quinta-feira, 25 de março de 2010

Estudando o Dinheiro

Não é a autoridade que solapa a elevação da alma . É o abuso do poder.

Não é a inteligência que destila o veneno intelectual. É a maldade com que a mobilizamos.

Não é o tesouro verbalístico que abre feridas naqueles que nos ouvem. É o modo com que arremessamos o estilete da palavra.

Não é a beleza da forma que gera o fel do desencanto. É a vaidade com que malbaratamos no desequilíbrio.

Assim também não é o dinheiro que nos condena aos processos da angústia. É a nossa maneira de empregá-lo, quando nos esquecemos de facilitar a corrente do progresso, através da ação diligente na fraternidade e do devotamento ao bem, com que nos cabe colaborar no engrandecimento do trabalho e da vida.

O ouro com Jesus é bálsamo na úlcera do enfermo, é gota de leite à criança desvalida, é remédio ao doente, é agasalho aos que tremem de frio, é socorro no lar sitiado pelo infortúnio, é assistência aos braços que suplicam atividade digna, é amparo aos animais e proteção à natureza.

O cofre forte nas garras da sovinice é metal enferrujado, suscitando a penúria, mas um vintém no serviço de Jesus pode converter-se em promissora sementeira de paz e felicidade.

Não amaldiçoes o dinheiro, instrumento passivo em tuas mãos. Faze-o servir contigo, sob a inspiração do Cristo, e todas as tuas possibilidades financeiras serão valiosos talentos em teu caminho, cooperando com teu esforço, na edificação do Reino de Deus.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Dinheiro. Pelo Espírito Emmanuel.

Estudando a Felicidade

Observa o que desejas e o que fazes, a fim de que ajuízes, com segurança, sobre a felicidade que procuras.

Certifiquemo-nos de que a alegria possui igualmente diversos níveis e de que nos compete, acima de tudo, cultivar a devoção aos valores amplos e substanciais que possam sobreviver conosco na Vida Maior.

No mundo, a felicidade varia com a posição das criaturas e se buscamos o Cristo por nosso mestre é indispensável saibamos conquistar o nosso estímulo de viver no clima do Sumo Bem.

Há pessoas que se contentam com o exclusivo reconforto de comer, dormir e procriar, guardando assim tão somente a felicidade que os seres mais simples cultuam nas linhas inferiores da natureza.

Vemos espíritos atilados no cálculo que apenas se comprazem, amontoando ouro ou utilidades, com desvantagem para os semelhantes, estabelecendo, desse modo, para si mesmos a felicidade dos loucos.

Anotamos companheiros da Humanidade que somente se rejubilam com a exibição de títulos suntuários, na ordem social ou econômica, cristalizando-se na vaidade ou no orgulho que lhes facilitam a espetacular descida para a morte, forjando, dessa maneira, em prejuízo deles próprios, a felicidade dos tolos.

Identificamos irmãos que apenas se honram na crueldade, sorrindo com o alheio infortúnio e alardeando compaixão que não sentem, construindo para si mesmos a felicidade dos que se instalam no purgatório da própria consciência.

A felicidade cristã, no entanto, é diferente. Nasce da alegria que venhamos a semear para os outros, desenvolve-se no bem infatigável, frondeja no espírito de serviço, floresce na esperança e frutifica no sacrifício daquele que se oferece para a materialização da felicidade geral.

Não te demores no prazer que hoje te suscita gargalhadas para cerrar-se amanhã em amargosa penitência.

Procuremos a felicidade de Jesus, que ainda não está completamente neste mundo, para que este mundo se levante para a felicidade perfeita.

Para isso, não desdenhes a tua cruz, porque somente através do desempenho de nossas obrigações na prática do bem é que encontraremos a nossa verdadeira vitória.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Dinheiro. Pelo Espírito Emmanuel.

Entendimento

Não olvides que a obra do entendimento, no edifício da tranqüilidade comum, é assim qual alicerce nos fundamentos do instituto doméstico, a erguer-se, acolhedor.

Efetivamente, não dispões de arcas repletas com que atender à exigência de todos os famintos da estrada, mas podes suportar com carinho o parente menos feliz que se socorre habitualmente em tua casa.

Em verdade, não conseguirás remédio bastante para todos os doentes da região em que te situas, entretanto, não te faltam possibilidades de tolerar o vizinho enfermo que, muitas vezes, te incomoda entre a obsessão e a necessidade.

Indiscutivelmente não deténs recursos para convencer aos amigos, enrijecidos na indiferença, quanto à realidade da justiça divina e da sobrevivência da alma, no entanto, podes com teu exemplo silencioso de bondade e renúncia, em favor deles, insuflar-lhes pensamentos de solidariedade e compreensão, preparando-lhes a futura sementeira de fé.

Decerto, não contas com facilidades e privilégios para remover os obstáculos à ordem pública, nem guardas contigo o poder de evitar as calamidades do quadro social em que o Senhor te conserva a existência, no entanto, podes auxiliar a teu filho ou a teu pai, a teu irmão ou a teu companheiro com a palavra generosa, com o sorriso amistoso, com a atitude compreensiva ou com a prece oculta na extinção de males iniciantes e imprevisíveis, porquanto não ignoramos que o incêndio, quase sempre, começa na fagulha imperceptível.

Cultiva o entendimento, mobilizando a ti mesmo nessa jornada de amor, e acenderás entre os homens aquela caridade que é senda de luz para a Vida Maior.

Usa o dinheiro a teu serviço, na beneficência que te enriqueces o caminho, e movimenta o teu verbo inflamado de cultura, no esclarecimento das almas, todavia, não te esqueças de que somente compreendendo aos outros para melhor servi-los, segundo os padrões do Cristo, nosso
Mestre e Senhor, é que estaremos realmente, no clima nutriente daqueles que se consagram à construção da Humanidade Melhor.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Dinheiro. Pelo Espírito Emmanuel.

Dinheiro

O dinheiro não compra o Céu, mas pode gerar a simpatia na Terra, quando utilizado nas tarefas do Bem.

Não paga a boa vontade, entretanto, semeia o benefício e o contentamento de viver, se nossa alma permanece voltada para a Divina Inspiração.

Não tem valor para o câmbio, depois da morte, contudo, é sustentáculo do progresso geral, se nosso espírito está centralizado nos objetivos de elevação.

Não é fator absoluto de alegria ou de felicidade, mas pode ser o remédio ao doente, a gota de leite à criancinha desamparada, o teto ao velhinho relegado ao frio da noite, o socorro silencioso ao peregrino sem lar.

Não é gerador de luz, entretanto, pode estender a fonte de idéias de consolação e de amor, em que muitas almas sequiosas de paz se dessedentam.

Não é a base da harmonia, mas, em muitas ocasiões, consegue devolver a tranqüilidade a corações paternos desalentados e a ninhos domésticos infelizes, toda vez que os nossos sentimentos se inclinam parara a verdadeira solidariedade.

Não permitas que o dinheiro te tome o coração, usando-te a vida, qual despótico senhor e sim conduzamo-lo, através da utilidade, do entendimento e da cooperação, sob os imperativos da lei de fraternidade que nos reúne.

Não nos esqueçamos de que Jesus abençoou o vintém da viúva, no tesouro público do Templo e, empregando o dinheiro para o bem, convertamo-lo em colaborador do Céu em todas as situações e dificuldades da Terra.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Dinheiro. Pelo Espírito Emmanuel.

