domingo, 28 de março de 2010

Acalma-te

Seja qual for a perturbação reinante, acalma-te e espera, fazendo o melhor que possas.

Lembra-te de que o Senhor Supremo pede serenidade para exprimir-se com segurança.

A terra que te sustenta o lar é uma faixa de forças tranqüilas.

O fruto que te nutre representa um ano inteiro de trabalho silencioso da árvore generosa.

Cada dia que se levanta é convite de Deus para que lhe atendamos à Obra Divina, em nosso próprio favor.

Se te exasperas, não Lhe assimilas o plano.

Se te afeiçoas à gritaria, não Lhe percebes a voz.

Conserva-te, pois, confiante, embora a preço de sacrifício.

Decerto, encontrarás ainda hoje, corações envenenados que destilam irritação e desgosto, medo e fel.

Ainda mesmo que te firam e apedrejem, aquieta-te e abençoa-os com a tua paz.

Os desesperados tornarão à harmonia, os doentes voltarão à saúde, os loucos serão curados, os ingratos despertarão...

É da Lei do Senhor que a luz domine a treva, sem ruído, sem violência.

Recorda-te que toda dor, como toda nuvem, forma-se, ensombra-se e passa...

Se outros gritam e oprimem, espancam e amaldiçoam, acalma-te e espera..
Não olvides a palavra do Mestre quando nos afirmou que a Deus tudo é possível, e, garantindo o teu próprio descanso, refugia-te em Deus.


Xavier, Francisco Cândido. Do livro: “Palavras de Vida Eterna”. Ditado pelo Espírito Emmanuel

Oração no Ano Novo

Senhor Jesus!

Ante as promessas do ano que se inicia, não nos permitas que esqueçamos aqueles com aqueles com quem nos honraste o caminho iluminativo:

as mães solteiras, desesperadas, a quem prometemos o pão do entendimento;

as crianças delinqüentes que nos buscaram com a mente em desalinho;

os calcetas que, vencidos em si mesmos, nos feriram e retornaram às nossas portas;

os enfermos solitários, que nos fitaram, confiantes em nosso auxílio;

os esfaimados e desnudos que chegaram até nossas parcas provisões;

os mutilados e tristes, ignorantes e analfabetos, que nos visitaram, recordando-nos de Ti...

Sabemos, Senhor, o pouco valor que temos, identificamo-nos com o que possuímos intimamente, mas, contigo, tudo podemos e fazemos. Auda-nos a manter o compromisso de amar-Te, amando neles toda a família universal em cujos braços renascemos.

* * *

"Seja o que for que peçais na prece, crede que obtereis e concedidos vos será o que pedirdes".
Marcos: 11-24.

"Pela prece, obtém o homem o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções e a lhe inspirar idéias sãs".
Evangelho Segundo O Espiritismo - Cap. XXVII - Item 11.


Franco, Divaldo Pereira. Da Obra: “ Espírito e Vida”. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis

Projeto para o Ano Novo

Um novo calendário se avizinha,
Portador de mil surpresas, e a folhinha
Olha-me da parede e me segreda
Que poderei ser feliz por meus atos,
Que vencerei pendências de mil fatos,
Se eu não tiver um coração de pedra.

Olho a folhinha ali, vejo Janeiro.
É nesse mês que encontro o meu primeiro
Ensejo de iniciar a caminhada,
De modo feliz, com mais segurança,
Irmão de todos, vivendo a bonança
Que me forre de luz a extensa estrada.

Logo, vêm Fevereiro, Março e Abril,
E o ano segue célere e sutil,
Propiciando-me renovar valores.
Maio chegou e Junho logo vem,
E sigo sem ter mágoa de ninguém,
Forjando sentimentos redentores.

Rápido, vão semanas, vem o mês...
Sinto preocupação, por minha vez,
Porque Julho se acerca e, após, Agosto.
Há tanto por fazer e o ano corre,
E o tempo sem trabalho enquista e morre,
Razão p’ra manter-nos em nosso posto.

Setembro é o mês da floral Primavera,
Que o coração sensível sempre espera,
Neste hemisfério do planeta Terra.
Quem dera se a alma humana verdejasse,
E de aromas e cores se equipasse,
Junto aos projetos da paz contra a guerra!

Outubro chega, e novembro se acerca.
Demais cansada, a humanidade verga.
E pensando, ante o fim de mais um ano,
Corre mais, sempre se justificando,
Culpando o tempo que vai se encurtando,
Nas tramas do nosso mundo profano.

E desponta dezembro, e em agonia,
Enquanto a alma se enreda, dia a dia,
A preparar-se para outro “ano novo”.
Todo um ano passou, e, indiferente,
Muita gente não pensou nessa gente
Que se esfola, a quem se chama de povo.

Como vemos, não é o calendário
O fator principal ou necessário
Para que vivamos felicidade.
Cada qual faz dos seus dias terrenos
Dias ácidos ou dias amenos,
Logrando construir sua realidade.

Sê maduro nos projetos que faças
Para o ano que chega, porque passas
Todo tempo a forjar o teu futuro.
Faze o bem, vive a vida com nobreza,
Estudando para ter a certeza
Que te conduza a Deus, grande e seguro.

É a quantidade dos teus compromissos,
Distribuídos por entre mil serviços,
Que te dá a sensação que o tempo voa.
Equilibra teu corre-corre, agora,
Quando sabes que tudo fica, embora
Haja gente demais vivendo à toa.

Inicia o ano novo junto ao Pai,
Vibra amor nos roteiros aonde vai
Cada passo da tua encarnação.
Não te agastes se o tempo corre ou pára,
O importante é ter a virtude rara
De amar muito e ter Deus no coração.

Sê feliz nos projetos que organizas,
Vive em paz nas estradas onde pisas
A espalhar fraternidade em redor.
Cada mês é singela convenção
Que nos traz dores e satisfação,
Na luta ingente p’ra um mundo melhor.


Teixeira, Raul. Ditado pelo Espírito Ivan de Albuquerque.

Coragem para Mudar

Muitos dos conflitos que afligem o ser humano decorrem dos padrões de comportamento que ele próprio adota em sua jornada terrestre.

É comum que se copiem modelos do mundo, que entusiasmam por pouco tempo, sem que se analisem as conseqüências que esses modos comportamentais podem acarretar.

Não se tem dado a devida importância ao crescimento e ao progresso individual dos seres.

Alguns crêem que os próprios equívocos são menores do que os erros dos outros.

Outros supõem que, embora o tempo passe para todos, não passará do mesmo modo para eles.

Iludem-se no sentido de que a severidade das leis da consciência atingirá somente os outros.

Embriagados pelo orgulho e pelo egoísmo deixam-se levar pelos desvarios da multidão sem refletir a respeito do que é necessário realmente buscar-se.

É chegado o momento em que nós, espíritos em estágio de progresso na Terra, devemos procurar superar, de forma verdadeira, o disfarçado egoísmo, em busca da inadiável renovação.

Provocados pela perversidade que campeia, ajamos em silêncio, por meio da oração que nos resguarda a tranqüilidade.

Gastemos nossas energias excedentes na atividade fraternal e voltada à verdadeira caridade.

Cultivemos a paciência e aguardemos a benção do tempo que tudo vence.

Prossigamos no compromisso abraçado, sem desânimo, sem vãs ilusões, confiando sempre no valor do bem.

É muito fácil desistir do esforço nobre, comprazer-se por um momento, tornar-se igual aos demais, nas suas manifestações inferiores.

Todavia, os estímulos e gozos de hoje, no campo das paixões desgovernadas, caracterizam-se pelo sabor dos temperos que se convertem em ácido e fel, passados os primeiros momentos.

Aprendamos a controlar nossas más inclinações e lograremos vencer se perseverarmos no bom combate.

Convertamos sombras em luz.

Modifiquemos hábitos danosos, em qualquer área da existência, começando por aqueles que pareçam mais fáceis de serem derrotados.

Sempre que surgir a oportunidade, façamos o bem, por mais insignificante que nosso ato possa parecer.

Geremos o momento útil e aproveitemo-lo.

Não nos cabe aguardar pelas realizações grandiosas, e tampouco podemos esperar glorificação pelos nossos acertos.

O maior reconhecimento que se pode ter por fazer o que é certo é a consciência tranqüila.

Toda ascensão exige esforço, adaptação e sacrifício, enquanto toda queda resulta em prejuízo, desencanto e recomeço.

Trabalhemos nossa própria intimidade, vencendo limites e obstáculos impostos, muitas vezes, por nó mesmos.

Valorizemos nossas conquistas, sem nos deixarmos embevecer e iludir por essas vitórias.

Há muitas paisagens, ainda, a percorrer e muitos caminhos a trilhar.

Somente a reforma íntima nos concederá a paz e a felicidade que almejamos.

A mudança para melhor é urgente, mas compete a cada um de nós, corajosa e individualmente, decidir a partir de quando e como ela se dará.


Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Vigilância. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

Destinação

Torpitude larval, de monera a monera,
Impulso a impulso, passo a passo, clima em clima,
Do lodo ao céu, da treva ao sol, de baixo acima,
Homem, de longe vens!... Detém-te, escuta, espera!...

A fé restaura, o bem renova, a dor sublima.
Trabalha, sofre, aprende, ampara, persevera
Na construção do amor, por mais rija e severa,
Inda que a ingratidão te furte a humana estima!...

Da cruz que te escraviza entre abismos medonhos,
Tecerás, vida em vida, as asas de teus sonhos,
Gemas, no entanto, agora, em lágrimas submerso.

Hoje, viajor da sombra a caminhar de rastros,
Amanhã, rei da luz no domínio dos astros,
Partilhando com Deus o Trono do Universo!


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Poetas Redivivos. Ditado pelo Espírito Maciel Monteiro.

Hegemonia de Jesus

"Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos
digo que, antes que Abraão existisse, eu sou."
– (João, 8:58.)

É possível localizar o Cristo na História, à maneira de qualquer personalidade humana.

A divina revelação de que foi Emissário Excelso e o harmonioso conjunto de seus exemplos e ensinos falam mais alto que a mensagem instável dos mais elevados filósofos que visitaram o mundo.

Antes de Abraão, ou precedendo os grandes vultos da sabedoria e do amor na História mundial, o Cristo já era o luminoso centro das realizações humanas. De sua misericórdia partiram os missionários da luz que, lançados ao movimento da evolução terrestre, cumpriram, mais ou menos bem, a tarefa redentora que lhes competia entre as criaturas, antecedendo as eternas edificações do Evangelho.

A localização histórica de Jesus recorda a presença pessoal do Senhor da Vinha. O Enviado de Deus, o Tutor Amoroso e Sábio, veio abrir caminhos novos e estabelecer a luta salvadora para que os homens reconheçam a condição de eternidade que lhes é própria.

Os filósofos e amigos ilustres da Humanidade falaram às criaturas, revelando em si uma luz refratada, como a do satélite que ilumina as noites terrenas; os apelos desses embaixadores dignos e esclarecidos são formosos e edificantes; todavia, nunca se furtam à mescla de sombras.

A vinda do Cristo, porém, é diversa. Em sua Presença Divina temos a fonte da verdade positiva, o sol que resplandece.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho, Verdade e Vida. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Não Cesses de Auxiliar

Não atires as jóias cintilantes da sabedoria ao ignorante, mas não te esqueças de oferecer-lhe a bênção do alfabeto, minorando a miséria espiritual do mundo desde hoje.

Não te percas em longos discursos sobre o poder do bem, ao lado do irmão infeliz que se fez malfeitor contumaz, entretanto, não negues a semelhante desventurado o braço fraterno, a fim de que ele possa livrar-se das profundezas do abismo.

Não te alongues em considerações excessivas sobre a virtude, junto daqueles que resvalaram nos grandes infortúnios da alma, todavia, não lhes subtraias o incentivo para o retorno à vida útil e digna a que todos nos achamos destinados.

