sábado, 19 de abril de 2008

Aos pais de filhos problemas


Pai e mãe amigos confiam-nos o desabafo que muitas vezes ouvimos de outros pais e de outras mães:
De que adiantou tudo o que ensinamos? De que valeram nosso trabalho, nosso esforço e nosso sacrifício?
Houve ocasiões quando também pensamos assim – lhes respondemos, com nossa experiência de pai.
Referem-se eles a filhos que, atualmente, lhes acarretam tantos aborrecimentos e lhes suscitam tantas incertezas. Rapazes e moças que aparentam, na prática, no conflito de gerações, nada haver assimilado das lições recebidas no lar, durante muitos anos.
Contamo-lhes, então, a história que um dia Huberto Rohden compôs:
Uma experiência perdida: a minha. Depois de decênios de insanos labores, nada consegui. Minhas palavras de amigo, levou-as o vento. Meus conselhos de pai perderam-se no vácuo. Meus esforços de educador, pura perda. Tudo em vão. Assim dizes tu, assim gemes, meu grande pessimista.
Há decênios, entretanto, foi um cientista escavar no Egito. Depois de muito labutar e pesquisar, descobriu, no fundo de uma pirâmide, um sarcófago de pedra. Dentro do rijo esquife, a múmia de milhares de anos. Ao lado da múmia, punhado de cereais, tão antigos como aquela. Repousavam com a morte as sementinhas, aparentemente mortas. Plantou o cientista os grãozinhos duríssimos e vingaram esplendidamente!
E veio a explicação de um homem que conhecia a dinâmica da vida:
Modestos grãozinhos, meu pessimista, são as idéias e os ideais que pelo mundo espargimos. E quanto vêm cair em escuras pirâmides, ao lado de esqueletos, de múmias e fósseis! Quantas almas-múmias, quantos espíritos fósseis em torno de nós! Quanto sarcófago de pedra inerte acolhe os germes de nosso espírito!
Decorrem anos e parece que a nossa sementeira foi vitimada de morte eterna.
Um dia, porém, brotarão os germes que semeamos. Embora não o vejam os nossos olhos, nem o percebam os nossos ouvidos, despontará o dia da ressurreição e da vida.
Chegará o tempo da colheita.
É só ter paciência e esperar.

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