Diante do Dever

Larga soma de tempo gastamos habitualmente na Terra, na inglória tarefa de fiscalizar a execução do dever que compete ao arbítrio e à possibilidade dos outros.

Observados exigentes dos poderes públicos, sabemos reprová-los com veemência, salientando-lhes as omissões e defeitos ...

Promotores de acusação desleal e gratuita, não vacilamos em agravar as faltas alheias, imprimindo-lhes criminosa feição para que se convertam em notícias escandalosas ...

Críticos sistemáticos, estamos prontos a pré-julgar, comentando sem compaixão os infortúnios do próximo, dilatando-lhes a extensão, por expor-lhe as mazelas à desconsideração e ao ridículo ...

Inquisidores risonhos nunca faltamos ao veneno sutil da maledicência na taça da conversão doentia, enevoando o caminho daqueles que nos rodeiam ...

E sempre que instados a destacar os “tempos novos” ou fixar diretrizes religiosas, proclamamos a crise moral do povo e o apodrecimento da Humanidade ...

Todavia, se realmente nos propomos a cooperar no trabalho reconstrutivo, confiemos o coração e a inteligência ao desempenho do dever em que a Bondade de Deus nos situa na ordem moral da existência, sabendo que quanto mais alto se nos levanta o conhecimento, mais ampla se nos revela a obrigação de servir, de vez somente ao preço de nossa fidelidade ao dever corretamente cumprido, é que chegaremos a fazer bastante luz para que a Terra se erga à condição de mundo melhor.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Construção do Amor. Pelo Espírito Emmanuel.

Diante da Lei

Perante os tribunais divinos a conspurcação da mulher que malbarata os dons sublimes da vida, não é a única forma de prevaricação que reclama a bênção do reajuste.

À frente dos juizes celestes, comparecem igualmente:

Os sacerdotes que se venderam ao simonismo.

Os magistrados que perderam a boa consciência nos mercados do suborno.

Os cientistas que negociaram a riqueza inapreciável da inteligência, trocando preciosidades da vida por escuros troféus da morte.

Os generais que perverteram a ordem, permutando-a por facilidades econômicas.

Os políticos que traficam no altar da confiança do povo.

Os administradores que dilapidam os tesouros públicos na exaltação dos seus interesses particulares.

Os artistas que rebaixaram as próprias emoções, vendendo as imagens da beleza ao prazer dos sentidos, animalizando a existência, ao invés de sublimá-la.

Os trabalhadores que corromperam a paz da própria alma, enganando o tempo e a si mesmos ...

Compadeçamo-nos da mulher – nossa mãe e nossa irmã, nossa filha ou nossa companheira – que qual fonte cristalina sofreu a visitação dos monstros da natureza a lhes poluírem as águas vivas!

Há misericórdia no Céu para os vencidos que o Senhor, mais tarde, arrebatará das garras do mal que, transitoriamente, os senhoreia!

Mas, examinemos a nós próprios! Inventariemos as nossas ações de cada dia e vejamos se o nosso coração não adulterou os mandamentos de amor que nos regem!

Estaremos usando a nossa fé para o bem?

De que modo utilizamos o conhecimento superior?

Que bênçãos extraímos do sofrimento e da luta?

Como agimos no círculo das próprias responsabilidades?

De que maneira gastamos os empréstimos e as possibilidades do Senhor? Que fazemos do tempo que Deus nos concedeu?

Depois do balanço diário de nossos pensamentos, palavras e atos, pratiquemos a bondade com todos, entre a fé e o serviço incessantes e não nos faremos réus passíveis de severo julgamento à frente da Lei.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Construção do Amor. Pelo Espírito Emmanuel.

Cegos

A sombra nos olhos físicos pode ser angustiosa provação, mas, a cegueira real é aquela que envolve o coração e a mente, na noite da rebeldia ou da ignorância.

É por isso que encontramos, no mundo, cegos de todos os matizes ...

Cegos cristalizados na usura, que nada enxergam, além do pobre tesouro amoedado, em que mergulham as mãos ávidas.

Cegos detidos no egoísmo destruidor, que nada vêm senão os caprichos em que se movimentam.

Cegos encarcerados no orgulho, supondo-se as únicas criaturas louváveis do Universo.

Cegos algemados à viciação, em que apagam a luz da própria consciência.

Cegos agrilhoados à preguiça, que somente enxergam as suas conveniências individuais, invariavelmente dispostos a vampirizar os semelhantes, à custa de queixas e lamentações.

Cegos atados à tristeza nociva, que menosprezam a graça do sol e as riquezas da vida, sustentando-se na imobilidade espiritual da revolta ou do desespero, olvidando que a vida é trabalho e renovação.

Cegos confiados ao abismo da descrença, que nada observam senão os espinhos de sarcasmo e negação, que lhes vicejam no íntimo ...

Para todos esses cegos que cruzam diariamente nosso passos elevemos ao Alto as nossas preces de auxílio, rogando ao Senhor nos mantenha acordados para as próprias responsabilidades, com a suficiente visão para o desempenho dos nossos deveres, ainda que esse despertamento nos visite, a cada hora, pela bênção edificante da dificuldade ou da dor.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Construção do Amor. Pelo Espírito Emmanuel.

Caridade e Merecimento

Em verdade, a maior expressão de amor que nos envolve na Vida é aquela da proteção de Nosso Pai Celestial, que tudo dispõe para a nossa felicidade.

O sol que nos visita farto de luz, a chuva que nos prepara a colheita de pão, a terra que nos asila e esclarece, a fonte que nos dessedenta, a árvore que nos auxilia e a semente que nos prove o celeiro, com todos os recursos da natureza, expressam o devotamento da Providência Divina, em nosso favor.

Dir-se-ia que Deus estabelece com os homens, seus filhos conscientes, um contrato, em bases de carinho paternal, com que lhes cede todas as possibilidades de enriquecimento com uma simples condição – a do trabalho com boa vontade e perseverança.

É por isso que, em renascendo na Terra, o espírito recebe com o instrumento do corpo físico a caridade maior do Senhor, porquanto vê-se novamente investindo de bênçãos para adquirir o tesouro do seu próprio engrandecimento.

Eis porque, caridade, na vida de relação, não se aparta da lei do merecimento.

Daí e dar-se-vos-á ensinou o Divino Mestre.

Ninguém receberá suprimento de graças, sem constituir-se distribuidor diligente delas.

Sem alicerces, a casa não se levanta.

Sem esforço, a lavoura não produz.

Assim também, no campo da habilitação espiritual do homem para a vida eterna, somente se eleva quem se devota à ascensão e somente alcança a luz divina quem lhe prepara adequado combustível na candeia da própria alma.

Sejamos caridosos para que a caridade nos auxilie.

Saibamos dar para receber com abundância.

A fonte da vida fornece as dádivas, que lhe fluem da corrente sublime, segundo a medida que levamos aos seus preciosos mananciais.

Aproximemo-nos do bem com o largo cântaro da boa vontade e do serviço, e a vida nos enriquecerá de sua paz invariável e de sua paz invariável e de imorredoura alegria.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Construção do Amor. Pelo Espírito Emmanuel.

Beneficência e Caridade

A beneficência alivia a provação.

A caridade extingue o mal.

A beneficência auxilia.

A caridade soluciona.

Distribuirás a mancheias algo do ouro que se te derrama da bolsa, entretanto, se nesse algo não puseres a luz de teu amor, em forma de respeito e carinho, ante as chagas do semelhante, não terás construído nele a compreensão que o fará reconciliar-se consigo próprio.