Não arrojes o tesouro das revelações divinas ao transeunte que passa, cujo íntimo ainda não conheces, no entanto, não olvides a necessidade de simpatia e carinho, com que nos compete auxiliar ao forasteiro, de vez que, um dia, seremos igualmente estrangeiros em outras regiões e em outros climas.

Não te precipites no pântano, mas socorre-o a fim de que se faça menos amargo, habilitando-o a receber valiosas sementeiras nas oportunidades do futuro.

Não confies plantas selecionadas à esterilidade dos espinheiros, entretanto, ampara o solo, removendo-os, convenientemente, a fim de que o chão hoje infeliz possa, amanhã, surgir renovado ao toque de teu esforço.

Não cesses de agir, construindo e elevando para o bem infinito.

"Não atires pérolas aos porcos" - proclamou o Divino Mestre, todavia, essa afirmativa não nos induz a esquecer o alimento que devemos a esses pobres animais.

A leviandade, a ignorância, a perturbação, a desordem, a incompreensão e a ingratidão constituem paisagens de trabalho espiritual, reclamando-nos atuação regeneradora.

Não olvidemos a palavra do Senhor, quando nos asseverou, convincente: - "Meu Pai trabalha até hoje e eu trabalho também".


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Assim Vencerás. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Prece do Natal

Senhor Jesus!...

Recordando-te a vinda, quando te exaltaste na manjedoura por luz nas trevas, vimos pedir-te a benção.

Releva-nos, se muitos de nós trazemos saudade e cansaço, assombro e aflição, quando nos envolves em torrentes de alegria.

Sabes, Senhor, que temos escalado culminâncias... Possuímos cultura e riqueza, tesouros e palácios, máquinas que estudam as constelações e engenhos que voam no espaço! Falamos de ti – de ti que volveste dos continentes celestes, em socorro dos que choram na poeira do mundo, no tope dos altos edifícios em que amontoamos reconforto, sem coragem de estender os braços aos companheiros que recolhias no chão...

Destacamos a excelência de teus ensinos, agarrados ao supérfluo, esquecidos de que não guardaste uma pedra em que repousar a cabeça; e ainda agora, quando te comemoramos o natalício, louvamos-te o nome, em torno da mesa farta, trancando inconscientemente as portas do coração aos que se arrastam na rua!

Nunca tivemos, como agora, tanta abastança e tanta penúria, tanta inteligência e tanta discórdia! Tanto contraste doloroso, Mestre, tão só por olvidarmos que ninguém é feliz sem a felicidade dos outros... Desprezamos a sinceridade e caímos na ilusão, estamos ricos de ciência e pobres de amor. É por isso que, em te lembrando a humildade, nós te rogamos para que nos perdoes e ames ainda... Se algo te podemos suplicar além disso, desculpa o nada que te ofertamos, em troca do tudo que nos dás e faze-nos mais simples!...

Enquanto o natal se renova, restaurando-nos a esperança, derrama o bálsamo de tua bondade sobre as nossas preces, e deixa, Senhor, que venhamos a ouvir de novo, entre as lágrimas de júbilo que nos vertem da alma, a sublime canção com que os Céus te glorificam o berço de palha, ao clarão das estrelas:

- Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens!


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Antologia Mediúnica do Natal”. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Atualidade do Natal

Andando sem rumo, sob o flagício de mil aflições, o homem moderno deixa-se dominar pelo desânimo ou pela ansiedade, malbaratando o valioso contributo da inteligência e do sentimento com que a vida o enriqueceu, exaurindo-se, ora no consumismo insensato, ora na revolta desastrada por falta de recursos econômicos ou emocionais para realizar-se.

A insatisfação é a tônica do comportamento individual e social que vige na Terra.

Aqueles indivíduos que experimentam carência de qualquer natureza lamentam-se e rebolcam-se na rebeldia, que degenera em violência, enquanto aqueloutros que se encontram afortunados, deixam-se dominar pelas extravagâncias ou pelo tédio, derrapando, uns e outros, nas viciações perturbadoras ou na dependência de substâncias químicas de funestas conseqüências.

As admiráveis conquistas da Ciência e da Tecnologia não os tornaram mais felizes nem menos tensos, pelo contrário, empurraram-nos na direção trágica da neurastenia ou da depressão nas quais estorcegam.

Indubitavelmente trouxeram incomparável ajuda para a solução de diversos sofrimentos e situações penosas, de progresso material e social, porém, não conseguiram penetrar o cerne dos seres humanos, modificando-lhes as disposições íntimas em relação à existência terrena e aos seus objetivos essenciais.

Considerando a vida apenas do ponto de vista material, sem as conseqüentes avaliações em torno do Espírito imortal, o comportamento materialista domina as mentes e os corações, que acreditam na felicidade em forma de valores amoedados, satisfações dos sentidos, destaque social e harmonia física...

Vive-se o apogeu da glória tecnológica diante dos descalabros comportamentais que jugulam os seres humanos aos estados primevos da evolução.

Há conquistas do Infinito sem realização pessoal, sorrisos de triunfo sem sustentação de felicidade, que logo se transformam em esgares, situações invejáveis mas alicerçadas na miséria, na doença e no desconforto das pessoas excluídas...

Faltando-lhes, porém, a vivência dos compromissos ético-morais, logo se lhes apresentam os desapontamentos íntimos, e os conflitos se lhes instalam devoradores.

Uma tormenta inigualável paira nos céus da sociedade moderna, ameaçando-a com tragédias inomináveis.

Em período idêntico, no passado, salvadas as distâncias compreensíveis, veio Jesus à Terra.

O mundo encontrava-se conturbado pelo poder mentiroso, pela falácia dos dominadores, pelas ambições desmedidas, pelas conquistas arbitrárias, pelas ilusões tresvariadas...

Predominavam o luxo e a ostentação em alguns segmentos da humanidade, enquanto nos porões do abandono em que desfaleciam, incontáveis criaturas espiavam angustiadas o passar do tufão devorador...

Apareceu Jesus, e una aragem abençoada varreu o mundo, modificando-lhe a psicosfera.

Sua voz levantou-se para profligar contra o crime e a insensatez, contra a indiferença dos fortes em relação aos seus irmãos mais fracos, contra a hipocrisia e o egoísmo então vigentes e dominantes como hoje ocorrem......

Misturando-se aos mutilados do corpo e da alma, ergueu-os do pó em que se asfixiavam, conduzindo-os na direção da glória estelar, demonstrando-lhes que a vida física é experiência transitória, e que os valores reais são os que pertencem ao Espírito imortal.

Utilizou-se da cátedra da Natureza e ensinou a felicidade mediante o desapego e o despojamento das alucinantes prisões às coisas e às paixões materiais.

Cantou a esperança aos ouvidos da angústia e proporcionou a saúde temporária a quantos se Lhe acercaram, alentando-os com a certeza da plenitude após vencidas as etapas de regeneração e de resgate que todos os seres se impõem no processo da evolução.

Atendeu a dor de todos os matizes, defendeu os pobres e oprimidos, os esfaimados e sedentos de justiça, a quem ofereceu os preciosos recursos de paz. No entanto, quando acusado, abandonado, marchando para o testemunho, elegeu o silêncio, a submissão à vontade de Deus, a fim de ensinar pelo exemplo resignação e misericórdia para com os maus e perversos, confirmando a indiferença pelos valores do mundo físico destituídos de utilidade

E permanece até hoje como o Triunfador não conquistado, que prossegue alentando os padecentes, convocando-os à transformação moral para a conquista dos imperecíveis tesouros internos do amor, do perdão, da caridade, da paz...

Recorda-te de Jesus neste Natal e reaproxima--te dEle, analisando como te encontras e de que forma deverias estar moralmente, conscientizando-te do que já fizeste e de quanto ainda podes e deves investir em favor de ti mesmo e do teu próximo mais próximo, no lar, na rua, na humanidade...

O Natal é presença constante do amor e do bem na atualidade de todos os tempos.

Não te esqueças que a evocação do nascimento do Excelente Filho de Deus entre as criaturas humanas, é um convite para que O permitas renascer no teu íntimo, se estiver desaparecido da tua emoção, ou prosseguir vivo e atuante nos teus sentimentos, convidados à construção da solidariedade, do dever e da lídima fraternidade que deve viger entre todos os seres sencientes que vagueiam no Planeta .

E deixa que Jesus te fale novamente à acústica do coração e aos escaninhos da mente, repetindo-te o poema imortal das Bem -aventuranças.


Franco, Divaldo Pereira. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 20 de setembro de 2002, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

Conto de Natal

A noite é quase gelada...
Contudo, Mariazinha
É a menina de outras noites
Que treme, tosse e caminha...

Guizos longe, guizos perto...
É Natal de paz e amor.
Há muitas vozes cantando:
“Louvado seja o Senhor!”

A rua parece nova
Qual jardim que floresceu.
Cada vitrine enfeitada
Repete: “Jesus nasceu!”

Descalça, vestido roto,
Mariazinha lá vai...
Sozinha, sem mãe que a beije,
Menina triste, sem pai.

Aqui e ali, pede um pão...
Está faminta e doente.
-“Vadia, saia depressa!”
É o grito de muita gente.

-“Menina ladra! outros dizem.
-“Fuja daqui, pata feia!
Toda criança perdida
Deve dormir na cadeia.”

Mariazinha tem fome
E chora, sentindo em tormo
O vento que traz o aroma
Do pão aquecido ao forno.

Abatida, fatigada,
Depois de percurso enorme,
Estira-se na calçada...
Tenta o sono mais não dorme.

Nisso, um moço calmo e belo
Surge e fala, doce e brando:
- Mariazinha, você
Está dormindo ou pensando?

A pequenina responde,
Erguendo os bracinhos nus:
- Hoje é dia de Natal,
Estou pensando em Jesus.

- Não recorda mais alguém?
E ela, a chorar, disse: -Eu
Penso também com saudade,
Em minha mãe que morreu...

- Se Jesus aparecesse,
Que é que você queria?
- Queria que ele me desse
Um bolo da padaria...

Depois de comer, então
- E a pobre sorriu contente
Queria um par de sapatos
E uma blusa grande e quente...

Depois... queria uma casa,
Assim como todos têm...
Depois de tudo... eu queria
Uma boneca também...

- Pois saiba Mariazinha,
Eu lhe digo que assim seja!
Você hoje terá tudo
Aquilo que mais deseja.

- Mas, o senhor quem é mesmo?
E ele afirma, olhos em luz:
- Sou seu amigo de sempre,
Minha filha, eu sou Jesus!...

Mariazinha, encantada,
Tonta de imensa alegria,
Pôs a cabeça cansada
Nos braços que ele estendia...

E dormiu, vendo-se outra,
Em santo deslumbramento,
Aconchegada a Jesus
Na glória do firmamento.

No outro dia, muito cedo,
Quando o lojista abre a porta,
Um corpo caiu de leve...
A menina estava morta.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Antologia Mediúnica do Natal. Ditado pelo Espírito Francisca Clotilde.

Súplica do Natal

Amado Jesus
na excelsa manjedoura
que te esconde a gloria sublime,
ouve a nossa oração !

Ajuda-nos a procurar a simplicidade
que nos reune ao teu amor...

Auxilia-nos a renascer dentro de nos mesmos,
buscando em Ti a força para sermos
em Teu Nome, irmãos uns dos outros !

Mestre do Eterno Bem, sustenta as nossas almas
a fim de que a alegria de servir e ajudar
nos ilumine a senda, não somente na luz de teu Santo Natal,
mas em todos os dias, aqui, agora e sempre...


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Antologia Mediunica do Natal. Ditado pelo Espírito Aparecida.

