre acesso ao estudo da lei de causa e efeito, com a reencarnação explicando as origens do sofrimento e as desigualdades sociais;

o esclarecimento da mediunidade e a cura dos processos obsessivos;

a certeza da vida após a morte;

o intercâmbio com os entes queridos domiciliados no Além;

a seara da esperança;

o clima da verdadeira compreensão humana;

o lar da fraternidade entre todas as criaturas;

a escola do Conhecimento Superior, desvendando as trilhas da evolução e a multiplicidade das “moradas” nos domínios do Universo.

Jesus – o amor.

Kardec – o raciocínio.

Jesus – o Mestre.

Kardec – o Apóstolo.
Seguir o Cristo de Deus, com a luz que Allan Kardec acende em nossos corações, é a norma renovadora que nos fará alcançar a sublimação do próprio espírito, em louvor da Vida Maior.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: Doutrina De Luz. Pelo Espírito Emmanuel.

Propaganda Espírita

Decerto que a Doutrina Espírita é luz da Vida Maior, acenando às criaturas aprisionadas na sobra da experiência terrestre, para que despertem e vivam...

Flama de verdade eterna a desfraldar-se, vitoriosa, reconstitui o Cristianismo em sua simplicidade, exumando o Evangelho das cinzas a que foi sentenciado pela incúria da tradição e pela casuística do sacerdócio...

Por isso mesmo, todas as suas atividades puras são nobres e respeitáveis, seja na pompa fenomênica da experimentação multiforme em que o terreno das convicções sadias surge corretamente pavimentado para a segurança da fé, ou seja, em sua exposição filosófico-religiosa, em que a Justiça Divina se destaca, triunfante, alicerçada na soberania do discernimento e da lógica...

Ainda assim, é preciso considerar que toda idéia salvadora reclama arautos que lhe substancializem as lições e o Espiritismo não pode efetivamente fugir à regra.

Se foste, desse modo, chamado a servi-lo, em favor dos companheiros de Humanidade que clamam em desalento, por novas florações de fraternidade e esperança, não olvides que não te basta ao êxito nos compromissos abraçados a mera atitude intelectual dos que se convenceram quanto à imortalidade além-túmulo.

É imprescindível te faças o pregoeiro diligente das realidades redentoras que te enriquecem o modo de ser, motivo pelo qual apenas a tua própria renovação para o bem será mensagem convincente para quantos te observam a vida.
Versarás brilhantemente, os temas da Eternidade, discutirás com fervor, induzindo o próximo à modificação de pontos de vista, contemplarás, deslumbrado, as mais sublimes doações do Céu à Terra e guardarás contigo abençoadas certezas do espírito no rumo do amanhã que se te descerra divino, entretanto, só o teu próprio exemplo, ao clarão dos princípios que esposas, valorizará com segurança os recursos de que disponhas no campo de tua fé, porquanto somente a Luz na própria vida é linguagem suficientemente clara e exata para conduzir aos outros a Luz que o Senhor, através de nós, se propõe, generoso a cultivar e estender.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: Doutrina De Luz. Pelo Espírito Emmanuel.

Espiritismo e Liberdade

É indispensável que o Espiritismo, na função de Consolador Prometido pelo Cristo de Deus, veio aos homens, sobretudo, para liberá-los da treva de espírito.

Que emancipação, porém, será essa?

Surpreenderíamos, acaso, a Nova Revelação procedendo à maneira de um louco que dinamitasse um cais antigo, à frente do mar, sem edificar, antes, um cais novo que o substituísse?

Claro que os princípios espíritas acatam os diques de natureza moral construídos pelas tradições nobres do mundo, destinados à segurança da alma, conquanto lhes observe a vulnerabilidade do fundo, vulnerabilidade essa sempre suscetível de favorecer os mais fortes contra os mais fracos e de apoiar os astutos em prejuízo dos simples de coração; embora isso, levantam barreiras de proteção muito mais sólidas, a benefício das criaturas, porquanto nos esculpem no próprio ser a responsabilidade de sentir e pensar, falar e agir, diante da vida.