Oferecerás de tua inteligência preciosos recursos aos que desesperam na ignorância, mas, se furtas à lição a benção da simpatia, não estenderás ao companheiro que o sofrimento enceguece a claridade precisa.

Não é dádiva de tua abastança ou o valor de tua cultura que importam no serviço de elevação e aprimoramento da paisagem que te rodeia.

É o modo com que passas a exprimi-los, cedendo de ti mesmo naquilo que o Senhor te emprestou para distribuir, porquanto a atitude é o fator de fixação desse ou daquele sentimento no vasto caminho humano.

Vale mais o exemplo vivo de compaixão que a frase adornada de exaltação à virtude pronunciada tão-somente com a boca e aparece com mais beleza o gesto de fraternidade que a esmola reconfortante suscetível de ser espalhada por ti simplesmente com o esforço mecânico do braço.

Isso, porque todos precisamos de renovação interior para o acesso aos tesouros do espírito e, fazendo o bem, com o impulso de nossas próprias almas, valorizaremos a palavra com que venhamos a emiti-lo, edificando a vida em nós e junto de nós, com o próximo e conosco, realizando sempre o melhor.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Dinheiro. Pelo Espírito Emmanuel.

Banquete Interior

O conhecimento evangélico em nosso mundo íntimo é sempre milagrosa festa de luz.

É o banquete com o Pão que desceu do Céu, a inundar-nos de paz, esperança, fortaleza e alegria ...

Nossos velhos amigos – os ideais de felicidade que abraçamos – encontram novo apoio e se materializam em trabalho promissor de fé, vaticinando-nos abençoado futuro.

Alimentam-se, triunfantes, à nossa mesa farta de júbilo, e como que se exteriorizam, constantemente, através de pregações valiosas e apontamentos sublimes, no entusiasmo com que nos devotamos à salvação alheia.

Mas, temos também, na intimidade de nosso coração, antigos adversários do nosso equilíbrio e da nossa paz que, raramente, convocamos ao nosso deslumbramento.

É o orgulho – louco inimigo do nosso progresso ...

É a vaidade – infeliz companheira de nossos desequilíbrios ...

É a preguiça mental – infortunada mendiga, que estima residir conosco, paralisando os impulsos de servir ...

É o egoísmo – lamentável amigo destruidor, que teima em cristalizar-nos sombras da ignorância ...

É o ódio – milenário perseguidor a inclinar-nos para o despenhadeiro da vingança ...

É a ingratidão – triste comparsa de delitos escuros, a seguir-nos de remoto passado, induzindo-nos à dureza de coração.

É o desânimo – mísero pedinte, asilado em nossa alma, encarcerado nas trevas do medo de trabalhar e de algo fazer, na sementeira da caridade e da luz ...

Convidemos todos esses velhos companheiros de jornada evolutiva para o banquete do Evangelho em nosso templo íntimo.

E, de certo, se converterão em cooperadores prestimosos de nosso reajuste, transformando-nos em vivo santuário de bênçãos, para a execução plena e vitoriosa da Vontade de Deus.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Construção do Amor. Pelo Espírito Emmanuel.

Avareza

O avarento dos bens materiais é credor de reprovação, mas o avarento do amor é digno de lástima.

O primeiro se esconde num poço dourado, o segundo mergulha-se nas sombras do coração.

O sovina da fortuna amoedada retém pedras, metais e papéis de valor convencional, que a vida substitui na provisão de recursos à comunidade, mas o sovina da alma retém a fonte da felicidade e da paz, da esperança e do bom ânimo que constitui alimento indispensável à própria vida.

O primeiro teme gastar bagatelas e arroja-se à enfermidade e à fome.

O segundo teme difundir os conhecimentos superiores de que se enriquece e suscita a incompreensão, ao redor dos próprios passos.

O sovina da riqueza física encarcera-se no egoísmo.

O sovina das bênçãos da alma gera a estagnação onde se encontra, envolvendo-se ele mesmo em nevoeiro perturbador.

Ainda que não possuas dinheiro com que atender ás necessidades do próximo, não olvides o tesouro de dons espirituais que o Senhor te situou no cerne da própria alma.

Auxilia sempre.

Mais se faz útil quem mais se dedica aos semelhantes amparando-lhes a vida.

As casas bancárias e as bolsas repletas podem guardar a fria correção dos números sem consciência, mas o coração daquele que ama é sol a benefício das criaturas, convertendo a dificuldade e a dor, a desventura e a escassez em recursos prodigiosos, destinados à humana sustentação..


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Dinheiro. Pelo Espírito Emmanuel.

Apelo

Meus amigos.

Não basta recolher os frutos do caminho. É necessário fazer luz dentro dele para que não nos percamos nas trevas.

Amealhar os benefícios imediatos do Espiritismo, procurando-lhe as gratificações consoladoras será compreensível para nós todos, mormente na hora escura que a Terra vai atravessando no inquietante período de transição da atualidade.

Entretanto, não basta fartar-se a alma de reconforto superficial, de vez que o alívio nem sempre significa solução.

Saibamos aproveitas as graças e os favores da Doutrina de Amor que nos enriquece de conhecimento e esperança, plasmando no espírito a renovação que nos é indispensável.

Para isso, descurar o Evangelho será esquecer a escola e menosprezar a lição.

Consagremos alguns minutos, cada dia, à procura de orientação com o Instrutor da Imortalidade.

Evangelho no coração para que aprendamos a sentir.

Evangelho no pensamento para que não nos falhe o equilíbrio.

Evangelho na palavra para que não nos prendamos à perturbação.

Evangelho nos braços para que a preguiça não nos faça cair em seus despenhadeiros de sofrimento.

Para isso, é necessário ler os ensinamentos do Senhor e meditar-lhes a essência, imprimindo rumo certo ao barco de nossa vida.

Sem a bússola, a embarcação vagueia sem rumo.

Sem Jesus, comandando o nosso interior, erraremos na Terra, no corpo ou fora dele, ao sabor das circunstâncias e das influências alheias à nossa vontade, à maneira de folhas ressequidas ao vento.

Honremos a luz celeste que nos trouxe a bênção do Espiritismo e, cultivando o Evangelho na consciência, na família, no lar e na luta coletiva, converteremos o coração em santuário vivo em que brilhará para sempre a Vontade do Nosso Divino Mestre e Senhor.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Construção do Amor. Pelo Espírito Emmanuel.

Amar a Nós Mesmos

Amar a nós mesmos não é consagrarmos a vida à exaltação absoluta do corpo de carne que o homem serve de veículo provisório na luta redentora da Terra.

Certo, tanto quanto devemos atenção e assistência a qualquer máquina útil, não podemos relaxar no cuidado que nos merece a vestimenta física, entretanto, não nos cabe centralizar todos os objetivos da existência naquilo que, no fundo, seria a preservação da animalidade.

Amarmo-nos, então, será atendermos ao justo imperativo de nossa habilitação espiritual para a vida eterna.

Nesse sentido, é indispensável aproveitarmos o concurso valioso e eficiente da dor e da luta, do trabalho e do sacrifício, na aquisição de nossas melhores experiências para os círculos mais altos.

A pedra que fugisse ao buril e o vaso que se desviasse do clima asfixiante do forno jamais seriam arrancados do primitivismo agreste aos espetáculos da beleza e da utilidade.

Claro, portanto, que se realmente amamos a nós mesmos, não podemos perder a nossa oportunidade de elevação, através das provas e dos sofrimentos que o estágio curto na Terra nos oferece.