Mensagem para Jesus

Ante o Natal, Jesus, aqui agradecemos

O progresso da Terra, em resplendores,

Desde o mar vasculhado às alturas imensas,

Em que o homem pesquisa os mundos exteriores.

Entretanto, perdoa-me se, em prece,

Tenho os quadros de dor que te apresento:

As crianças sem lar, sobre o colo da noite,

E as mães vencidas pelo sofrimento.


Os doentes que vagam na intempérie,

Implorando o agasalho de um lençol,

E os velhinhos, no escuro das calçadas,

Que morrem aguardando uma réstea de Sol.


Os enfermos que choram na esperança

De pequeno socorro que não vem...

E os corações cansados e infelizes

Que atravessam a vida sem ninguém.


Induze-nos, Senhor, a buscar todos eles,

Os tutelados teus, nossos próprios irmãos,

E a fim de auxiliá-los como estejam,

Ensina-nos, Jesus, a reunir as nossas mãos!...


Natal!...Feliz Natal!... Todos cantamos,

Ao coro fraternal de todas as igrejas!...

Louvado seja Deus que te enviou à Terra!...

Mestre do coração, bendito sejas !...


Xavier, Francisco Cândido. Mensagem do Espírito Maria Dolores recebida pelo no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba.

Cantiga do Natal

Eis o Natal brilhando novamente...

Sob as lembranças em que me aprofundo,

Revejo-te, Jesus, sobre a palha singela

No Grande Alvorece, iluminando o mundo.


Torno a escutar os anjos e os pastores

Na divina canção que o tempo nos descerra:

- “Glória a Deus nas Alturas, paz aos homens,

Boa vontade para toda a Terra!...”


Parece-nos reter na estrela inesperada

A resposta de Deus à profecia,

Enviando às nações a Lei do Amor

Em celestes mensagens de alegria.


Os séculos passaram, muitas vezes

Vendo o império da morte em lutas fraticidas;

No entanto, quanto mais a treva surge e passa,

Mais dominas, Senhor, em nossas vidas.


Sabemos nós que a inteligência humana,

Senhoreando agora a ação de nobres gênios

Arma novo conflito em que se apaguem

Os ódios e ambições de passados milênios...


Entretanto, no mundo, o amor se estende,

O progresso do bem se espalha e avança,

Unem-se os templos para a mesma fé,

A caridade é luz de socorro e esperança.


O Natal reaparece... A Terra inteira

Renova-se ao clarão de Sol renovador.

E cantamos, Jesus, sentindo-se a presença:

- Louvado seja Deus! Bendito seja o amor!...


Xavier, Francisco Cândido. Mensagem do Espírito Maria Dolores recebida pelo no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba.

Jesus Sempre

Natal!...A Terra festeja.

Alegria em tanta gente!...

É o regresso de Jesus

Sobre um mundo diferente.

Há linda estrela na rua.

Será Belém na cidade?

É imenso bojo brilhando

Em luz de eletricidade.


Grandes corpos se aproximam

Dos templos pregando amor...

Não são animais amigos,

São máquinas a motor.


Nos ares, faróis cintilam,

Modificando a paisagem;

Não são peças de outros mundos,

São aviões de passagem.


Aparecem sons estranhos

Entre as vozes cristalinas;

São espíritos estridentes

De chaminés e buzinas.


Doentes formulam preces

Em remansosos locais;

Não são vales de abandono,

São refúgios e hospitais.


Há muita penúria ainda;

No entanto, estradas afora,

A caridade prossegue

Reconfortando a quem chora.


Ruge a guerra, por enquanto,

Tentando grupos e povos;

Entretanto, do progresso

Vão surgindo tempos novos.


Tiranos inda aparecem

Fazendo enormes ruídos.

Flagelam comunidades,

Mas logo são esquecidos.


De toda calamidade

Eis que renasce a esperança;

As trevas caem vencidas,

O mundo progride e avança.


Natal!... A fé se renova...

Clama o Céu que se descerra:

"Louvor a Deus nas Alturas

E paz aos homens da Terra"!...


Natal!... E todos cantamos

Na luz do mesmo fervor:

"Jesus reina!... Jesus vinde!...

louvado sejas, Senhor"!...


Xavier, Francisco Cândido. Mensagem do Espírito Maria Dolores recebida pelo no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba.

Meditação do Natal

Amado Jesus
na excelsa manjedoura
que te esconde a gloria sublime,
ouve a nossa oração !

Ajuda-nos a procurar a simplicidade
que nos reune ao teu amor...

Auxilia-nos a renascer dentro de nos mesmos,
buscando em Ti a força para sermos
em Teu Nome, irmãos uns dos outros !

Mestre do Eterno Bem, sustenta as nossas almas
a fim de que a alegria de servir e ajudar
nos ilumine a senda, não somente na luz de teu Santo Natal,
mas em todos os dias, aqui, agora e sempre...


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Antologia Mediunica do Natal. Ditado pelo Espírito Aparecida.

Ressonâncias de Natal

Na paisagem fria e sem melhor acolhimento, a única hospedaria à disposição era a gruta modesta onde se guardavam os animais.

Não havia outro lugar que O pudesse receber.

O mundo, repleto de problemas e de vidas inquietas, preocupava-se com os poderosos do momento e reservava distinções apenas para os que se refestelavam no luxo, bem como no prazer.

Aos simples e desataviados sempre se dedicavam a indiferença, o desrespeito, fechando-lhes as portas, dificultando-lhes os passos.

Mas hoje, tudo permanece quase que da mesma forma.

Não obstante, durante aquela noite de céu transparente e estrelado, entre os animais domésticos, em uma pequena baia, usada como berço acolhedor, nasceu Jesus, que transformou a estrebaria num cenário de luzes inapagáveis que prosseguem projetando claridade na noite demorada dos séculos, em quase dois mil anos...

Inaugurando a era da humildade e da renúncia, Jesus elegeu a simplicidade, a fim de ensinar engrandecimento íntimo como condição única para a felicidade real.

O Seu reino, que então se instalou naquela noite de harmonias cósmicas, permanece ensejando oportunidades de redenção a todos quantos se resolvam abrigar nas suas dependências.

E o Seu nascimento modesto continua produzindo ressonâncias históricas, antes jamais previstas.

Homens e mulheres, que tomaram contato com Sua notícia e mensagem, transformaram-se, mudando-se-lhes o roteiro de vida e o comportamento, convertendo-se, a partir de então, em luzeiros que apontam rumos felizes para a Humanidade.

Guerreiros triunfadores passaram pelo mundo desde aquela época, inumeráveis.

Governantes poderosos estabeleceram reinos e impérios, que pareciam preparados para a eternidade, e ruíram dolorosamente.

Artistas e técnicos, de rara beleza e profundo conhecimento, criaram formas e aparelhagens sofisticadas para tornarem a Terra melhor, e desapareceram.

Ditadores indomáveis e aristocratas incomuns surgiram no proscênio terrestre, envergando posição, orgulho e superioridade, que o túmulo silenciou.

.Estiveram, por algum tempo, deixando suas pegadas fortes, que tornaram alguns odiados, outros rechaçados e sob o desprezo das gerações posteriores.

Jesus, porém, foi diferente.

Incompreendido, o Cantor do Amor aceitou a cruz, para não anuir com o crime, e abraçou a morte para não se mancomunar com os mortos.

Por isso, ressurgiu, em triunfo e grandeza, permanecendo o Ser mais perfeito que jamais esteve na Terra, como modelo que Deus nos ofereceu para Guia.

Quando a Humanidade experimenta dores superlativas, quando a miséria sócio-econômica assassina milhões de vidas que estertoram ao abandono; quando enfermidades cruéis demonstram afragilidade orgânica das criaturas; quando a violência enlouquece e mata; quando os tóxicos arruinam largas faixas da juventude mundial, ao lado de outros males que atestam a falência do materialismo, ressurge a figura impoluta de Jesus, convidando à reflexão, ao amor e à paz, enquanto as ressonâncias do Seu Natal falam em silêncio: Ele, que tem salvo vidas incontáveis, pede para que tentes fazer algo, amando e libertando do erro pelo menos uma pessoa.

Lembrando-te dEle, na noite de Natal, reparte bondade, insculpe-O no coração e na mente, a fim de que jamais te separes dEle.


Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

Natal

“Natal é a glória dos Homens

Em seus séculos de luz,

Pois tudo de bom que existe na Terra,

veio a nós da presença de Jesus.”


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Antologia Mediúnica do Natal”. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Meditando o Natal

Na exaltação do Natal do Senhor, acalentemos nossa fé em Jesus, sem nos esquecermos da fé que Jesus deposita em nós.

Não desceria o Senhor da comunhão com os Anjos, sem positiva confiança nos homens.

É por isso que, da Manjedoura de Simplicidade e Alegria à Cruz da Renunciação e da Morte, vemo-lo preocupado na recuperação das criaturas.

Convida pescadores humildes ao seu ministério salvador e transforma-os em advogados da redenção humana.

Vai ao encontro de Madalena, possuída pelos adversários do bem, e converte-a em mensageira de luz.

Chama Zaqueu, mergulhado no conforto da posse material, e faz dele o administrador consciente e justo.

Não conhece qualquer desânimo, ante a negação de Pedro, e nele edifica o apóstolo fiel que lhe defenderia o Evangelho até o martírio e a crucificação.

Não se agasta com as dúvidas de Tomé e eleva-o à condição de missionário valoroso, que lhe sustenta a causa, até o sacrifício.

Não se sente ofendido aos golpes da incompreensão de Saulo, o perseguidor, e visita-o, às portas de Damasco, investindo-o na sua posição de emissário de Sua Graça, coroando de claridades eternas...

A fé e o otimismo do Cristo começaram na descida à estrebaria singela e continuam, até hoje, amparando-nos e redimindo-nos, dia a dia...

Assinalando, assim, os júbilos do Natal, recordemos a confiança do Mestre e afeiçoemo-nos à sua obra de amor e luz, tomando por marco de partida a nossa própria existência.

O Senhor nos conclama à tarefa que o evangelho nos assinala...

Nos primeiros três séculos de Cristianismo, os discípulos que lhe ouviram a Celeste Revelação levantaram-se e serviram-no com sangue e sofrimento, aflição e lágrimas.

Que nós outros estejamos agora dispostos a consagrar-lhe igualmente as nossas vidas, considerando o crédito moral que a atitude d’Ele para conosco significa...

Aprendamos, trabalhemos e sirvamos, até que um dia, qual aconteceu ao velho Simeão, da Boa Nova, possamos exclamar ante a Presença Divina:

- “Agora, Senhor, despede em paz o teu servo, segundo a tua palavra, porque, em verdade, meus olhos já viram a salvação.”


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Antologia Mediúnica do Natal”. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Tempo de Natal

Senhor Jesus!...

Ante o Natal

Que nos refaz na Terra o mais formoso dia,

Somos gratos a todos os irmãos

Que te festejam,

Entrelaçando as mãos

Nas obras do progresso.


Vimos também trazer-te a nossa gratidão

Pela fé que acendeste

Em nosso coração.

Mas, se posso, Jesus, desejo expor-te

O meu pedido de Natal;

Falando de progresso, rogo-te, se possível,

Guiar os homens e as mulheres,

Sejam de qualquer nível,

Para que inventem, onde estejam,

Novos computadores

Que consigam contar

As crianças que vegam nos caminhos,

Sem apoio e sem lar,

E os doentes cansados e sozinhos,

Presos no espaço de ninguém,

Para que se lhes dê todo o amparo do Bem.


Auxilia, Senhor, a humana inteligência

A fabricar foguetes

Dentro de segurança que não erra,

Que possam trasnportar remédio, alimento e socorro,

Onde a dor apareça atribulando a Terra.


Que o mundo te receba as bênçãos naturais,

Doando mais amor aos animais,

Que nunca desampare as árvores amigas,

Não envenene os ares,

Nem tisne as fontes, nem polua os mares,

Que o ódio seja, enfim, esquecido, do todo.