Ninguém se iluda quanto à independência instalada pela Doutrina Espírita, nos recessos de cada um de nós, sempre que nos creiamos no falso direito de praticar inconveniências em regime de impunidade.

Muito mais que os preconceitos e tabus, instituídos pelos homens, como frágeis recursos de preservação dos valores espirituais na Terra, o Espiritismo Cristão nos entrega dispositivos muito mais seguros e sensatos, na garantia da própria defesa, de vez que não nos acena com céus ou infernos exteriores, mas, ao revés disso, nos faz reconhecer que o céu ou o inferno são criações nossas funcionando indiscutivelmente em nós mesmos.
Enfim, para não nos alongarmos em teorização excessiva, observemos tão-somente que o espírita é livre, não para realizar indiscriminadamente tudo quanto deseje, e sim para fazer aquilo que deve.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: Doutrina De Luz. Pelo Espírito Emmanuel.

Obstáculos

Quem admitisse no Espiritismo uma doutrina de acomodação com o menor esforço, na qual as inteligências desencarnadas devessem andar cativas aos caprichos dos homens, decerto vaguearia, irresponsável, à distância da Lei.

Descerrando o intercâmbio entre os dois mundos, a nossa fé não vem pulverizar os óbices do caminho que para todos nós funciona à conta de estímulo e advertência, amparo e lição.

Achamo-nos todos, encarnados e desencarnados, na sublime escola da vida.

Cada criatura estagia na experiência que abraçou ou na luta que preferiu.

Não seria lógico subtrair o remédio ao doente, o serviço ao trabalhador e o ensinamento ao aprendiz.

Somos prisioneiros de nossas próprias culpas, não burlaremos a justiça.

Todavia, pela nossa conduta no trilho espinhoso da regeneração, podemos conquistar amplo socorro da confiança divina.

Eis, porque, antes de pedir, devemos merecer, para que nossos apelos não se apaguem no clamor do petitório vazio e inútil.

Para rogar proteção é preciso também proteger.

Somos elos da imensa corrente da evolução que em se perdendo no abismo insondável das origens repousa, com segurança, nas mãos misericordiosas e justas de Deus.

Desse modo, suplicando auxílio aos Benfeitores que nos auxiliam, não nos esqueçamos de que é necessário auxiliar aos irmãos menos felizes que gravitam em torno de nossos passos.

Os obstáculos são bênçãos em que podemos receber e dar, conforme a nossa atitude perante a vida.

Recolhendo sem revolta as pedras do caminho e oferecendo ao espinheiro as flores de nossa fé, atraímos o concurso do Céu e inspiramos a paz e o perdão, a bondade e a renúncia àqueles que nos partilham as dificuldades e o sonho de cada dia.

Cada um de nós permanece, portanto, entre os instrutores do monte da luz e os necessitados do vale das trevas, com a possibilidade de amealhar as bênçãos do Alto e com a obrigação de distribuí-las.
Em razão disso, no estudo da assistência salvadora que nos é administrada, não nos esqueçamos de que outros irmãos, em problemas e lutas mais aflitivas que as nossas, estão esperando por nossa fraternidade e por nosso auxílio que somente ao preço de humildade e de amor conseguiremos distender.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: Doutrina De Luz. Pelo Espírito Emmanuel.

Jesus em Ação

Irmãos surgem que, de vez em vez, se afirmam contra a beneficência, alegando que enquanto nos consagramos ao socorro material esquecemos os nossos deveres na iluminação do espírito. E enfileiram justificativas às quais a Doutrina Espírita, revivendo os ensinamentos de Jesus, opõe naturais contraditas.

Senão vejamos:

A Assistência social, no fundo, deve pertencer ao poder público.

Indiscutivelmente, ninguém nega isso, mas se estamos na praia, vendo companheiros que se afogam, como recusar cooperação ao serviço de salvamento, quando estamos aptos a nadar?