Renúncia é sublimação.

Obstáculo é auxílio.

Trabalho é posse de competência.

Disciplina é sementeira de altos valores espontâneos.

Obediência ao bem é construção do progresso comum.

Escravidão aos deveres da reta consciência é acesso à Vida Superior.

Silêncio é porta para a humildade.

Serviço de hoje aos semelhantes é influência divina amanhã.

Dificuldades bem superadas são bênçãos.

Se buscarmos, desse modo, amar a nós mesmos, saibamos desprezar o contentamento efêmero de algumas horas na carne escura e frágil, valorizando o nosso ensejo de aprender e crescer, com os entraves e sombras, com as dores e aflições do caminho terrestre, porque, purificando a nós mesmos, no sacrifício pelo bem dos outros, mais cedo alcançaremos a áurea da imperecível felicidade.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Construção do Amor. Pelo Espírito Emmanuel

A Pobreza Feliz

Quem se empobrece de ambições inferiores, adquire a luz que nasce da sede de perfeição espiritual.

Quem se empobrece de orgulho, encontra a fonte oculta da humildade vitoriosa.

Quem se empobrece de exigências da vida física, recebe os tesouros inapreciáveis da alma.

Quem se empobrece de aflições inúteis, em torno das posses efêmeras da Terra, surpreende a riqueza da paz em si mesmo.

Quem se empobrece de vaidade, amealha as bênçãos do serviço.

Quem se empobrece de ignorância, ilumina-se com a chama da sabedoria.

Não vale amontoar ilusões que nos enganam somente no transcurso de um dia.

Não vale sermos ricos de mentira, no dia de hoje, para sermos indigentes da verdade, no dia de amanhã.

Ser grande, à frente dos homens, é sempre fácil. A astúcia consegue semelhante fantasia sem qualquer obstáculo.

Mas ser pequenino, diante das criaturas, para servirmos realmente aos interesses do Senhor, junto da Humanidade, é trabalho de raros.

Bem aventurada será sempre a pobreza que sabe se enriquecer de luz para a imortalidade, porque o rico ocioso da Terra é o indigente da Vida Mais Alta e o pobre esclarecido do mundo é o espírito enobrecido das Esferas Superiores, que será aproveitado na extensão da Obra de Deus.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Dinheiro. Pelo Espírito Emmanuel

Quando Pedires

Quando pedires a Deus determinado tipo de amparo, não te esqueças de que Deus se manifestará por aqueles com os quais te cercou as trilhas da existência.

Serve sempre, ainda que seja pouco, porquanto muito pior que servir pouco, é não ter utilidade para ninguém.

Trabalha sempre, ainda que seja pouco, de vez que muito pior que trabalhar pouco. É afundar-se a pessoa no poço da inércia.

Auxilia sempre para o bem de todos, ainda que seja pouco, porquanto muito pior que auxiliar pouco, é não auxiliar em favor de alguém, de modo algum.

De tudo o que seja bom e útil, belo e nobre, é conveniente realizar sempre mais, porque quanto mais fizermos nas áreas do Bem, mais amplamente receberemos os bens da vida. Entretanto, se não pudermos realizar o máximo, atendamos pelo menos ao mínimo do que possamos fazer, de vez que todo muito depende do pouco a fim de começar.

...Se crises dessas te amarfanham a sensibilidade, não esmoreças e suporta com firmeza a tempestade espiritual em que te vejas, sem desertar do posto de serviço em que a Sabedoria da Vida te situou.

Provavelmente, agora não percebes os fios invisíveis que entretecem as ocorrências para o bem, no entanto, se permaneces fiel ao próprio dever, agindo e servindo, em tempo breve, reconhecerás, muito embora as provações sofridas, que a Lei de Deus, em nosso benefício, faz sempre o melhor.

Se algo te faz parar no serviço do Bem a que te impuseste, recebendo o empréstimo da existência no mundo, refaze as próprias energias, levanta-te das sombras da tristeza e não te acomodes com a inércia.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho Iluminado. Pelo Espírito Emmanuel

Perdoa Sempre

Perdoa sempre.

Auxilia aos outros, sem a preocupação de receber o amparo alheio.

Tudo aquilo que fizermos agora, será aquilo que colheremos depois.

...Consideremos, porém, que a fim de sanar os desajustes na engrenagem de nosso relacionamento recíproco, o Senhor nos concede a bênção da compaixão.

Se anotas a presença de amigos candidatos ao discernimento maior com as falhas naturais pelas quais se identificam, compadece-te deles e ampara-os com as forças ao teu alcance.

Abraça o trabalho do bem aos outros com alegria.

Aprende a colocar com o bem do próximo, na convicção de que ninguém progride a sós.

Trabalha e serve constantemente.

E certifica-te de que, onde o pensamento positivo do bem prevaleça, aí brilha o caminho do aperfeiçoamento de nossas alma para Deus, fortalecendo-nos para que estejamos na realização do melhor.

Em qualquer situação difícil, aparentemente insolúvel, usa mais paciência, porque a paciência é construção da alma sobre os alicerces da fé em Deus e, aplicando mais paciência onde estiveres, em quaisquer tribulações que, porventura, te apareçam, claramente vencerás.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho Iluminado. Pelo Espírito Emmanuel

Não Podes Modificar

Não podes modificar o mundo na medida dos próprios anseios, mas podes mudar a ti próprio.

Aprende a ganhar simpatia, sabendo perder.

Ouvindo sempre mais e falando um tanto menos, conseguirás numerosos recursos que te favorecem a própria renovação.

Não reclames. Restaura.

Não grites. Auxilia.

Asserena-te e serve.

Crê, trabalha e confia.

Não acuses ninguém.

A Justiça vê tudo.

Provações aparecem?

Silencia e trabalha.

Carência de recursos?

Deus nos supre de forças.

Plantando a felicidade dos outros, encontraremos a nossa própria felicidade.

Procuremos a vida, descerrando nosso coração ao trabalho incessante do Bem Infinito...

Porque, na realidade, só aquele que aprende e ama, renovando-se incessantemente, consegue superar os níveis inferiores da treva, subindo, vitorioso, ao encontro da Vida Verdadeira com a eterna libertação.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho Iluminado. Pelo Espírito Emmanuel

Imperioso Discernir

Imperioso discernir, a fim de que nos reconheçamos na condição de alunos, em todos os lances e dificuldades do caminho que nos foi apontado ao trânsito comum.

Empenhemo-nos em lutar pela própria elevação. Ninguém está excluído.

Não basta procurar para que o êxito te acompanhe.

É preciso saber o que fizeste daquilo que já encontraste.

Nas obras da fé puramente cristã, há lugar para colaboradores de todas as procedências.

Há quem alfabetize, quem doutrine, quem eduque, quem administre, quem
obedeça, quem socorra o corpo enfermo e quem reconforte o coração desesperado.

O essencial, em nossas tarefas de renovação, é trabalhar, fazer, auxiliar e produzir para o bem, fugindo à posição de espectadores indolentes. Razoável amparar aos que indagam e auxiliar aos que choram, entretanto, é imprescindível estender braço amigo aos que iniciam no aprendizado, em plena manhã da vida humana, para que aprendam a perguntar e a sofrer com proveito.

A Grandeza Divina absorve a pequenês humana em todos os ângulos da nossa jornada evolutiva.