Que a guerra seja posta nos museus,

Que em todos nós impere, o imenso amor de Deus.


Que o teu Natal se estenda ao mundo inteiro

É que, pensando em teu amor,

De cada amanhecer,

Que todos resolvamos a fazer

Um dia novo de Natal...

E que, encontrando alguém,

Possamos repetir, tocados de alegria,

De paz, amor e luz:

- Companheiro, bom dia,

Hoje, também, é dia de Jesus.


Xavier, Francisco Cândido. Mensagem do Espírito Maria Dolores recebida pelo no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba.

Presença do Natal

Senhor Jesus!

Ante o Natal que reaparece,

Temos o coração no júbilo da prece,

Ao trazer-te, Senhor, a nossa gratidão;

Toda a Terra de hoje é um caminho de luz,

A Ciência desvenda as estradas de acesso

A verdade, à beleza, ao poder e ao progresso,

Orientada em tua inspiração.


Cada cidade é um mundo resplendente

Onde a cultura se revela e cria

Lares de reconforto e de alegria

Ao toque de clarão renovador.

O minério, trazido ao forno ardente,

Obedece e desfaz-se em estruturas de aço.


Foguetes e satélites no Espaço

Mostram que a Terra é um ninho de esplendor.


Toda pesquisa eleva-se ao Mais Alto,

O cérebro refulge, a máquina domina,

A onda intelligente é de origeme divina,

Chamando-nos à paz, ao trabalho e à união;

Da transmissão sem fio ao trânsito no asfalto,

Da vacina que salva aos dons da anestesia,

Toda a transformação terrestre principia

A conquistar mais brilho em forma de ascensão.


Mas, acima de tantos privilégios,

Em que a bênção de Deus nos põe`a prova,


Perante a evolução que nos renova,

Ampara-nos, Senhor,

A fim de que a humildade esteja em

nossas vidas,

Para estender, na luz que nos trouxeste,


A força da bondade e o socrro celeste

Construindo na Terra o teu reino de amor.


MARIA DOLORES

(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, no Grupo Espírita da Prece, em reunião pública da noite de 17/setembro/77, em Uberaba, MG)

Confidência do Natal

Senhor Jesus!...

Vi o Homem Moderno

Em teu Natal,

Recordando viajor a deter-se em caminho,

Ao falar-te sozinho,

Junto de construção descomunal...


-Agradeço, Senhor - dizia ele -

O rio de progresso em que me inundo

De alegria esfuziante,

As maravilhas que enviaste ao mundo

Pelos canais do cérebro triunfante...

Agradeço a ciência de alto nível,

Cintilação do gênio, a servir-me de rastros,

Que me conduz ao colo de outros astros,

No foguete de força quase incrível;

Agradeço o avião, o carro, o asfalto,

O mundo todo em casa, a circuito instantâneo,

O átomo cativo, as usinas de urânio,

O soro, a anestesia, o antígeno, o cobalto,

As máquinas de espécie diferente,

Desde o computador à enceradeira,

Que estendem reconforto à Terra inteira,

Impulsionando os povos para a frente!...

Agradeço o auto-estudo a que me elevas

A fim de imunizar-me

Contra o assalto das trevas.

Entretando, Senhor, ao procurar-te em prece,

Que o sentimento forma e a palavra não diz,

Minha vida te busca e te deseja...

Guarda e inspira minhalma, enfim, para que eu seja

Plenamente feliz...


Nisso, o Homem calou-se em pranto mudo

E entendi, afinal,

Que embora a inteligência brilhe em tudo

E em quase tudo se engrandeça embora,

Eis que sem ti, Senhor,

O coração da Terra sofre e chora,

Entre a fome de paz e a carência de amor!..


MARIA DOLORES

(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública da Comunhão Espírita Cristã, na noite de 22/09/73, em Uberaba, Minas)

Cartão de Natal

Se vieres, Jesus de novo, agora

Para a celebração do teu Natal,

Queremos recordar tão-somente que existes

Para o amor imortal.


Desejamos contar-te, Amado Amigo,

Ao clarão que teu nome nos descerra,

Que o teu aniversário é cad vez mais lindo

E que há muitos irmãos sonhando e construindo

O teu reino da Terra.


Hoje os barcos singelos que aceitaste,

A fin de entretecer a fé que nos conduz,

São templos relembrando em toda parte

Nosso dever de honrar-te

Em lições de bondade e cânticos de luz.


Os valores para enfermos de outros tempos,

Na imensa provação que nos dói na lembrança,

Aos teus ensinos regeneradores

Hoje são hospitais plantados entre flores,

Refúgios deconforto e lares de esperança.


Toda a desolação que viste, de altos montes,

Por sombras de doença, pranto e dor,

Vai desaparecendo dia-a-dia,

Ao sol, do teu amparo que irradia

Alvoradas de amor.


O progresso caminha, povo a povo,

A ciência no mundo alteia a voz.

Erros, temos ainda... Mas sabemos

Que precisamos de teus dons supremos

Para que a paz esteja sobre nós.


Ouve, Jesus!...Na exaltação da vida,

Cantamos nos louvores sempre teus:

- "Glória a Deus nas Alturas,

E paz na Terra a todas as criaturas,

Ante a bênção de Deus".


( Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, no dia 04/outubro/75, em Uberaba, Minas)

Cartão de Natal

Ao clarão do Natal, que em ti acorda a música da esperança, escuta a voz de alguém que te busca o ninho da própria alma!... Alguém que te acende a estrela da generosidade nos olhos e te adoça o sentimento, qual se trouxesses uma harpa de ternura escondida no peito.

Sim, é Jesus, o amigo fiel, que volta.

Ainda que não quisesses, lembrar-lhe-ias hoje os dons inefáveis, ao recordares as canções maternas que te embalaram o berço, o carinho de teu pai, ao recolher-te nos braços enternecidos, a paciência dos mestres que te guiaram na escola e o amor puro de velhas afeições que te parecem distantes.

Contemplas a rua, onde luminárias e cânticos lhe reverenciam a glória; entretanto, vergas-te ao peso das lágrimas que te desafogam o coração... É que ele te fala no intimo, rogando perdão para os que erram, socorro aos que sofrem, agasalho aos que tremem na vastidão da noite, consolação aos que gemem desanimados e luz para os que jazem nas trevas.

Não hesites! Ouve-lhe a petição e faze algo!... Sorri de novo para us que te ofenderam; abençoa os que te feriram; divide o farnel com os irmãos em necessidade; entrega um minuto de reconforto ao doente; oferece uma fatia de bolo aos que oram, sozinhos, sob ruínas e pontes abandonadas; estende um lençol macio aos que esperam a morte, sem aconchego do lar; cede pequena parte de tua bolsa no auxilio às mães fatigadas, que se afligem ao pé dos filhinhos que enlanguescem de fome, ou improvisa a felicidade de uma criança esquecida.

Não importa se diga que cultivas a bondade somente hoje quando o Natal te deslumbra!... Comecemos a viver com Jesus, ainda que seja por algumas horas, de quando em quando, e aprenderemos, pouco a pouco, a estar com ele, em todos os instantes, tanto quanto ele permanece conosco, tornando diariamente ao nosso convívio e sustentando-nos para sempre.


MEIMEI

Texto extraído do livro Antologia Mediúnica do Natal, psicografia de Francisco Cândido Xavier

Natal de Amor

As incertezas pairavam nos corações e nas mentes ensombradas pelas amarguras.

A dominação arbitrária de Roma esmagava a alma sobranceira de Israel.

Noutras vezes, as algemas da escravidão haviam reduzido o seu povo a hilota, na Babilônia, no Egito...

Nessa oportunidade, porém, à semelhança de outras Nações que jaziam inermes sob o jugo das legiões ferozes, as esperanças de libertação eram remotas.

A boca profética estava silenciosa nos penetrais do Infinito, enquanto as tubas guerreiras erguiam a figura de César às culminâncias divinas...

A espionagem tornara a vida insuportável, e a traição cobria-lhe as pegadas ignóbeis.

A dor distendia suas redes e reunia as vítimas, que se estorcegavam no desespero.

Ao mesmo tempo, lutavam, entre si, sacerdotes e levitas, fariseus, saduceus e publicanos, todos disputando prerrogativas que não mereciam.

As intrigas se movimentavam nas altas cortes do Sinédrio, envolvendo Caifás, Anás, Pilatos, que se engalfinhavam pela governança infeliz a soldo de interesses subalternos...

A Judéia era toda um deserto de sentimentos, onde a vaidade e a prepotência, a usurpação e o desmando instalaram suas tendas.

...Foi nesse lugar, assinalado pelos azorragues do sofrimento, que nasceu Jesus.

Para atender às exigências de César, quanto ao censo, seus pais se foram de Nazaré... E, em uma noite de céu de turquesa, salpicado por estrelas luminíferas, visitada por ventos brandos e frios, Ele chegou ao campo de batalha, para assinalar a Era Nova e dividir os fastos da História.

Sua noite fez-se o dia de eterna beleza, e o choro, que Lhe caracterizou a entrada do ar nos pulmões, tornou-se a música que Ele transformaria nas almas em uma incomparável sinfonia, logo depois.

Nunca mais a Humanidade seria a mesma, a partir daquele momento.

O mundo de violências e crimes, de guerras contínuas e agressões conheceu a não-violência e o amor, como nunca antes houvera acontecido.

Jesus fez-se o Pacificador de todas as vidas.

Desceu dos astros para tornar-se a ponte de ligação com Deus.

Quantos desejaram a felicidade, a partir daquela ocasião, encontraram-na no "Sermão da montanha", que Ele apresentaria às criaturas em momento próprio.

Desde ali, todo ano, aqueles que O amam dão-se as mãos e unem os corações para celebrarem o Seu Natal, derramando bênçãos em favor dos que sofrem, buscando mudar-lhes as paisagens de aflição, brindando esperança, socorro e paz.

Neste Natal, permite que o amor de Jesus te irrigue o coração e verta em direção daqueles para os quais Ele veio, os nossos irmãos sofredores da Terra.

Faze mais: deixa-O renascer na tua alma e agasalha-O, para que Ele siga em ti e contigo, por todos os dias da tua vida.


Texto extraído do livro Desperte e Seja Feliz, psicografia de Divaldo Pereira Franco pelo Espírito de Joanna de Ângelis, publicado pela Livraria Espírita Alvorada Editora.

O Tempo

O tempo é um empréstimo de Deus.

Elixir miraculoso - acalma todas as dores.

Invisível bisturi - sana todas as feridas, refazendo os tecidos do corpo e da alma.

Com o tempo erramos, com ele retificamos.

Em companhia dele esposamos graves compromissos e por ele amparados resgatamos todos nossos débitos.

Enquanto acreditamos que o tempo nos pertence, muitas vezes, caímos presas de cipoais de sombra, mas, quando compreendemos que o tempo é de Deus, o nosso retorno à paz se concretiza em abençoada recuperação de nós mesmos para o amor que tudo regenera e tudo santifica.

Confiemos, assim, no tempo que o Senhor nos concede à própria libertação e prossigamos convertendo nossos problemas em lições e as nossas lições em bênçãos da Divina Imortalidade.

Jesus está conosco e ao toque de sua Infinita Bondade todas as nossas experiências se transformam em motivo de felicidade imperecível.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: “Comandos do Amor”. Ditada pelo Espírito Aparecida.

Despertar

Suicídio e Delinqüência

Todo rio procede de uma nascente simples.

A maioria dos incêndios se alteia de alguma faísca.