Não adianta dar migalhas aos irmãos em penúria, cujas necessidades são gigantescas.

Consideremos, porém, que se não começarmos as boas obras, com o pouco de nossas possibilidades reduzidas, nunca aprenderemos a desligar-nos do muito para colaborar a benefício dos outros.

Desaconselhável auxiliar criaturas viciadas com o que apenas conseguiríamos conservá-las em perturbação e desequilíbrio.

Quem de nós poderá medir a própria resistência, ante as provações do caminho e de que modo apreciaríamos a conduta do próximo para conosco, se fôssemos nós os caídos em tentação?

Muitos dos chamados pedintes mostram mais necessidade de trabalho que de auxílio.

Claramente justa a alegação, mas muito raramente quem diz isso demonstra a disposição ou a possibilidade de ser o empregador.

Devemos cogitar exclusivamente do ensino moral, de maneira a cumprir as tarefas de orientação que o Espiritismo nos preceitua.

Sem dúvida, é obrigação nossa colaborar, acima de tudo, a obra educativa do espírito eterno, mas é importante lembrar que o próprio Cristo se empenhou a alimentar a multidão faminta, ao ministrar-lhe as Boas Novas de Salvação, de vez que não há cabeça tranqüila sobre estômago atormentado.

Compreendemos isso e, quanto nos seja possível, entreguemo-nos à escola do amparo fraterno, com todas as nossas forças, reconhecendo que estamos cada vez mais necessitados de caridade, em todos os sentidos, de uns para com os outros, a fim de revelarmos que o Espiritismo é realmente Jesus em ação.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: Doutrina De Luz. Pelo Espírito Emmanuel.

Evangelho em Ação

Meus amigos, muita paz.

Nunca é demais salientar a missão evangélica do Brasil, na sementeira do espiritualismo moderno.

Em outros setores da evolução planetária, eleva-se a inteligência aos cumes da prosperidade material, determinando realizações científicas e perquirições filosóficas de vasto alcance, comprometendo, porém, a obra do sentimento santificante.

Em esferas outras, assinalamos a investigação de segredos cósmicos, na qual se transforma o homem no gênio destruidor da própria grandeza, alinhando canhões na retaguarda de compêndios valiosos e de comovedoras teorias salvacionistas, em todos os ângulos da política e da economia dirigidas.

No Brasil, contudo, ergue-se espiritualmente o ciclópico e sublime santuário do Cristianismo Redivivo.

Aqui a Doutrina Consoladora dos Espíritos perde as exterioridades fenomênicas para que o homem desperte à luz da Vida Eterna.

Aqui, o Evangelho em movimento extingue a curiosidade ociosa e destrutiva que se erige em monstro devorador do tempo, descortinando o campo de serviço pela fraternidade humana, sob o patrocínio do Divino Mestre.

É por isto que ao espiritista brasileiro muito se pede, esperando-lhe a decisiva atuação no trabalho restaurador do mundo, porquanto na pátria abençoada do Cruzeiro a amplitude da terra se alia à sublimidade da revelação.

É necessário que em seus dadivosos celeiros de pão e amor se modifiquem as atitudes do crente renovado em Nosso Senhor Jesus, a fim de que o pensamento das Esferas Superiores se expanda livre e puro, nos círculos da inteligência encarnada, concretizando a celeste mensagem de que os novos discípulos são naturalmente portadores.

Não basta, portanto, apreender o contingente de consolações do edifício doutrinário ou receber a hóstia do conforto pessoal no templo sagrado que o Espiritismo Evangélico representa para quantos lhe batam às portas acolhedoras.

É imprescindível consagrar nossas melhores energias à extensão da fé vivificante que nos refunde e aperfeiçoa, à frente do futuro.

Semelhante edificação, todavia, não se expressará senão por intermédio de nosso próprio devotamento à causa da libertação humana, transformando-nos pelo esforço e pelo estudo, pelo trabalho e pela iluminação íntima, em hífens de amor cristão, habilitados à posição de instrumentos do Plano Superior.