Abracemo-nos na obra redentora do bem, já que não é possível, por enquanto, derrubar as fronteiras que separam os templos veneráveis uns dos outros.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho Iluminado. Pelo Espírito Emmanuel

Cada Manhã

Cada manhã, volves ao corpo que te suporta a intemperança e recebes a bênção do sol que te convida ao trabalho, a palavra do amigo que te induz à esperança, o apoio constante da Natureza, o reencontro com os desafetos para que aprendas a convertê-los em laços de beleza e harmonia e, sobretudo, a graça de lutar por teu próprio aprimoramento, a fim de que o tempo te erga à vitória do Bem.

Desencorajar leve impulso do Bem é o mesmo que sufocar a semente que, divina e multiplicada, será, no caminho, a base de nosso pão.

Chora, mas constrói o melhor ao teu alcance.

Sofre, mas adianta-te no caminho.

Todos somos parcelas de imensa legião de trabalhadores em nome do Cristo, com o dever de cooperar incessantemente para que a harmonia e a felicidade se ergam na Terra, a benefício de todas as criaturas.

Ainda sim, no contexto geral das atividades, às vezes de sacrifício a que somos chamados, é indispensável compreender que podes e deves conquistar a tua própria paz, e que a tua própria paz depende, exclusivamente, de ti.

...Entretanto, existe a âncora que resiste a todas as ventanias da adversidade. Resguardando-te nessa defesa, não há desequilíbrio que te arraste fora do lugar e do dever que te competem.

Apega-te essa âncora e não temas, porque essa amarra bendita ao alcance de todos é, claramente, Jesus Cristo.

Por mais sofras, guarda a fé em Deus e segue adiante, no caminho que a vida te deu a trilhar.
A própria Natureza é um livro de confiança na Providência Divina.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho Iluminado. Pelo Espírito Emmanuel

Buscai e Achareis

“Buscai e achareis”.
Amai os vossos inimigos.
Orai pelos que vos perseguem e caluniam.
Se alguém vos fere numa face, oferecei também a outra.
Acumulai tesouros nos Céus.
Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.”
Meditemos nas afirmações de Cristo a nosso respeito.
Nunca te permitas o vazio inútil na caminhada do Bem.
Não te fixes nos empeços da senda.
Reflete nas bênçãos recebidas.
Rememora os obstáculos que passaram e pensa nas alegrias que o trabalho te concede.
Nunca te rendas à tentação do repouso desnecessário e nem te aconselhes com o desalento de vez que, em tuas áreas de serviço, encontras sempre tudo aquilo de que mais necessitas, a fim de seguir adiante.
Conforme os princípios de causa e efeito, que nos traçam a lei da reencarnação, cada qual de nós traz consigo a soma de tudo o que já fez de si, com a obrigação de subtrair os males que tenhamos colecionado até a completa extinção, multiplicando os bens que já possuamos, para dividi-los com os outros, na construção da felicidade geral.
Recorda os esforços que desenvolves para que a bondade e a tolerância não se te afastem da vida e dispõe-te a entender e auxiliar, em louvor do Bem.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho Iluminado. Pelo Espírito Emmanuel

Abstem-se

Abstém-se de fixar as deficiências do companheiro e procura destacar-lhe as qualidades nobres, nas quais se caracterizem de alguma forma.
Examina o bem, louva o bem e estende o bem quanto puderes.
A paz pode passar a residir hoje mesmo em nosso campo íntimo. Basta lhe ofereçamos o refúgio da compreensão e isso depende unicamente de nós.
Se te encontras na condição de peça na engrenagem de hoje, a que se acolhem tantas criaturas aflitas, não te entregues ao luxo do desânimo e, sim, trabalha servindo sempre. É preciso aprender a suportar os revezes do mundo, sem perder a própria segurança.
Haja o que houver, trabalha na edificação do bem e segue adiante.
Dor, na maioria das vezes, é o tributo que se paga ao aperfeiçoamento espiritual.
Dificuldade mede eficiência.
Ofensa avalia a compreensão.
A própria morte é nova forma de vida.
Resiste aos movimentos que tendam a desfibrar-te a coragem e mantém-te de pé na tarefa a que a vida te buscou.
Recorda que tudo se altera para o bem.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho Iluminado. Pelo Espírito Emmanuel

No Serviço Assistencial

Desista de brandir o açoite da condenação sobre aspectos da vida alheia.

Esqueça o azedume da ingratidão em defesa da própria paz.

Não pretenda refazer radicalmente a experiência do próximo, a pretexto de auxiliá-lo.

Remova as condições de vida e os objetos de uso pessoal, capazes de ambientar a humilhação indireta para os outros.

Evite categorizar os menos felizes à conta de sentenciados à fatalidade do sofrimento.

Não espere entendimento e ponderação do estômago vazio de companheiros necessitados.

Aceite de boa mente os pequeninos favores com que alguém procure retribuir-lhe os gestos de fraternidade.

Seja pródigo em atenções para com o amigo em prova maior que a sua, desfazendo aparentes barreiras que possam surgir entre ele e você.

Conserve invariável clima de confiança e alegria ao contato dos companheiros de ideal e trabalho.

Não recuse doar afeto, comunicabilidade e doçura, na certeza de que a violência é inconciliável com a benção da simpatia.

Sustente pontualidade em seus compromissos e nunca demonstre impaciência ou irritação.

Dispense intermediários nas tarefas mais simples e cumpra o que prometer.

Mantenha uniformidade de gentileza, em qualquer parte, com todas as criaturas.

Recorde que o auxílio desorientado pode tornar-se prejuízo para quem o recebe e, acima de tudo, saiba sempre que a assistência fraterna é dever comum pois aquele que doa ao bem de si, recebe constantemente o bem de todos.


Xavier, Chico. Da obra: Apostilas da Vida. Ditado pelo espírito Emmanuel.

No Grupo da Fraternidade

No grupo da fraternidade, o coração está sempre disposto a servir.

Em seu santuário a alma do irmão não indaga, não desconfia, não fere, não perturba, não humilha, não se exonera do dever de auxiliar a todos, não se afasta dos infelizes, para que o esquema de Cristo se cumpra nos mais necessitados.

Não reclama,

não desanima,

não se revolta,

não chora perdendo tempo,

não asila pensamentos envenenados,

não destrói as horas em palestras inúteis,

não exibe braços inertes.

não mostra o rosto sombrio,

não cultiva o espinheiro do ciúme,

não cava o abismo da discórdia,

não dá pasto à vaidade,

não se julga superior,

não se adorna com as inutilidades do orgulho,

não se avila com a maledicência,

não se ensoberbece

e não foge à paciência e à esperança para confiar-se às trevas da indisciplina e da perturbação, porque o companheiro da fraternidade, em si mesmo,

é o perdão vivo e constante,

o trabalho infatigável,

a confiança que nunca se abate,

a luz que jamais se apaga,

a fonte de entendimento que não seca,

a bondade que nunca descrê da Providência Divina.

e é, sobretudo,

o amor incessante.

Fazendo a vida florir e frutificar, em toda parte, em pensamentos, palavras, atitudes e atos de renovação com o Senhor que, aceitando a Manjedoura, nos ensinou a simplicidade na grandeza e, imolando-se na Cruz, exemplificou o sacrifício supremo, pela felicidade de todos, até o fim da permanência entre os homens.


Xavier, Chico. Da obra: Apostilas da Vida. Ditado pelo espírito Emmanuel.

No Caminho Comum

Diz o Egoísmo – exijo.

Diz o Evangelho – cooperarei.