Assim também sucede com o suicídio e a delinqüência

A reclamação demasiadamente repetida;

O grito inesperado, desarticulando o equilíbrio emocional de quem ouve;

O gesto de irritação;

A frase de crítica;

A explosão de ciúme;

O confronto infeliz;

A queixa exagerada;

A exigência sem razão;

A palavra de insulto;

A resposta à base de zombaria;

Ou o compromisso desprezado;

Qualquer dessas manifestações, aparentemente sem importância, pode ser o início de lamentável perturbação, suscitando, por vezes, processos obsessivos nos quais a criatura cai na delinqüência ou na agressão contra si mesma.

E o único remédio que conhecemos até agora contra semelhantes calamidades, a ser usado em favor das vítimas possíveis do suicídio ou em auxílio daqueles que o provocam, é a prática da compreensão e do amor, na embalagem da paciência.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: “Paciência”. Ditada pelo Espírito Emmanuel.

Crença Viva

Meu companheiro querido!

Que Jesus nos abençoe em nossos novos propósitos de elevação e serviço.

Sinto-me extremamente satisfeita pela oportunidade de novo entendimento contigo, aqui, neste recinto da caridade cristã e espero em nosso divino Mestre que as alegrias desta hora persistam nos corações, sustentando-os a disposição de marchar para a vitória do bem.

Realmente, o nosso júbilo é semelhante a um ramo incompleto de flores, porque à distância da fé se agitam os filhos de nosso amor, órfãos da crença viva que ilumina e santifica o espírito; entretanto, nosso cântico de agradecimento ao Senhor não é menos harmonioso, porque confiamos no futuro que nos reunirá em outro lar no mundo da fraternidade e da luz, onde nossos sonhos de ventura se realizarão sem lágrimas e sem morte.

Somos felizes, meu querido, porque uma compreensão diferente raiou dentro de nós. A visão espiritual libertou-se e navegamos agora em pleno mar da experiência na direção da família maior, constituída por todos aqueles que lutam ao nosso lado, entre as dificuldades e as dores, entre os desenganos e as sombras do caminho.

Agora nossos filhos respiram em toda parte. Onde se faça ouvir um gemido de criança abandonada e onde se agite o coração de um velhinho desencantado e abatido, aí se encontram tutelados, de nosso amor, em nome do Cristo amoroso e soberano.

Nossa mais sublime felicidade, hoje o reconheço, não foi aquela dos dias de júbilo terrestre quando nossas esperanças se concretizam, depois de trabalhos ingentes, em comum, mas sim a de agora em que nossa alma se inclina para a verdade, à maneira de viajantes sequiosos da fonte cristalina.

Uma vida nova desabrochou em meu espírito e, graças a Deus, a centelha de claridade divina desceu também às profundidades do seu ser e, como sempre, estamos juntos na grande jornada.

Como é doce sentir a sua esperança nestes dias de renovação!

Meu amado companheiro, enriquece a bagagem do bem para que o porto de chegada lhe ofereça o repouso restaurador.

Maravilhosa é a colheita para o trabalhador que se utilizou do dia para semear com o Cristo de Deus.

A existência na Terra é uma lavoura d’Ele, nosso Mestre e Senhor. Os bens e as ilusões se confundem nas cinzas quando não gastamos os recursos e os anseios do coração na obra salvadora do bem; tendo visto aqui os que sobem descendo e compreendo com exatidão a glória daqueles que descem subindo. O mundo vulgar não pode entender o serviço cristão da caridade sem interesse.

É preciso haver lutado e sofrido muito para alcançar o domínio das alturas espirituais, em que descortinamos as verdadeiras lições da vida. Não lhe doa a observação daqueles que ferem por não saber a realidade em toda a sua amplitude. Na Terra, nem sempre o conforto abre as fontes da gratidão e do reconhecimento.

Muitos daqueles que mais amamos no mundo se esquecem da Lei divina, quando a fartura lhes enche a estrada de aspirações satisfeitas. É imprescindível desculpar setenta vezes sete vezes, seguindo a recomendação do Mestre, cada ofensa da jornada, a fim de que a serenidade presida os nossos cometimentos redentores.

Sigamos, assim mesmo, entre obstáculos e lutas.

A caridade, para ser genuinamente grande, precisa partir com alguma coisa de nós mesmos, de nossa própria vida. E, nos corações com Jesus, perdoar sempre os que não nos compreendem para ajudar aqueles que esperam por nós; é serviço espiritual dos mais difíceis, contudo dos mais agradáveis, porque no roteiro do Evangelho é necessário que tenhamos a coragem de negar a nós mesmos, tomar a cruz que nos cabe e seguir ao encontro do Salvador crucificado.

Os espinhos se transformarão em flores e as trevas em luzes.

A experiência e a dor são as mestras da vida.

Desse modo, conto com a sua firmeza de ânimo no esforço da ascensão. Cá embaixo imperam o engano e a fantasia que obscurecem os olhos de quase todos, mas a realidade aguarda o momento de demonstrar-se plena à contemplação de cada um.

Estou muito contente com os nossos trabalhos espirituais e permaneço convencida de que prosseguiremos, juntos, edificando o bem com Jesus em favor de todos os nossos companheiros de esforço evolutivo.

No Centro e em nossa tarefa particular, muito confortadores são os resultados de nossa plantação e peço-lhe confiar sempre mais em meu carinho e dedicação.

Agradece, por mim, à Maria quanto vem fazendo por nosso bem-estar. Ela representa para o meu coração uma flor de paciência e alegria a cujo devotamento ambos somos cativos, pela ternura e pela compreensão com que nos assiste dentro da luta purificadora.
Suplico à Mãe Santíssima que abençoa todos os nossos e abraçando-lhe com toda a minha alma reconhecida, sou a companheira de sempre que conserva o coração ao seu lado.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: “Paginas do Coração”. Ditada pelo Espírito Irmã Candoca.

Bendita Plantação

Meu querido Ricardo!

Que Jesus nos abençoe no grande caminho da redenção.

Graças ao céu continuamos juntos em nossa jornada espiritual, em que vamos recolhendo alegrias novas. Eu não podia acreditar, realmente, que tantas possibilidades de união surgiriam para nós depois da morte.

Enquanto nos demoramos no corpo, a fé, por mais sublime, é sempre uma luz tênue entre sombras espessas. E ainda mesmo que a nossa confiança em Deus jamais desfaleça, a visão é insegura e frágil, provocando muitas amarguras e aflições. Mas aqui, quando trazem uma fagulha dessa claridade bendita, que é a fé santificante, as chamas da vida eterna se levantam no imo do coração e o aniversário, neste mês de maio, inesquecível no livro de nosso espírito, cresce no conhecimento e na certeza da perfeita harmonia. Sinto-me assim, ditosa, não obstante reparar que você foi o único a ouvir-me a voz. No fundo, sei que grande parte dos nossos não me negam a sobrevivência, entretanto, grande bênção representaria para nós a adesão de todos ao roteiro de nova iluminação.

Às vezes, é preciso abandonar o círculo humano para entendermos toda a grandeza que palpita numa crença bem sentida e bem vivida e, muito desejaria que os amados filhinhos conseguissem enxergar a realidade, antes que ela lhes pudesse talvez ferir os corações. Contudo, meu bom Ricardo, compreendo agora, com mais clareza, que todos os recursos do caminho são aproveitados pela vida a benefício de nossa própria elevação.

Se a noite é um motivo para louvarmos o dia, todos os enganos funcionam para a maior exaltação da verdade em momento oportuno. E não posso esquecer que, também eu, em outro tempo, não me adaptei facilmente às lições que a querida Doutrina me trazia. Não fossem a sua paciência, o seu amor e o seu carinho, incansáveis na perseverança em meu favor e, provavelmente, não teria trazido comigo a lâmpada acesa que me orienta os passos.

Não é fácil modificar atitudes mentais na experiência humana, onde os hábitos e as idéias se cristalizam habitualmente contra os interesses de nossas almas e, por isso, recordando minhas lutas, ou constrangida a reconhecer que todos os nossos problemas familiares, nesse setor, são simples questão de tempo.

Graças a Jesus, nossos filhinhos foram sempre os melhores amigos, dedicados ao trabalho e ao dever, quanto você, de quem herdaram, para a minha felicidade, o espírito de ordem, serviço e disciplina e, dentro dessas normas, só encontramos razões para agradecer à Divina Providência os tesouros que nos confiou. O amadurecimento espiritual virá mais tarde. Não se ergue uma casa sem alicerces e cada um deles se encontra em construção das bases felizes do progresso futuro.

Minhas preces silenciosas ao alto, no entanto, são vivas e contínuas para que não estorvem os seus ideais e propósitos com Jesus e, felizmente, venho obtendo a graça de vê-los mais conformados com os nossos votos de espiritualidade da vida; porquanto sabem respeitar o caminho da vida com que hoje nos devotamos ao serviço da preparação para a vida mais nobre.

Compreendem as necessidades de prece, de meditação, de atividades novas, e semelhantes diretrizes me alegram e reconfortam à frente do porvir. Cada fruto enriquece o celeiro na forma adequada e é sempre de lamentar a dilaceração de uma flor entreaberta. Peçamos a Deus pelo bem-estar de todos e prossigamos, sem intervalos, no rumo das edificações de fé e amor.

Não tenho palavras para exprimir ao seu coração todo o carinho e todo o reconhecimento que a sua lembrança me impõe ao espírito. Se é verdade que nos entendíamos completamente, durante a tarefa no mundo físico, a nossa integração na atualidade é muito mais intensa e mais pura. Nosso amor espiritual vai criando uma família mais ampla que é a humanidade inteira. Sou infinitamente feliz, seguindo os seus passos na sementeira da caridade.

Através dessa bendita plantação de alegria, colheremos os mais preciosos frutos do caminho. Sem a caridade, meu querido Ricardo, todo o conhecimento da criatura, ainda mesmo os mais respeitáveis, assemelha-se a um palácio sem luz. Cm a caridade, porém, há como que um sol a fulgurar no centro do nosso próprio ser, irradiando a bendita claridade do Alto em todas as direções.

Abençoada seja a hora em que nos reunimos, de espírito a espírito, para o novo empreendimento em que conservamos por objetivo a própria perfeição.

De iniciativas diferentes de agora, uma fortuna mais sólida nascerá com segurança para a nossa felicidade, porque bens estão prosperando em todos os corações que nos receberam as sementes sublimes da fraternidade e da compreensão.

Peço a você muito cuidado na defesa da saúde, porque é meu desejo que a sua ternura de irmão dos necessitados, cujo entendimento se formou na escola rigorosa do trabalho edificante, continue a brilhar para benefício de muitos e de nós mesmos.

Sabe, você, que a velha companheira de lutas e alegrias na Terra jamais lhe deixará o espírito sensível. Onde você estiver, aí permanecerá minh’alma pensando e realizando ao seu lado, com vistas ao futuro que desejo repleto de bênçãos divinas.

Receba, neste doce mês de maio, todas as saudades e todos os agradecimentos de meu coração que não o esquece, com a promessa de minha companhia constante. O desânimo e a sombra nunca prevalecerão em nossa marcha, porque o bem é o guia e dentro de suas vibrações somente nos cabe o dever de aguardar a ventura perfeita, no círculo de trabalho em que o Mestre nos situou.

Renovo minha gratidão à prestimosa e abnegada Maria, com as minhas orações ao Senhor pela paz e fortalecimento dos nossos filhos, sempre queridos ao coração.

Continuo colaborando pelo reajustamento de Olga, ainda sob a influência de velhos perseguidores do plano invisível, embora, atualmente, se mostrem menos apaixonados e menos impulsivos na prática do mal. O passado é sempre um credor ou um benfeitor nosso e, no caso de nossa filhinha querida, a paciência e a serenidade devem ser as melhores armas para todas as situações difíceis.

Beijo carinhosamente o caro netinho que, não obstante entre a juventude e a meninice, tem sido para nós ambos um dedicado companheiro pelas virtudes que lhe brilham nos sentimentos. Que Deus o abençoe cada vez mais, e faça dele um amigo certo para o caminho, em todas as circunstâncias das lutas que o Céu nos reservou.