O Espiritismo brasileiro congrega extensa caravana de servidores da renovação cultural e sentimental do mundo e complexas responsabilidades lhe revestem a ação com o Cristo.

Estendamos, assim, o serviço evangélico na intimidade da filosofia espiritualista, insculpindo em nós, antes de tudo, os princípios da doutrina viva e redentora de que nos constituímos pregoeiros.

Não cristalizemos, sobretudo, a tarefa que nos cabe à frente das exigências da Terra, refugiando-nos na expectativa inoperante, porque a ruína das religiões sectaristas provém da ociosidade mental em que se mergulham os aprendizes, aguardando favores milagrosos e gratuitos do Céu, com prejuízo flagrante da religião do dever bem cumprido na solidariedade humana, da qual depende a execução de qualquer sistema salvacionista das criaturas.

Acordemos, desse modo, as nossas forças profundas, colaborando no nível real de nossas possibilidades dentro da tarefa que nos cabe realizar, individualmente, no imenso concerto de regeneração da vida coletiva.

Enquanto houver um gemido na paisagem em que nos movimentamos, não será lícito cogitar de felicidade isolada para nós mesmos.

Companheiros existem suspirando por um paraíso fácil, em que sejam asilados sem obrigações, à maneira de trabalhadores preguiçosos e exigentes que centralizam a mente nas noções do direito sem qualquer preocupação quanto aos imperativos do dever.

Esses, em geral, são aqueles que cuidam de conservar alva rotulagem, na planície das convenções terrenas, muita vez à custa do sofrimento e da dilaceração de almas inúmeras que lhes servem de degraus, na escalada às vantagens de ordem material e perecível, para despertarem, depois, infortunados e desiludidos, nos braços da realidade amargurosa que a morte descerra, invariável.

Nós outros, no entanto, não ignoramos que a Nova Revelação nos infunde energias renovadas ao coração e à consciência, com os impositivos de trabalho e responsabilidade no ministério árduo do aperfeiçoamento e sabemos, agora, que o homem é o decretador de suas próprias dores e dispensador das bênçãos que o cercam, de vez que a Lei de Justiça e Equilíbrio expressa em cada um de nós o resultado de nossa sementeira através do tempo.

É indispensável a nossa conversão substancial e efetiva ao Espírito do Senhor, materializando-lhe os ensinos e acatando-lhe os desígnios, onde estivermos, para que, na condição de servidores de um país extremamente favorecido, possamos conduzir o estandarte da reabilitação espiritual do mundo que se perde, rico de glórias perecíveis e mendigo de luz e de amor.

Esperando que a paz do Mestre permaneça impressa em nossas vidas, que devem traduzir mensagens cristalinas e edificantes de seu Evangelho Salvador, terminamos, invocando-vos a cooperação em favor do mundo melhor.

- Entrelacemos corações em torno da Boa-Nova que nos deve presidir às experiências na atividade comum! Enquanto os discípulos distraídos se digladiam, desprezando, insensatos, a bênção das horas, ouçamos a voz do Senhor que nos compele à disciplina no serviço do bem, revelando-se, glorioso e dominante, em seus sacrifícios da cruz, aprendendo, finalmente, em companhia d’Ele que só o Amor é bastante forte para defender a vida que só o Perdão vence o ódio, que somente a Fé renasce de todas as cinzas das ilusões mortas e que somente o Sacrifício Individual, em Seu Nome, é o caminho da ressurreição a que fomos chamados.

Unamo-nos, desse modo, não apenas em necessidades e dores para rogar o sustento e o socorro da Misericórdia Divina, mas estejamos integrados na fraternidade legítima, a fim de que não estejamos recebendo em vão as graças do Céu, convertendo nossas vidas em abençoadas colunas do templo Espiritual de Jesus na Terra, portadores devotados de sua paz, de sua luz, de sua confiança e de seu amor.
Realizem outros as longas incursões do raciocínio, através da investigação intelectual, respeitável e digna, no enriquecimento do cérebro do mundo. E aproveitando-lhes o esforço laborioso, no que possuem de venerável e santo, não nos esqueçamos do Evangelho vivo, em ação.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: Doutrina De Luz. Pelo Espírito Emmanuel.