Clama o Egoísmo – eu tenho e posso.

Clama o Evangelho – O Senhor lembrar-se-á de nós com a sua Bênção.

Pede o Egoísmo – entende-me.

Pede o Evangelho – deixa-me auxiliar.

Grita o Egoísmo – sou amado.

Afirma o Evangelho – amo.

Diz o Egoísmo – nunca mais.

Diz o Evangelho – servirei ao bem, sem descanso.

Assevera o Egoísmo – não suportarei.

Assevera o Evangelho – o Céu dar-me-á resistência.

Clama o Egoísmo – jamais perdoarei.

Clama o Evangelho – desconheço o mal.

Diz o Egoísmo – tudo é meu.

Diz o Evangelho – tudo é nosso.

O Egoísmo reclama.

O Evangelho sacrifica-se.

O Egoísmo absorve.

O Evangelho se espalha em doações.

O Egoísmo recolhe para si.

O Evangelho semeia com amor, a benefício de todos.

O Egoísmo precipita-se.

O Evangelho espera.

O Egoísmo toma posse.

O Evangelho auxilia.

O Egoísmo proclama: - eu.

O Evangelho apregoa: - nós.

É fácil conhecer a nossa posição dentro da vida.

Pelas nossas próprias atitudes, no caminho comum, nas relações habituais de uns para com os outros sabemos, em verdade, se ainda estamos na noite do personalismo delinqüente ou se já estamos atingindo a alvorada renovadora com o inolvidável Mestre da Cruz.


Xavier, Chico. Da obra: Apostilas da Vida. Ditado pelo espírito Emmanuel.

Mocidade...

Mocidade é força. Mas, se a força não estiver sob a direção da justiça pode convertesse em caminho para a loucura.

Mocidade é poder. Entretanto, se o poder não aceita a orientação do bem, depressa se converte em tirania do mal.

Mocidade é liberdade. Todavia, se a liberdade foge á disciplina é, invariavelmente, a descida para deplorável situação.

Mocidade é chama. No entanto, se a chama não sofre no controle do proveito justo, em breve tempo se transformará em incêndio devastador.

Mocidade é carinho. Mas, se o carinho não possui consciência de responsabilidade, pode ser veneno mortal para o coração.

Mocidade é beleza de forma. Contudo, se a beleza de forma não se enriquece com o aprimoramento interior, não passa da máscara perecível.

Mocidade é amor. Entretanto, se o amor não se equilibra na sublimação da alma, cedo se transforma em paixão infeliz.

Mocidade é primavera de sonhos. Todavia, se a primavera não se enobrece no trabalho digno, todo o nosso idealismo será simplesmente um campo de flores mortas.

Se te encontras na hora radiante da juventude, não te esqueças de que o tempo é o nosso julgador implacável.

A plantação de agora será a colheita depois.

Nossas esperanças dia-a-dia se materializam nas obras a que nos destinamos. A lei será sempre a Lei.

Povoam-se e despovoam-se os braços e túmulos para que o Espírito, divino caminheiro - através da mocidade e da velhice do corpo terrestre -, desenvolva, em si, as asas que o transportarão ao cimo da vida eterna.

Assim, pois, se realmente procuras a felicidade incorruptível, confia teu coração e tua mente ao Cristo Renovador, a fim de que, jovem hoje, te faças, o caráter sem jaça que lhe refletirá no mundo a Divina Vontade.


Xavier, Chico. Da obra: Escrínio de Luz. Ditado pelo espírito Emannuel.

Flagelos

Ante as calamidades que afligem a natureza, gerando o espetáculo deprimente das provações coletivas, não te esqueças daquele mundo vivo que somos nós mesmos, governados por leis que não poderemos trair.

Lembra-te de que todos os nossos desacertos na luta e deserções do dever representam deplorável plantação de males em nossa rota.

A rendição ao vício e o culto da crueldade criam espessas nuvens de treva em torno de nossos passos a rebentarem depois, em temporais de lágrimas, que valem por destruidoras convulsões em nosso campo íntimo.

É por isso que a experiência atual para nós outros permanece juncada pelos destroços de ontem, quando a nossa invigilância favoreceu na estrada que nos é própria os flagelos morais que hoje nos patrocinam as dificuldades e os sofrimentos.

Os obstáculos do templo familiar, impedimentos afetivos, os espinheiros profissionais e os tremendos conflitos interiores que nos assomam à vida constituem dolorosas reminiscências dos cataclismos da alma que nós mesmos criamos.

Regeneremos, assim, o destino, suportando com heroísmo e serenidade o inquietante reajuste de agora.

Achamo-nos à frente do passado que ainda vive em nós e, se nos propomos alcançar o futuro de firmamento sem sombra em que desejamos viver, saibamos carregar a cruz de provas e inibições que nós mesmos talhamos, a fim de que, com ela e por ela, possamos proclamar perante a lei o nosso justo resgate, garantindo, dessa forma, a posse de nossa verdadeira libertação.


Xavier, Chico. Da obra: Fé, paz e Amor. Ditado pelo espírito Emmanuel.

Favores

A Bondade Infinita de Deus, a expressar-se nas leis que nos regem, doa sempre, auxiliando aos homens conforme as conveniências da vida.

Por isso mesmo, é preciso considerar que entre o Pai que concede o filho que pede interpõem-se o merecimento e a necessidade.

Ninguém recolhe o bem sem conquistá-lo e ninguém recebe o mal sem atraí-lo.

Assim, pois, em qualquer requisição à Providência Divina, recordemos nossa própria situação à frente dela.

Lembremo-nos de que a árvore é amparada pelo pomicultor, a fim de que produza; o animal é nutrido pela natureza para retribuir-lhe em cooperação; o operário na oficina é contratado para servir; e o aluno é admitido no educandário a fim de crescer em conhecimento...

Assim sendo, antes de endereçar requerimento à Vida Superior, é aconselhável examinemos qual tem sido o nosso concurso, em benefício da vida, no plano em que nos achamos.

Muitos aprendizes da fé recorrem aos Amigos Espirituais, solicitando-lhes auxílio nessas ou naquelas aquisições de ordem material; entretanto, é imprescindível compreender que os verdadeiros amigos de nossas almas jamais nos estimularão à preguiça ou à indocilidade, à teimosia e à negação.

Suspeitemos, dessa forma, de qualquer proteção gratuita aos nossos desejos, quando nos conscientemente estamos convencidos do nosso dever de renovação e progresso.

Tão perigosos é invocar favores delituosos entre os homens, quanto rogá-los no mundo dos espíritos, porque a ociosidade e a viciação, em toda parte, possuem adoradores e o preço dos obséquios imerecidos é sempre o compromisso com a sombra extremamente difícil de resgatar.

Aceitemos a luta por aprendizado bendito em nosso roteiro de ascensão.

Dor, dificuldade, tentação, pobreza, infortúnio, solidão, incompreensão, embaraços e provas constituem a força da escola em que nos situamos, na qual edificaremos nossa vitória futura.

E, convencidos de que a Lei dá sempre, seja o mofo ao pão inutilmente armazenado ou a limpidez à fonte que auxilia a todos, procuremos nela, pelo nosso trabalho e por nossa conduta, o limitado bem de hoje que nos conduzirá ao Infinito Bem de amanhã.


Xavier, Chico. Da obra: Fé, paz e Amor. Ditado pelo espírito Emmanuel.

Fatalidade

A fatalidade do mal é sempre uma criação devida à nós mesmos, gerando, em nosso prejuízo, a provação expiatória, em torno da qual passamos compulsoriamente a gravitar.

