sábado, 19 de abril de 2008

A arte de perdoar


A amargura e o ressentimento são alguns dos problemas que mais prejudicado a vida de pessoas em todo o mundo. Muitas aflições que existem na sociedade são conseqüências diretas ou indiretas da falta do perdão na vida de uma pessoa: conflitos emocionais, desentendimentos familiares, divórcios, solidão, depressões, enfermidades psicossomáticas e distúrbios mentais são alguns dos problemas gerados ou agravados pela intolerância e rancor.

A paz e liberdade interior que tanto se busca no intuito de alcançar uma existência plena e saúde emocional, física e espiritual estão diretamente ligadas à atitude de perdão contínuo e incondicional. O perdão traz liberdade para aquele que perdoa, enquanto que o ressentimento é sentir novamente, voltar a lembrar e reviver mentalmente ocorrências negativas que já poderiam ter sido esquecidas se tivéssemos recorrido ao bálsamo curativo do perdão. Por isso, Jesus nos ensina a orar dizendo: “perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” (Mateus 6:12).

O Poder Sublime do Perdão

Certo dia, uma mulher inconformada com o rompimento de seu noivado que já durava quase dois anos, infelizmente permitiu que a mágoa e o ódio se instalassem em seu coração e fez um telefonema ao seu ex-noivo. Nesta ligação ela derramou todo o amargor e revolta que sentia naquele momento.

Assim que o rapaz ouviu estas palavras de revolta, acolheu-as igualmente em sua mente, tornando-se completamente irritado e com os nervos à flor da pele. Encontrou, logo depois, um de seus funcionários e, alegando uma pequena falha na execução de um serviço, repassou a este funcionário toda aquela carga emocional negativa que trazia consigo.

Foi a hora então deste funcionário passar a sentir-se intensamente colérico, sem dizer o porquê. Guardou essa emoção dolorosa em seu íntimo, permanecendo desgostoso por muitas horas e, horário de seu almoço, ao invés de realizar sua refeição tranqüilamente, descarregou em sua sogra esta perigosa energia do ódio. Tão somente por alguns poucos minutos de atraso no preparo do almoço, dissera a esta senhora várias palavras duras e ásperas, sentindo-se um pouco mais aliviado momentaneamente, embora a culpa e a tristeza viessem a acompanhá-lo pelo resto do dia em decorrência das agressões verbais dirigidas a esta mulher.

Agora foi a vez desta senhora ser a portadora do raio invisível da raiva em seus sentimentos, sentindo-se presa de uma cólera repentina e quase que incontrolável. Subitamente sentindo-se ferida e magoada, dirigiu-se ao porteiro do prédio em que morava e tratou-o de forma deseducada e indesejável, envolvendo-o completamente naquela nuvem de descontrole e antipatia.

Não tendo em quem descarregar o desequilíbrio que passou a sentir, este homem, pretextando um grande mal estar, pediu a seu patrão que providenciasse um substituto para o trabalho daquele dia e rumou, pleno de ódio, em direção ao lar de seus pais, onde o aguardava seu idoso e bom pai para o jantar. Este homem chegou e descarregou sobre este bom senhor toda a ira de que se tornou portador.

- Não agüento mais! Disse em desespero – O senhor é responsável pelos problemas que me acontecem! Estou cheio desta vida miserável! Suma de minha vista!...

Disse palavras detestáveis. Criticou, gritou revoltado e temporariamente enlouquecido de ódio.

Seu digno e amoroso pai, no entanto, ao invés de se irritar, segurou suas mãos e lhe falou com bondade e humildade:

- Aproxime-se, meu filho. Você se encontra aflito e cansado. Conheço a sua dedicação por nossa família e compreendo que você possui motivos para se queixar. Entretanto, tenhamos esperança e paciência! Recordemos o querido Mestre Jesus. Tudo passa nesta vida, procuremos o auxílio do Cristo e nos dediquemos a vivenciar a bondade que Ele nos ensinou.

Abraçou-o afetuosamente e acariciou-lhe o cabelo.

O filho passou a fixar aqueles olhos sábios e amorosos e notou tanta afeição e tamanho perdão que não pode conter as lágrimas a correr de seus olhos, pedindo-lhe desculpas de forma sincera e comovida.

Surgiu então naquele modesto e agradável lar um derramamento de puras e verdadeiras alegrias e a celebração do verdadeiro entendimento e amor necessários à harmonia entre as pessoas. Tiveram um agradável jantar e realizaram uma comovida prece em agradecimento ao Pai Celestial.

A energia negativa do ódio desapareceu ali, no lar amoroso, diante da força celestial e restauradora do perdão.

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