Aqui se encontram em nossa companhia alguns amigos, dentre os quais destaco o que prometeu auxiliar você, através de passes.

Além dos fluidos pesados que interferiram no mal estar que você hoje experimentou, preponderam, segundo o parecer deles, os fatores da altura sobre a circulação. Afirmam, porém, que você pode ficar tranqüilo em sua permanência na montanha que não deve, ser prolongada além de três a quatro dias.

Quanto ao mais, meu querido Ricardo, conserve a convicção de que a morte, em nos separando na esfera corpórea, mais não fez que enlaçar-nos cada vez mais intensamente um ao outro e, pedindo a Jesus abençoe neste mundo todos os seus passos e todas as suas horas, para que a nossa comunhão seja sempre maior e mais feliz em plena eternidade.
Sou a velha companheira, muito reconhecida, que traz o seu carinho e o seu nome dentro do coração.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: “Paginas do Coração”. Ditada pelo Espírito Irmã Candoca.

Aniversário

Meu querido Ricardo!

Deus nos fortaleça na caminhada redentora.

Novo natalício na vida espiritual seria sempre motivo de júbilo sem fim, se nos mantivéssemos reunidos uns aos outros... Entretanto, minha alegria é indefinível, porque se a carne nos separa provisoriamente, estamos entrelaçados em perfeita comunhão, pelos divinos laços do espírito, alentando-me a fortaleza de prosseguir na luta, pela nossa renovação. Por isso, venho agradecer ao seu carinho as flores que a sua dedicação fez desabrochar em torno de minha singela memória no dia 19 deste mês.

O devotamento de seu espírito, o amor que vibrou na expressão de seu gesto inolvidável, arrancaram-me lágrimas de emoção e agradecimento. E se é verdade que você me recordou a passagem na felicidade com que muitos corações receberam a sua demonstração de fraternidade e de afeto, eu também atravessei a data querida de alma voltada para a sua devoção, que me encoraja na sementeira nova.

Elevei minhas preces ao Senhor e roguei-O para que a luz divina fulgurasse em todos os recantos de seu roteiro abençoado na terra. Estou convencida de que as nossas saudades de hoje serão as bênçãos de amanhã, porque Jesus, meu querido Ricardo, receberá a sua boa vontade por recurso sublime, respondendo a suas rogativas com a manifestação de Sua bondade infinita.

A sua força de resolução na prática do bem será o alicerce de nosso futuro, que desejo repleto de venturas para o seu coração generoso e sensível. Suas mãos, com a graça do alto, já aprenderam a semear os lírios ocultos da caridade e o divino Jardineiro conhece as suas lágrimas de fé viva e esperança ardente, transformadas em orvalho bendito de realizações do presente e do porvir.

Com o auxílio divino, os seus ouvidos, os olhos, os pensamentos e sentimentos, já se encontram sob os raios de uma alvorada nova e compreensão íntima da Lei de Amor – que nos rege os destinos.

Em razão disso, os seus atos de cristão, agora, falam mais alto perante o nosso divino Mestre.

Antigamente éramos quase comparáveis aos paralíticos, pela indiferença com que observávamos o florescimento das bênçãos espirituais ao redor de nossos passos, contudo, hoje, ao toque milagroso de Jesus, através do Evangelho, resplandece para nós dois um novo caminho.

Perdoemos aqueles que ainda não nos podem compreender. Todos os frutos amadurecem na época própria e aquele coração que se ilumina ao contato do Cristo não precisará lutar pela palavra, a fim de que as convicções alheias se façam sentir. Bastam-lhe as irradiações santificadas e puras, a fim de que a verdade neles se revele sem ruído e contenda.

Estou muito feliz, reconhecendo o seu esforço porfiado na restauração da serenidade, com que devemos solucionar os problemas e questões mais difíceis da vida.

Ricardo, nestes cinco anos de espiritualidade, tenho observado inesquecíveis lições no desdobramento de cada dia. Agora, compreendo que consertar um milímetro de sentimento em nós mesmos vale mais que edificar grandes extensões de obras humanas, fora de nosso próprio espírito. Antes de tudo, é indispensável acender a claridade própria, para que a sombra não nos perturbe; santificar a tranqüilidade para que a discórdia dos outros não nos atinja; melhorar o entendimento para que a incompreensão alheia não nos fira em plena jornada.

Dar de nós mesmos, para que a vida nos entregue os seus tesouros de sabedoria e de amor, é a nossa programação elevada.

Bem-aventurado seja o seu coração que conseguiu ambientar as sementes divinas, à maneira de um vaso obediente aos desígnios do Senhor. Grande é a alma e a minha esperança em nossa vitória nos tempos que hão de vir e não descansarei antes de vê-lo completamente feliz no porto da perfeita segurança. Aqui, a visão é muito mais clara, a razão mais alta e percepções muito mais vivas e, então reconhecemos quanta grandeza existe na dor que arrebanha as almas para o Céu.

Somos dessas ovelhas felizes que o cajado bendito do sofrimento encontra na floresta da experiência humana. E por uma disposição milagrosa que só nós dois entendemos, esse cajado separou-nos e uniu-nos, deu-nos espinhos e rosas, conferiu-nos pranto e alegria, aflição e bem-estar, porque, se a realidade na luta carnal é de angústia e sombra, pelo espírito estamos alegres e triunfantes, celebrando orações e bênçãos à passagem da morte entre nós dois. É Jesus quem realizou esse prodígio de carinho, porquanto, na atualidade, avançamos com muito mais confiança para a vitória do amor eterno.

Agradeço a você as lembranças que destinou e distribuiu em meu nome, comemorando-me o aniversário espiritual.

Cada sorriso, cada nota de gratidão, cada cântico silencioso de regozijo que você plantou no círculo dos nossos amados companheiros, ecoaram em minh’alma por divina música, acentuando-nos a doce harmonia e a santa felicidade na vida nova. Esses companheiros, Ricardo, são, presentemente, a nossa verdadeira família – a família dos que necessitam de nossa cooperação, onde nossa amizade possa produzir algo de bom ou de agradável em nome do Senhor.

Beijo as mãos carinhosas e peço a você que continue nesse plano feliz de aumentar o número de nossos irmãos e de nossos filhos, em toda a parte onde possamos semear o estímulo e o contentamento.

O amor é a divina moeda que garante os bens do céu e, oscultando-lhe a alma devotada ao bem, rogo a Jesus acrescente as suas energias para estendermos, sempre mais além, a luz de nossa fé e de nosso anseio de servir em Seu nome.

A Maria Isabel está em minha gratidão e amizade como sempre e não lhe esqueceremos a saúde necessitada de nova medicação. Em nosso conjunto doutrinário, estamos agindo e lutando com a expectativa dos trabalhadores fiéis que confiam nas bênçãos do Alto, para que o celeiro do bem se torne cada vez mais precioso e mais farto.

De nossos amados filhinhos não ando esquecida e, junto de cada um deles, vou movimentando energias novas para que avancem pelo caminho de dever bem cumprido, até que, um dia, possam formar conosco na iluminada fileira dos servidores de fé ardente e pura.

E para terminar, por hoje, meu querido Ricardo, imploro ao nosso Jesus amado lhe multiplique os dons de auxiliar, com o júbilo de agir e de trabalhar em Seu nome, em nosso favor e em favor de quantos possam necessitar mais do que nós mesmos, na estrada imensa da vida.
E de alma unida à sua alma, na mesma vibração de confiança e ternura de todos os dias, sou a companheira reconhecida, sempre devotada e sempre sua.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: “Paginas do Coração”. Ditada pelo Espírito Irmã Candoca.

Algema

Meu querido Ricardo!

Que a bondade infinita de Deus nos abençoe.

Correm os dias para o corpo e a experiência na Terra, à medida que o tempo avança sobre a carne, é alguma cousa semelhante ao nevoeiro que se adelgaça...

A noite como que vai tocando a seu termo e o nosso coração se banha, feliz, aos primeiros raios da nova aurora. Um sol diferente nos ilumina – o astro de um entendimento mais alto e mais nobre, a cuja claridade bendita, cada pessoa e cada cousa do mundo aparecem no lugar que lhes é próprio.

Uma profunda compaixão torna a nossa alma, diante de tudo o que signifique incompreensão e ignorância e aprendemos, meu querido companheiro, a seguir viagem, quase a sós, pelo monte acima dos sofrimentos santificadores.

Semelhante subida não é de todos. Muitos se deixam desanimados, no fundo vale do desalento, da tristeza, da desolação. Muitos se apegam a velhos enganos do campo físico e algemam-se a pedaços de ouro e pó, quais se fossem tesouros de luz para acordarem, mais tarde, em plena sombra...

A ascensão pelo trilho escabroso é daqueles que sabem despregar a si mesmos, violentando o próprio coração para adquirirem o ensinamento vivo da renúncia salvadora. Somente a boa vontade com aplicação às lições edificantes do Mestre consegue impulsionar-nos para o alto, porque, enquanto nos confiamos ao cárcere do nosso orgulho e da vaidade, fazendo valer apenas os desejos sobre os interesses e necessidades do próximo, enquanto nos perdemos na teia escura de nossos caprichos, as dívidas pesadas nos algemam à lama e à treva de nossas antigas imperfeições.

Abençoada seja, desse modo, a fé sublime que nos levanta os corações para uma nova interpretação da vida e do mundo.

Possuir para dar.

Sacrificarmo-nos com pouco, a fim de que os companheiros de jornada possuam o maia de nossas possibilidades.

Sermos pequeninos para que o próximo seja maior.

Voltar contra nós o buril do aperfeiçoamento, para que o mármore do coração deixe plasmada em nós mesmos a escultura divina da humildade.

E nesse serviço abençoado, chorar para dentro do peito as oportunidades perdas com a esperança de nos esforçarmos mais proveitosamente amanhã, em favor da elevação espiritual, suportando os espinhos e as pedras da marcha, a fim de que, mais cedo, possamos encontrar nos píncaros do conhecimento e da bondade os primeiros raios da divina luz.

Agradeço a você, meu querido Ricardo, quanto vem fazendo por nosso progresso. Creia que o seu trabalho me pertence, que o suor de sua ama é igualmente meu. Somos lavradores do campo humano que recolhem, hoje, as espigas amadurecidas de nossa sementeira de ontem, a fim de espalhar-lhes os grãos de amor e luz, com todos os nossos irmãos menos felizes do grande caminho. Cada vez que os seus braços se estendem para ajudar, que o seu pensamento se alonga para orar ou meditar, sinto-me crescer em espírito para a vida superior.

Estamos entrelaçados com inúmeros amigos e inimigos do passado e, somente aqui, você poderá calcular a extensão de minhas palavras. É preciso perdoar muito e esquecer ainda mais, a fim de que o espírito consiga adiantar-se na senda sem maiores obstáculos.

Cada vez que o coração sangra de dor na Terra, é a impureza que expulsamos do íntimo de nós mesmos, convertendo-nos o espírito em uma consciência mais sutil, mais renovada e mais bela, pronta a desferir vôo em demanda das esferas imortais da celeste união. Quem nos atormenta, nos auxilia. Quem nos fere, nos aperfeiçoa. Quem nos bate ou humilha é nosso benfeitor, desde que saibamos recordar o Senhor e imitar-Lhe os exemplos no sacrifício e na cruz.

Não tema, pois, os percalços do roteiro. Quem não luta, costuma enganar-se. Quem para, dorme. E quem se entrega a sono da alma, tarde contempla o sublime despertar.

Avancemos, assim, com as dificuldades e dores, embora estejamos na situação de retirantes solitários, que não podem desfrutar, por agora, a companhia dos entes mais caros. Não duvidemos, porém, da divina bondade. Tudo está em seu lugar.