Semelhante afirmativa dispensa qualquer discussão filosófica, pela simplicidade com que será justo averiguar-lhe o acerto, nas mais comezinhas atividades da vida comum.

Uma conta esposada naturalmente é um laço moral tecido pelo devedor à frente do credor, impondo-lhe a obrigação do resgate.

Um templo doméstico entregue ao lixo sistemático transformar-se-á com certeza num depósito de micróbios e detritos, determinando a multiplicação de núcleos infecciosos de enfermidade e morte.

Um campo confiado ao império da erva daninha converter-se-á, sem dúvida, na moradia de vermes insaciáveis, compelindo o lavrador a maior sacrifício na recuperação oportuna.

Assim corre em nosso esforço cotidiano.

Não precisamos remontar a existência passadas para sondar a nossa cultura de desequilíbrio e sofrimento.

Auscultemos a nossa peregrinação de cada dia.

Em cada passo, quando marchamos no mundo ao sabor do egoísmo e da invigilância, geramos nos companheiros de experiência as mais difíceis posições morais contra nós.

Aqui, é a nossa preguiça, atraindo em nosso desfavor a indiferença dos missionários do trabalho; ali, é a nossa palavra agressiva ou impensada, coagulando a aversão e o temor ao redor de nossa presença.

Acolá, é o gesto de incompreensão provocando a tristeza e o desânimo nos corações interessados em nosso progresso; e, mais além, é a própria inconstância no bem, sintonizando-nos com os agentes do mal...

Lembremo-nos de que os efeitos se expressarão segundo as causas e alteremos o jogo das circunstância, em nossa luta evolutiva, desenvolvendo, conosco e em torno de nós, a mais elevada plantação de amor e serviço, devotamento e boa vontade.

“Acharás o que procuras”, disse-nos o Senhor:

E, em cada instante de nossa vida, estamos recolhendo o que semeamos, dependendo da nossa sementeira de hoje a colheita melhor de amanhã.


Xavier, Chico. Da obra: Fé, paz e Amor. Ditado pelo espírito Emmanuel.

Faltas Ocultas

De modo geral, o delinqüente confesso sofre, de imediato, a sentença que lhe é cominada pelos tribunais de justiça, recolhendo-se ao cárcere expiatório ou à penitenciaria reeducativa. A pública humilhação do banimento social de que se vê objeto, muita vez, nele sazona os frutos amargos do remorso, preparando-lhe, em breve tempo, a marcha reparadora.

Entretanto, quase todos nós, na experiência da vida física, somos portadores de faltas ocultas que o magistrado terrestre não conheceu.

De permeio com a nossa plantação de esperança e boa vontade, por isso mesmo, ressurgem na Vida Espiritual, carreando conosco a úlcera escondida de nossa frustração, reclamando remédio e tratamento.

Semelhantes lacunas quase sempre decorrem de antigos desafetos que acalentamos deliberadamente no instituto doméstico, de tendências inferiores que nada fazemos por extirpar, de vícios disfarçados que nos deformam o sentimento ou de atos clamorosos de ingratidão ou injustiça que perpetramos na senda rotineira, na defensiva do próprio orgulho ou na calamitosa preservação do egoísmo que nos assinala.

Com elas projetamos nas existências alheias impactos de enfermidade e desgosto, desânimo e treva que são debitados à nossa conta.

Em verdade, no Mais Além, pelo amparo dos benfeitores prestigiosos que conquistamos, a paz e a beleza, o reconforto e a alegria tecem o doce ambiente que nos rodeia por fora; todavia, adentro de nós, a consciência erigida em reto juiz não nos perdoa, convocando-nos à confissão voluntária, tanto quanto ao pedido urgente de reajuste.

É por isso que, muitas vezes, em ampla floração de prosperidade material, na Terra, somos visitados por moléstias soezes, quando não somos surpreendidos por insucessos e desgostos, empeços e lágrimas, e é ainda por essa razão que, em plenitude de mocidade, muita vez conhecemos a morte dos mais belos sonhos e das mais altas aspirações, padecendo contratempos e dificuldades, a fim de seguir avante em escabrosos trilhos para o futuro.

Aproveitemos o tempo na lavoura do bem que nunca desfalece, porque muitos de nós trazemos da grande retaguarda as chagas imanentes de delinqüência oculta, reclamando-nos hoje o exercício da caridade incessante e da renúncia sem limites para que o amanhã alvoreça na estrada como benção de Deus sobre o nosso porvir.


Xavier, Chico. Da obra: Fé, paz e Amor. Ditado pelo espírito Emmanuel.

Experimenta

Meu irmão.

Se desejas penetrar a essência divina da dor, alonga o próprio olhar acima do círculo estreito das tuas cogitações e busca estender os problemas e as necessidades dos outros.

Se julgas, coloca-te na posição daquele que se fez objeto de tua apreciação, a fim de que não sentencies com a leviandade da ignorância.

Se te encontras perante algum juiz, pondera a gravidade da missão do homem que aplica os artigos da lei.

Se administras, não esqueças de situar o próprio coração no lugar daquele que te obedece, para que não decidas, quanto aos processos de tua competência, longe do senso das proporções.

Se te encontras na subalternidade, aprende a sentir as responsabilidades daquele que te dirige no trabalho, para que te não precipites no resvaladouro da inconsciência.

Se te apresentas no corpo masculino, medita nas aflições da mulher, para que não faças da vida um curso deplorável de animalidade deprimente.

Se te apresentas no corpo masculino, medita nas aflições da mulher, para que não faças da vida um curso deplorável de animalidade deprimente.

Se te envolves na túnica feminina, reflete nos pesados misteres do homem, evitando o mergulho da própria alma nas superficialidades inúteis.

Se guardas um corpo robusto, não olvides o doente, a fim de que a aflição seja menos inquietante em teu espírito no dia em que fores visitado pela enfermidade.

Se te encontras doente, não te revoltes contra as pessoas de saúde relativa que te não compreendem ainda o sofrimento, para que a exteriorização de tua atitude não seja veneno mental.

Experimenta ver mais longe.

No momento em que te colocares na alma do teu semelhante, compreendendo-lhe as dores e enigmas, haverá no imo de teu coração grande e abençoado espaço para a verdadeira fraternidade e, então, a dor, de qualquer espécie, surgirá aos teus olhos imortais por divina luz.


Xavier, Chico. Da obra: Fé, paz e Amor. Ditado pelo espírito Emmanuel.

Êxito

Milhões de pessoas acreditam-se em ascensão ao brilho espetacular do êxito, quando apenas se enleiam a graves compromissos na sombra.

Lançam golpes calculados à economia do próximo, atraindo respeito e admiração no mundo bancário, organizando, porém, estranha retaguarda de pranto e maldição e entenebrecer-lhes a rota.

Erguem colunas de ouro fácil, das quais muitas vez se despenham nos tremedais do crime.

Arquitetam escândalos, enlameando vidas alheias, com o aplauso da multidão, porém semeiam espinhos de aflição para os próprios pés.

Aviltam consciências desprevenidas, barateadoras na feira dos sentimentos, para a escalada do poder, mas oneram-se em débitos escabrosos que as farão desvairar de arrependimento e de angústia nos tribunais da Justiça Divina.

Toda aquisição sem esforço é caminho para a derrota.