Em Ação Espírita

A Doutrina Espírita, patrocinando-nos melhoria e aprimoramento, convida-nos a todos, na ordem espiritual de nossas atividades, à realização de serviços indispensáveis ao socorro de nós mesmo, tais quais sejam:

Procurar tanto a paz, na seara da fraternidade e da luz, que não encontremos quaisquer meios de cultiva a perturbação e a discórdia.

Selecionar tanto as palavras de encorajamento e otimismo, auxílio e esperança, que não achemos em nosso dicionário pessoal aquelas outras que se fazem capazes de conturbar ou ferir.

Estimar tanto as oportunidades de auxiliar alguém, que não venhamos a interpretar esse ou aquele encontro por obra do acaso, e sim por bendito ensejo que a Direção da Vida nos faculta, a fim de colaborarmos na felicidade dos semelhantes.

Resguardar tanto a confiança na Divina Providência que não vejamos em nossas dificuldades senão bênçãos, através das quais ser-nos-á possível demonstrar a própria fé.

Compreender tanto a importância do estudo e do trabalho que não disputemos essa ou aquela hora de repouso, senão por terapêutica de reajuste ou refazimento.

Respeitar tanto a liberdade dos outros que nunca nos lembremos de lhes impor os nossos pontos de vista, em circunstância alguma.

Anotar tanto os graus diferentes de evolução e de experiência dos nossos irmãos na jornada terrestre, que jamais nos recordemos de lhes exigir o mínimo tributo de carinho ou de gratidão por serviço que, porventura, lhes tenhamos prestado.

Admitir tanto a necessidade do bem, para que se garanta a felicidade geral, que não tenhamos o menor interesse em pensar ou falar isso ou aquilo que favoreça a extensão do mal.

Crer tanto no imperativo do próprio aperfeiçoamento que não disponhamos de ocasião par ver as faltas ou defeitos do próximo.

Preservar tanto a tranqüilidade de consciência que não hesitemos em repelir a obtenção de vantagens ou a realização de caprichos capazes de arremessar-nos em remorso ou inutilidade, desânimo ou obsessão.

Permaneçamos convencidos de que os planos do Reino de Deus procedem dos Céus, mas, a construção do Reino de Deus é serviço que se realiza na Terra mesmo, começando na vida e na área de cada um.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: Doutrina De Luz. Pelo Espírito Emmanuel.

Sejamos Ricos em Jesus

Quem julga pelas aparências, quase sempre esbarra na areia móvel das transformações repentinas a lhe solaparem o edifício das errôneas conclusões.

Existem criaturas altamente tituladas nas convenções do mundo, que trazem consigo uma fonte viva de humildade no coração, enquanto que há mendigos, de rosto desfigurado, que carreiam no íntimo a névoa espessa do orgulho a empanar-lhes o entendimento.

Há ricos que são maravilhosamente pobres de avareza e encontramos pobres lamentavelmente ricos de sovinice.

Somos defrontados, em toda a parte, por grandes almas que se fazem humildes, a serviço do Senhor, na pessoa do próximo e, freqüentemente, surpreendemos espíritos rasteiros envergando túnicas de vaidade e dominação.

Jesus, louvando os ‘pobres de espírito’, não tecia encômios à ignorância, à incultura, à insipiência ou à nulidade, e sim exaltava os corações simples que descobrem na vida, em qualquer ângulo da existência, um tesouro de bênçãos, com o qual é possível o enriquecimento efetivo da alma para as alegrias da elevação.

“Pobres de espírito”, na plataforma evangélica, significa tão-somente “pobres de fatuidade, de pretensos destaques intelectuais, de supostos cabedais da inteligência”. É necessário nos acautelemos contra a interpretação exagerada do texto, em suas expressões literais, para penetrarmos o verdadeiro sentido da lição.