A flor precisa de tempo para converter-se em fruto. A semente reclama ocasião adequada para germinar, medrar, desenvolver-se e florir. Estamos subordinados em todos os serviços e em todas as atividades do mundo, à ordem evolutiva. Tudo deve progredir e produzir a seu tempo. Consola-me, acima de tudo, a convicção de que os filhinhos amados são jóias do Tesouro de Deus. Não está em nossas mãos o poder de usa-las como nos aprouver, mas podemos reter a felicidade de sabe-los fortes e contentes no desempenho dos desígnios do Senhor, que é o supremo Orientador de nossos destinos.

Baste-nos, por agora, a Maria. Amorosa amiga e devotada irmã, sinto-me sinceramente feliz reconhecendo-lhe a grandeza de coração no serviço de nossa preparação, dia a dia, para o reencontro na luz espiritual. E amparando-nos, uns nos outros, busquemos a proteção do alto em primeiro lugar com a execução de todos os deveres.
Extremamente satisfeita com o seu esforço na vinha da caridade e da iluminação e, esperando possamos nós dois avançar para a frente, invariavelmente juntos, sob a custódia de Jesus, cujo exemplo é o nosso farol, abraça-o com todo o carinho e beija-lhe o abnegado coração a companheira da eternidade.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: “Paginas do Coração”. Ditada pelo Espírito Irmã Candoca.

Ajudar

Meu querido Ricardo!

Jesus nos abençoe.

Agora que você retorna à paisagem das lutas cotidianas, guarde a convicção de que meu pensamento segue o seu coração em todas as particularidades do nosso caminho e luta. A existência é como a passagem através de um túnel grande e cheio de sombras.

Incline-se, cada vez mais, ao lado daqueles que lutam e choram na jornada, porque a vida no mundo é contada pelos bens que praticamos e não pelos dias que desfrutamos.

Toda vez que a sua prece se elevar às alturas, recorde que as minhas rogativas secundam as suas orações e as suas esperanças. Quando as suas mãos levantarem os desanimados e os caídos, estarei em seus braços, simbolizando a força com que você se consagra à caridade; quando seus olhos buscarem os desesperados e os abatidos para o esforço da consolação fraternal, permanecerei como a inspiração intangível de suas pupilas, hoje, abertas à sementeira da virtude; quando seu espírito acolher, com a palavra bondosa e com o gesto amigo, a criança e o velhinho sem teto e sem pão, descobrirá você a minha presença em seus impulsos mais íntimos, a fim de que, juntos possamos recuperar a luz e a alegria para a união eterna; quando seus ouvidos escutarem observações ingratas, sem os espinhos da reação e sem o fel da revolta, encontrará o meu carinho no fundo de seu pensamento, proporcionando forças vivas ao seu espírito amado, para que se desligue de todo mal; e quando sua alma surpreender-se erguida ao céu em aspirações desconhecidas e indefiníveis de paz, antegozando os júbilos do infinito, identificará com facilidade a minha ternura em sua nova fé, descerrando novos caminhos à sua visão espiritual.

Ricardo, à frente se desenham estradas maravilhosas e, com o favor divino, você acordou para o nosso consórcio excelso.

Onde apareciam pedras de incompreensão, surgem agora flores de amor sem fim, e onde a dor amargava o coração, nasce uma alegria sublime que nos renova para a espiritualidade santificante.

Agradeça a Jesus a oportunidade de trabalhar em uma boa nova de redenção e sigamos com o otimismo dos trabalhadores fiéis à verdade e ao bem, até o fim da grande batalha.

Trago à sua dedicação o meu ósculo de reconhecimento e carinho pela passagem do dia 15; efetivamente, não posso, como em outro tempo, encher-lhe a bondade com as surpresas do meu amor e de minha devoção, mas com a mesma lealdade de todos os dias estarei ao seu lado, misturando as minhas preces com as suas, em louvor ao Todo-Poderoso que nos permitiu o reencontro na Terra com a certeza de prosseguirmos imantados um ao outro, na Espiritualidade sem lágrimas e sem morte. Enquanto você reajusta o caminho para a nossa perfeita reintegração, mais tarde, procuro, por minha vez, enriquecer o nosso futuro de bênçãos, na Vida Maior.

Ajude a todos e, quanto possível afeiçoemo-nos à caridade incessante. Conserve a esperança por divino dom de nossas almas e não desfaleça. A semente da fraternidade frutificará também, a mil por uma, cada dia, com uma simples diferença de posição em confronto com as plantações da Terra, - é que a árvore do mundo tem as raízes no solo e produz à frente do céu; e a árvore sacrossanta do bem guarda as raízes no céu e flores frutificando à frente do mundo.

Agradeço a você tudo o que tem feito por minha memória. Seus pensamentos, palavras, atitudes, exemplos e gestos, representam a Felicidade verdadeira, porque se é inequívoca a minha presença ao seu lado no mundo, você permanece comigo em minha nova esfera de ação, com a mesma constância do princípio.

Minha vida é recordar e esperar, amando e servindo como Jesus nos ensinou, para ser forte hoje e merecer amanhã, o júbilo de sua companhia para sempre.

Nossos planos de ventura e prosperidade, de há quarenta anos passados, estão vívidos e resplandecem. Antigamente, suspirávamos pelos recursos destinados a tornar o caminho de nossos filhos menos escabrosos na Terra e, presentemente, Ricardo, pavimentamos a senda para o Alto, onde desejamos edificar o templo de paz e de alegria completas.

Sigo-lhe o roteiro, com o espírito enternecido e contente e muito feliz com o esforço laborioso a que você se dedica. E espero em Jesus a vitória sagrada que aguardamos, após haver cooperado para que os anjos de nossa vida se fizessem gente grande, com tarefas definidas no serviço do progresso e do dever e com a religião da consciência reta, antes de tudo.

Que Deus nos abençoe a boa vontade na caminhada para diante. Lutas, dificuldades, sombras, discórdias, obstáculos e dores, passam sempre como nuvens pesadas de tormenta dolorosa, mas necessária. A alegria e a esperança, contudo, permanecem invariáveis em nosso destino à maneira do céu azul que nunca se deixou vencer pelas tempestades.

Esta, meu querido Ricardo, é a minha singela carta de aniversário, neste mês de maio, inesquecível no livro de minhas lembranças do coração.

Que o dia 15 se reproduza muitas vezes, com a sua presença ao lado dos nossos filhinhos inolvidáveis, para que não somente eles e os netos possam receber o contentamento de seu convívio pessoal, mas também todos aqueles irmãos de luta da marcha humana, aos quais, hoje, nos devotamos com o entendimento novo que Jesus fez brotar em nossos corações.

E que em seu espírito paire a sublime certeza do amor indissolúvel da eternidade, para a maior exaltação da fé renovadora e de nosso profundo reconhecimento a Deus, são os votos ardentes de sua companheira de todos os instantes.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: “Paginas do Coração”. Ditada pelo Espírito Irmã Candoca.

Pai! Perdoa-lhes...

Quando o sangue do Redentor, exigido pelo interesse das classes parasitárias, borrifou a face de algozes postados ao pé da cruz, a alma do Eterno vibrou flamejante de cólera no seio do Infinito.

Então o Deus que expulsou Adão e Eva do Paraíso, privando-os das delícias do Éden por motivo de uma desobediência; o Deus que amaldiçoou o fratricida Caim, condenando-o à erraticidade; o Deus que mergulhou o mundo nas águas do dilúvio, exterminando a geração corrompida dos primeiros tempos; o Deus que mandou fogo abrasador sobre Sodoma e Gomorra, para punir a licenciosidade dos seus habitantes; o Deus que sepultou na voragem o exército do Faraó, quando perseguia Israel foragido; o Deus que arrasou os campos do Egito, enviando sete terríveis pragas para dobrar a cerviz daquela orgulhosa nação; o Deus que aniquilou as hordas dos filisteus, quando em luta com os filhos do povo eleito; o Deus que imprimiu direção à funda de David, abatendo o gigante Golias; o Deus que milagrosamente injetou novos vigores nos músculos flácidos de Sansão, para abater o templo gentio sobre os idólatras ali reunidos; o Deus forte e zeloso, cognominado Senhor dos Exércitos, que punia os pecadores até à quinta geração com desusada severidade; o Deus cuja voz remedava o soturno ribombo do trovão, e cuja presença era precedida de relâmpagos e coriscos que incendiaram as sarças do Sinai; o Deus onipotente, terrível em suas vinditas, ao ver o sangue do seu Unigênito, alçou a destra, e ia ordenar ao anjo do extermínio que extinguisse para sempre a Humanidade perversa e má, assassina de seu filho, quando o olhar sereno de Jesus a Ele se alçou, partindo ao mesmo tempo dos seus augustos lábios já lívidos e trêmulos pela aproximação da morte, a seguinte súplica: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem."

O Pai quedou-se. A destra, então alçada, pendeu inerte; e, desde esse momento, a onipotência de Deus, que até ali se ostentara pela força, começou a manifestar-se pelo amor.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Nas pegadas do Mestre”. Ditado pelo Espírito Vinícius

Lama e Corpo

Não nos esqueçamos de que o corpo na Terra é o filtro vivo de nossa alma.

Nossos pensamentos expressar-se-ão, segundo o sentimos, tanto quanto nossos atos serão exteriorizados conforme pensamos.

Todos os processos emocionais do coração atingem o cérebro, de onde se irradiam para o campo das manifestações e das formas.

Sensações e atitudes mais íntimas se nos mostram, invariavelmente, na vida de relação.

A gula produz a deformidade física.

O orgulho estabelece a irritação sistemática.

A vaidade conduz à perturbação.

A cólera dá origem a graves desequilíbrios.

O ciúme leva ao ridículo.

A maldade se transforma em delito.

O desânimo alimenta o caruncho da inutilidade.

A ignorância faz a penúria.

A tristeza improdutiva cria moléstias fantasmas.

Os hábitos indesejáveis trazem a antipatia em torno de quantos a eles se afeiçoam.

A paixão, não raro, conduz à morte.

Cada sentimento emite raios e forças intangíveis que lhe serão característicos.

Cultivemos a bondade, a compreensão e a alegria, porquanto nelas possuímos o manancial das energias de soerguimento e elevação da alma para Deus, nosso Pai e Misericordioso Senhor.

Nem corpo inteiramente mergulhado na Terra, nem espírito integralmente absorvido na contemplação do firmamento.

A árvore produz para o mundo, sustentando a vida, de raízes imersas no solo e de copa florida a espraiar-se em pleno Céu.

Aprendamos com a natureza.

A situação ideal será sempre a do equilíbrio com a vigilância concentrada por dentro.
Por isso mesmo, há muitos séculos, já nos afirmava a profecia: - “Guardai com carinho e cuidado o coração porque realmente dele é que procedem as correntes da vida”.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Neste Instante”. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Influências

Queixas-te de influências perniciosas que te desgastam a vida.

Alegas que espíritos sofredores te vampirizam as horas e que obsessores te viciam os pensamentos.

E, muitas vezes, a cada dia, experimentas tensão e desespero, cólera e enfermidade.

Para conjurar o perigo, recorres à oração e aos conselhos edificantes.

Tais medidas, no entanto, não obstante providenciais, podem ser comparadas às receitas médicas que, apesar de preciosas, passam despercebidas, se os recursos indicados não forem usados conforme as prescrições.

Isso equivale dizer que os agentes externos são necessários à nossa própria preservação contra os males que nos atormentam, entretanto, se nos propomos realmente a vencê-los, analisemos a nossa posição individual no campo das influências.

Se sabemos marcar os que nos ferem, aqueles aos quais ferimos igualmente podem marcar-nos.

Aos que nos sugiram algo, algo conseguiremos também sugerir.