A pobreza e a pequenez não existem na obra divina.

Constituem apenas posições transitórias criadas por nós mesmos, na jornada evolutiva em que aprenderemos, pouco a pouco, sob o patrocínio da luta e da experiência, que tudo é grande no Universo de Deus.

Todos os seres, todas as tarefas e todas as cousas são peças preciosas na estruturação da vida.

Onde estiveres faze-te espontâneo para recolher a luz da compreensão.

Alijemos os farrapos dourados da ilusão, que nos obscurecem a alma, estabelecendo a necessária receptividade no coração, e entenderemos que todos somos infinitamente ricos de oportunidades de trabalhar e servir, de aprender e aperfeiçoar, infatigavelmente.

O ouro será, muitas vezes, difícil provação e os cimos sociais na Terra, quase sempre, são amargos purgatórios para a alma sensível, tanto quanto a carência de recursos materiais é bendita escola de sofrimento, mas a simplicidade e o amor fraterno, brilhando, por dentro de nosso espírito, em qualquer situação no caminho da vida, são invariavelmente o nosso manancial de alegrias sem fim.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Dinheiro. Pelo Espírito Emmanuel.

Penúria e Riqueza

Penúria e riqueza, na essência, não constam dos elementos que possuímos, mas do sentimento que nos possui.

A grandeza das concessões de Deus pontilha a rota do homem desde a hora primeira em que se lhe estrutura o berço no campo humano.

Tudo se conta, em derredor de seus passos, pelo diapasão da previdência constante.

Ante a melodia silenciosa da renúncia materna, todas as circunstâncias se conjugam favoráveis à criatura para que se desenvolva e ocupe o lugar que a Misericórdia Divina lhe marcou.

O lar e o sol, a escola e o conhecimento, o trabalho e a amizade enriquecem-lhe todos os marcos, em demanda à tarefa que lhe compete cumprir.

Entretanto, muitas vezes, pela vocação da sovinice impenitente, recolhe o ouro do mundo para erigir com ele o túmulo suntuoso em que se lhe sepulta a esperança e recebe a benção do amor para transformá-la na algema que o encarcera, por vezes, no purgatório do sofrimento.

Reter para si somente os bens que a vida espalha é gerar os males reais que nos sitiam a senda e valer-se dos males aparentes da jornada terrestre convertendo-os em valores de entendimento e de aprendizado é criar em si próprio o bem justo que se fará o bem de todos.

Não nos fixemos na reprovação contra os irmãos aprisionados nos enganos da fortuna passageira e sim auxiliemo-los, sem exigência, a compreender a importância do dinheiro e do tempo para a execução das boas obras.

Eleva a própria alma ao trabalho constante suscetível de gerar os patrimônios mais elevados da vida e estudando e aprendendo, auxiliando e amando, na abastança ou na carência de recursos materiais, terás o coração a fulgir no caminho, por brilhar em ti mesmo qual estrela da bênção.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Dinheiro. Pelo Espírito Emmanuel.

O Talento de Todos

Na abastança ou na carência, na direção ou na subalternidade, não menosprezes agir e servir, porque o trabalho, nas concessões do espaço e do tempo, é o talento comum a todos, pelo uso do qual o espírito se engrandece, no rumo das Esferas Superiores a que se destina.

Por ele, as forças mais simples da natureza se movimentam na senda evolutiva, escalando os degraus do progresso para a subida aos cimos da experiência.

Com ele, o verme se agita e fecunda o seio da terra.

Através dele, esforça-se a semente e transforma-se na planta útil, a erigir-se em abençoada garantia do pão.

Aproveitando-o, a abelha se faz operária laboriosa, fabricando a excelência do mel.

Atendendo-lhe a inspiração, o manancial se desloca e, crescendo em possibilidades sempre mais vastas, converte-se no grande rio que apóia a civilização em torno do próprio sulco.

Tudo na paisagem que nos cerca é a exaltação desse talento realmente divino.

É por isso que dinheiro e saúde, cultura e inteligência, tanto quanto os números recursos que rodeiam o homem na Terra, subordinam-se ao trabalho, a fim de se agigantarem na produção e na multiplicação dos benefícios que lhes dizem respeito.

Não te deixes vencer pelas considerações negativas da tristeza, da revolta, do pessimismo ou da indisciplina, que estão sempre condicionando a ação que lhes é própria à exigência de remuneração.

Responde ao Senhor que te serve por intermédio do trabalho incessante da natureza com o trabalho infatigável de teu pensamento e de teus braços, de teu cérebro e de teu coração, para que te eleves à comunhão com o Amor Infinito.

Sem trabalho, a fé se resume à adoração sem proveito, a esperança não passa de flor incapaz de frutescência e a própria caridade se circunscreve a um jogo de palavras brilhantes, em torno do qual, os nus e os famintos, os necessitados e os enfermos costumam parecer, pronunciando maldições.

Trabalhe e viva.

Não admitas que a fortuna do tempo, emprestada a todos pela Bondade de Deus se dissipe em tuas mãos congelada no ideal inoperante.

Realmente, muitos desastres nos perseguem o caminho das experiências necessárias, em forma de falhas e fraquezas de nossas almas, à frente das Leis de Deus, mas de todos eles, o maior de todos é a preguiça, porque a preguiça é a protetora da ignorância e da penúria e, através da penúria e da ignorância, poderemos descer aos mais estranhos desequilíbrios do mal.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Dinheiro. Pelo Espírito Emmanuel.

Observemos

Não te detenhas no poder aquisitivo do ouro terrestre para fazer o bem.

Anota a riqueza dos teus conhecimentos e não menosprezes o companheiro ainda enleado no espinheiro da ignorância.

Considera o tesouro da fé que te enriquece o entendimento e aprende a desculpar o irmão em dificuldade que talvez se encontre no precipício da negação.

Medite sobre a luz que te brilha na compreensão e não reproves o infeliz que ainda tateia nas trevas.

Analisa o patrimônio de amor que te vivifica a existência e auxilia as vítimas do ódio que não souberam edificar para si mesmas senão o reduto do sofrimento.

Examina tuas conquistas de segurança pessoal e não passes de largo, à frente dos caídos em desânimo ou desesperação.

Relaciona os valores da saúde que te consolidam o relativo equilíbrio na Terra e não perca a serenidade e a paciência com os enfermos que te reclamam devotamento e carinho.

Mentaliza a riqueza de tuas horas, de tuas palavras, de teus movimentos livres.

Reflete no acervo de bênçãos amontoadas em teus olhos que vêm, em teus ouvidos que ouvem, em teus pés que andam e em tuas mãos que trabalham.

Quem será mais rico de verdadeira felicidade, o homem que agoniza sobre um monte de ouro ou aquele que pode respirar os perfumes do vale, entre a paz do trabalho e a misericórdia da luz?

Não admitas que a caridade seja tarefa exclusiva dos que acumularam o dinheiro do mundo. Ao invés disso, compadece-te do irmão que se faz sovina, aferrolhando o próprio coração, entre as duras paredes de um cofre forte.

Recordemos o Divino Doador de Vida Imperecível.

Cristo, sem monumentalizar o amor em obras de metal ou de pedra, com um simples berço de palha e com uma cruz de sacrifício a lhe emoldurarem o ministério de fraternidade, espalhou a beleza e a paz, o otimismo e a compreensão em todos os escaninhos do mundo, a benefício de todas as gerações.

Em matéria de auxiliar, dividamos a nossa própria alma, na prestação do serviço infatigável da boa vontade para com todos.

E, com semelhante investimento, estejamos convencidos de que toda a penúria do nosso passado não nos subtrairá o tesouro de bênçãos que acumularemos, nos altos caminhos da vida, a brilhar perenemente em nosso grande futuro.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Dinheiro. Pelo Espírito Emmanuel.