A solução do problema, em matéria de influências nocivas, será alcançada se criarmos a força e a sugestão do bem no ambiente menos desejável que nos rodeie.

Para isso é preciso que o entendimento e a união se façam ingredientes essenciais de nossa própria atitude.

Não temos necessidade de recear as influências chamadas perniciosas, porquanto, se outros nos influenciam o caminho, também nós desfrutamos a possibilidade de influenciar o caminho alheio.

E estamos convencidos de que tudo aquilo que doarmos aos nossos irmãos para nós voltará.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Neste Instante”. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Convites de Amigo

Trabalha sempre.

Age servindo.

Não grites.

Fala auxiliando.

Escuta com paciência.

Não te encolerizes.

Não te lamentes.

Não te desculpes.

Conserva a simplicidade.

Nada compliques.

Não percas tempo.

Usa a serenidade.

Fica em teu lugar.

Evita discussões.

Verifica o que fazes.

Consagra-te ao bem.

Caminha com cautela.

Não avances demais.

Aceita-te como és.

Faze o melhor de ti.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Neste Instante”. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Beneficência e Coragem

Uma espécie de beneficência, da qual poucos amigos se lembram: a caridade da coragem.

Reflete nos companheiros que, por falta de energia emocional, adoeceram diante de confidências amargas;

nos que se envenenaram pelo ressentimento, perante calúnias que lhes foram assacadas, e não vacilaram chegar até a delinqüência;

naqueles outros que recearam facear as dificuldades da vida e se conturbaram, caindo na rede dos alucinógenos sem necessidade;

nos que se impressionaram, sem razão, com determinados sintomas e se recolheram no quadro das doenças imaginárias, afligindo aos corações que mais amam;

nos que se deixaram induzir por teorias negativas, com respeito ao trabalho, e acompanharam irmãos revoltados e infelizes.

Pensa na tranqüilidade daqueles que te aguardam a assistência e o carinho e cultiva a coragem da perseverança nos deveres que abraçaste.

Medita nas calamidades afetivas provocadas pela deserção daqueles que não quiseram ou não souberam honrar os próprios compromissos e pede aos Céus a força precisa para esquecer a tenmtação e o medo, a omissão e a discórdia, porque é indispensável conservar muita força espiritual para manter, a benefício dos outros, a coragem de ser fiel às Leis de Deus.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Neste Instante”. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Na Senda Renovadora

Não alegues a suposta ingratidão dos outros para desertar da Seara do Bem.

Na engrenagem da vida, cada qual de nós é peça importante com funções específicas.

Considera o poder de auxiliar que te foi concedido.

Ninguém recebe o conhecimento superior tão-só para o proveito próprio.

Saibamos dividir o tesouro da compreensão em parcelas de bondade.

Recorda que te apoias no concurso de muitos corações que te escoraram, um dia, no recinto doméstico, sem aguardar o brilho de qualquer premiação.

Revisa as sendas trilhadas e redescobrirás na base da tua riqueza de espírito um amigo anônimo encanecido entre a dificuldade e na base da tua riqueza de espírito amigo anônimo encanecido entre a dificuldade e abnegação, ou a assistência de um companheiro que muitas vezes te haverá desculpado as fraquezas e as incompreensões, a fim de que amadurecesses no entendimento da vida.

Reflete nisso e concluirás que Deus jamais te falhou no instante preciso.

Reconhecerás que essa mesma Divina Providência que te resguardou pelo devotamento de braços alheios, espera agora sejas a proteção dos nossos irmãos mais fracos.

Não sonegarás benevolência onde repontem agravos.

Lembrar-te-ás da Infinita Bondade do Criador, que improvisa o oásis na aridez do deserto tanto quanto cultiva o jardim na amargura do pântano, e amarás sempre, aprendendo a distribuir os talentos de tuas aquisições espirituais.

Ninguém consegue adivinhar os prodígios do amor que nascerão de um simples gesto de bondade perante um coração que as circunstâncias menos felizes relegaram por muito tempo à secura, tanto quanto ninguém pode prever a alegria dos frutos que virão de uma simples semente nobre, lançada ao solo por muito tempo largado à negligência.

Seja qual for o contratempo que te erija em obstáculo na estrada a percorrer, age para o bem.

Ambientado a fé no próprio íntimo, alterou-se-te a paisagem no dia-a-dia.

Faze dela instrumento de trabalho e lâmpada acesa no caminho.

Quando assinalaste a verdade que te ilumina o espírito, tiveste o coração automaticamente induzido a integrar a legião dos companheiros do Cristo, e diante do Cristo nenhum de nós poderá esquecer-lhe a inesquecível convocação.

“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Mediunidade e Sintonia”. Ditada pelo Espírito Emmanuel

Mediuns

Não procures o médium dos Espíritos Benfeitores, qual se fosses defrontado por um ser sobrenatural.

Quem se empenha a semelhante adoração, copia a atitude dos companheiros de Moisés, quando se devotam aos ídolos inativos, com a diferença de que a nossa fantasiosa adoração estaria centralizada em torno de um ídolo animado e naturalmente falível,

O médium é um companheiro.

É um trabalhador.

É um amigo.

E é sobretudo nosso irmão, com dificuldades e problemas análogos àqueles que assediam a mente de qualquer espírito encarnado.

O nosso objetivo é buscar a luz do Espírito, que flui da lição que se derrama da Vida Maior, e não o garimpo de fenômenos superficiais, que brilham quais foguetes de artifício, impressionando a imaginação sem proveito real para ninguém.

Lembre-nos de que nós outros os aprendizes do Evangelho, estamos em torno do Médium de Deus, que é Jesus, há quase dois mil anos, não mais qual Tomé, sondando-lhe as chagas, mas na posição de discípulos redivivos, que procuram e encontram, não a figuração material do Senhor, mas a sua palavra de vida eterna, estruturada no espírito imperecível em que se lhe gravaram os ensinamentos imortais.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Mediunidade e Sintonia”. Ditada pelo Espírito Emmanuel

Mediunidade e Nós

Nem sempre conseguirás materializar os amigos da Vida Maior para satisfazer a sede de verdade que tortura a muitos de nossos companheiros na Terra, mas sempre podes substancializar essa ou aquela providência suscetível de prodigalizar-lhes tranqüilidade e consolação.

Nem sempre sonorizarás a voz de desencarnados queridos para recoforto dos que choram de saudade no mundo; no entanto, sempre podes articular a frase calmante que lhes transmita encorajamento e esperança.

Nem sempre obterás a mensagem de determinados amigos que residem no Mais Além, para a edificação imediata dos que sofrem no Plano Físico; entretanto, sempre podes improvisar algum recurso com que se lhes restaurem a energia e o bom ânimo.

Nem sempre lograrás a cura de certas enfermidades no corpo de irmãos padecentes; todavia, sempre podes lenir-lhes o coração e aclarar-lhes a alma, com o apoio fraterno, habilitando-lhes a mente para a cura espiritual.

Nem sempre te evidenciarás como sendo um fenômeno, mas sempre podes, em qualquer tempo, ser o auxílio a quem necessite de amparo.

Médium quer dizer intérprete, medianeiro.

E dar utilidade à própria vida, transformando-nos em socorro e bênção para os demais, é ser médium do Eterno Bem, sob a inspiração do Espírito de Jesus Cristo, privilégio que cada um de nós pode usufruir.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Mediunidade e Sintonia”. Ditada pelo Espírito Emmanuel

Mediunidade

Mediunidade sem exercício no bem, é semelhante ao título profissional sem a função que lhe corresponde.

A medicina é venerável em sua finalidades, mas se o médico abomina os doentes, não lhe vale o ingresso no apostolado da cura.

A lavoura é o serviço que assegura à comunidade o pão de cada dia, contudo, se o homem do campo odeia o arado, preferindo acomodar-se com a inércia, debalde a gleba em suas mãos recolherá o apoio do sol e a bênção da chuva.

Mediunidade não é pretexto para situar-se a criatura no fenômeno exterior ou no êxtase inútil, à maneira da criança atordoada no deslumbramento da festa vulgar.

É, acima de tudo, caminho de árduo trabalho em que o espírito, chamado a servi-la, precisa consagrar o melhor das próprias forças para colaborar no desenvolvimento do bem.

O médium, por isso, será vigilante cultor do progresso, assistindo-lhe a obrigação de aprimorar-se incessantemente para refletir com mais segurança a palavra ou o alvitre, o pensamento ou a sugestão da Vida Maior.

Nesse sentido, sabendo que a experiência humana é vasta colmeia de luta na qual enxameiam desencarnados de toda sorte, urge saiba ajustar-se à companhia de ordem superior, buscando no convívio de Espíritos Benevolentes e Sábios o clima ideal para a missão que lhe compete cumprir, significando isso disciplina constante no estudo nobre e ação incansável na beneficência em favor dos outros.


Essa é a única senda de acesso à vida mais alta, através da qual, auxiliando sem a preocupação de ser auxiliado, servindo sem exigência e distribuindo, sem retribuição, os talentos que recebe, poderá o medianeiro honrar efetivamente a mediunidade, por ela espalhando os frutos de Paz e Amor que lhe repontam da vida, em marcha gradativa para a Grande Luz.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Mediunidade e Sintonia”. Ditada pelo Espírito Emmanuel

Fenômeno e Doutrina

Até hoje, os fenômenos mediúnicos que se desdobraram à margem do apostolado do Cristo se definem como sendo um conjunto de teses discutíveis, mas os ensinamentos e atitudes do Mestre constituem o maciço de luz inatacável do Evangelho, amparando os homens e orientando-lhes o caminho.

Existe quem recorra à idéia da fraude piedosa para justificar a transformação da água em vinho, nas bodas de Caná.

Ninguém vacila, porém, quanto à grandeza moral de Jesus, ao traçar os mais avançados conceitos de amor ao próximo, ajustando teoria e prática, com absoluto esquecimento de si mesmo em benefício dos outros, num meio em que o espírito de conquista legitimava os piores desvarios da multidão.

Invoca-se a psicoterapia para basear a cura do cego Bartimeu.

Há, todavia, consenso unânime, em todos os lugares, com respeito à visão superior do Mensageiro Divino, que dignificou a solidariedade como ninguém, proclamando que “O maior no Reino dos Céus será sempre aquele que se fizer o servidor de todos na Terra”, num tempo em que o egoísmo categorizava o trabalho à conta de extrema degradação.

Fala-se em hipnose para explicar a multiplicação dos pães.

O mundo, no entanto, a uma voz, admira a coragem do Eterno Amigo que se consagrou aos sofredores e aos infelizes sem qualquer preocupação de posse terrestre, conquanto pudesse escalar os pináculos econômicos, numa época em que, de modo geral, até mesmo os expositores de virtude viviam de bajular as personalidade influentes e poderosas do dia.

Questiona-se em torno do reavivamento de Lázaro.

Entretanto, não há quem negue respeito incondicional ao Benfeitor Sublime que revelou suficiente desassombro para mostrar que o perdão é alavanca de renovação e vida, num quadro social em que o ódio coroado interpretava a humildade por baixeza.

Debate-se, até agora, o problema da ressurreição dele próprio.

No entanto, o mundo inteiro reverencia o Enviado de Deus, cuja figura renasce, dia a dia, das cinzas do tempo, indicando a bondade e a concórdia, a tolerância e a abnegação por mapas da felicidade real, no centro de cooperadores que se multiplicam, em todas as nações, com a passagem dos séculos.

Recordemos semelhantes lições na Doutrina Espírita.

Fenômenos mediúnicos serão sempre motivos de experimentação e de estudo, tanto favorecendo a convicção, quanto nutrindo a polêmica, mas educação evangélica e exemplo em serviço, definição e atitude, são forças morais irremovíveis da orientação e da lógica, que resistem à dúvida em qualquer parte.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Mediunidade e Sintonia”. Ditada pelo Espírito Emmanuel