Não te coloques, assim, à margem da senda, suplicando orientação para teus passos, quando não ignoras que somente o dever retamente cumprido é degrau seguro para a verdadeira felicidade, nem peça triunfo legítimo aos interesses imediatistas que passam no mundo como certas flores do alvorecer.

Lembra-te de que as conquistas substanciais de existência procedem do coração ajustado ao duro trabalho do próprio burilamento para a Vida Superior e, ao invés de buscar o êxito na temporária fulguração das galerias terrestres, não olvides que a vitória real quase sempre te procura no semblante aparentemente agressivo das grandes dificuldades, enunciando exigências amargas ou vestida no pano singelo de um macacão.


Xavier, Chico. Da obra: Fé, paz e Amor. Ditado pelo espírito Emmanuel.

Eutanásia e Socorro

A eutanásia, ainda mesmo quando praticada em nome do amor, será sempre deplorável intromissão da ciência humana nos processos instituídos pela Sabedoria Divina, em favor da recuperação ou do aprimoramento da alma.

Que dizer do artista que nas vésperas do término da obra-prima aniquilasse a peça inacabada, a pretexto de compaixão pelo mármore ferido?

Como interpretar o lavrador que destruísse a árvore benfeitora, pronta a mitigar-lhe a fome, sob a alegação de que o tronco se desenvolveu tortuosamente, em desacordo com a elegância dos demais exemplares da espécie?

A existência na carne é recurso da Providência Divina, a benefício de nosso reajuste, à frente das Leis Eternas.

Muitas vezes, o câncer é o meio de expungir as trevas que povoam o coração, impedindo-lhe maior entendimento da vida.

Em muitas ocasiões, a cegueira irremediável é a restauração da consciência embotada de ontem para o amanhã que lhe sorrirá repleto de luz.

Freqüentemente, a lepra do corpo é medicação redentora da alma faminta da paz e reequilibro que apenas conseguirá em se banhando na fonte lustral do sofrimento.

A paralisia e a loucura, o pênfigo e a tuberculose, a idiotia e a mutilação, quase sempre, funcionam por abençoado corretivo, em socorro do espírito que a culpa ensandeceu ou ensombrou na provação expiatória.

Assim sendo, passemos amando e auxiliando aos que nos cercam, na estrada que fomos chamados a percorrer.

Respeitemos a dor como instrutora das almas e, sem vacilações ou indagações descabidas, amparemos quantos lhes experimentam a presença constrangedora e educativa.

Auxiliemos sem perguntar pelos méritos daqueles que se constituirão tutelados de nosso devotamento e carinho, de vez que a todos nós, espíritos endividados e em processo de purificação, diante da Lei, compete tão somente o dever de servir, porquanto a Justiça,. em última instância, pertence a Deus que distribui conosco o alívio e a aflição, a saúde e a enfermidade, a vida e a morte, no momento oportuno.


Xavier, Chico. Da obra: Fé, paz e Amor. Ditado pelo espírito Emmanuel.

Estudando o Perdão

O Pai Excelso esculpiu potencialmente na alma de todos os Seus filhos a beleza e a sublimidade da Sua Lei a expressar-se não somente em Amor Infinito para todos os seres, mas igualmente em dignidade para todas as criaturas.

Em razão disso, a Misericórdia Divina atende a múltiplos meios de auxílio, desdobrando-os em favor dos espíritos sofredores e transviados, promovendo a criação de obstáculos que refazem a esperança, de lutas que desenvolvem faculdades entorpecidas, de aflições que impulsionam a procura da paz e de dores que recuperam e reeducam; todavia, o entendimento mais obtuso e a sensibilidade mais empedernida em acordando, um dia, para a realidade, contemplam a si mesmos e suspiram pela respeitabilidade espiritual que legitima o selo da elevação...

E o primeiro impulso que lhes orienta o novo roteiro é justamente aquele do homem irrepreensível que busca o resgate dos próprios débitos, levantando o caráter perante a luz.

Ainda mesmo que a dívida lhes reclame séculos de tormento, ao tormento se entregam, renovados e confiantes, na certeza de que o tempo, como graça de Deus, lhes facultará possibilidade e socorro para que se refaçam.

O perdão, na vida, qual ocorre na organização bancária do mundo, será empréstimos de recursos, moratória benevolente, reforma de compromissos e aval generoso e nobre, com bases na solidariedade e na tolerância, porque, em verdade pura, consciência nenhuma, quando voltada ao bem, deseja inocentar-se e, agora, hoje ou amanhã, consagra-se a pagar seus débitos no mundo para reerguer-se, limpa, ante a Justiça Eterna que coroa de luz quem lavou, por fim, o mal das suas próprias contas, em ceitil por ceitil.


Xavier, Chico. Da obra: Fé, paz e Amor. Ditado pelo espírito Emmanuel.

Estudando a Paz

Muita gente escuta referência à paz, acalentando a volúpia da grande preguiça.

E semelhantes ouvintes, desavisados e inconseqüentes, mentalizando alegria e consolação, imaginam fortunas fáceis e aposentadorias rendosas, heranças polpudas e gratificações vitalícias.

Aspirando, porém, o conforto da lesma, esquecem-se de que toda ociosidade quase sempre é calmaria da podridão.

Lembrando a palavra do Senhor nos ensinamentos do monte, assinalamos que todos os corações pacíficos, associados ao seu ministério de redenção, em verdade, não conheceram a imobilidade na Terra.

Os companheiros diretos da Boa Nova, após testemunhos dilacerante de fé, expiraram em postes de martírio ou lapidados na praça pública entre zombaria e sarcasmo da multidão. E muitos daqueles mesmos que ouviram do Mestre a promessa de felicidade para o fim do trabalho rude partiram da Terra, sob escabrosas perseguições, sem contar que Ele próprio, o Cristo de Deus, depois de sacrifícios ingentes a benefício de todos, foi içado no madeiro, sem qualquer nota de tranqüilidade exterior a asserenar-lhe a morte.

Não te esqueças, desse modo, de que a paz verdadeira verte da ação constante no Bem Eterno, sem reclamação e sem amargura, porque à feição do grande equilíbrio que mora no imo da esfera em movimento a sustentar o trabalho ou a vida, a paz brilhará no recesso de nossas almas sempre que nós consagremos a exaltar e servir à Benção do Amor de Deus.


Xavier, Chico. Da obra: Fé, paz e Amor. Ditado pelo espírito Emmanuel.

Entendimento Espiritual

" Então, abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras". - Lucas: 24-45


Em geral, encontram-se queixosos em todos os núcleos de atividade cristã, alegando dificuldades para o justo entendimento do Evangelho.

Alguns lêem os versículos mais simples, devoram os capítulos mais belos e permanecem atônitos, surpreendidos.

Por que lhes indicaria a fonte evangélica, se as palavras dos textos diferem tanto de sua situação? Perguntam eles.

Sentem-se desiludidos, atordoados de incompreensão.

Entretanto, o fenômeno deriva-se do jogo de experiências e nada mais.

É indispensável insistir sempre às portas do entendimento.

Há frases e textos difíceis?

Convém procurar-lhes a extensão, para encontrar-lhes a Sabedoria e a Beleza.

Estudos e observação do Evangelho também constituem trabalho e da mais alta envergadura.

A vaidade e a presunção costumam abandonar o serviço na antecâmara da imensa Oficina de Luz e, antes que houvessem contemplado as Fontes Eternas, voltam para o mundo, difundindo às sombras da influenciação que lhes é própria, entre a ironia e o escárnio.

Não se precatam de que toda a aquisição demanda esforço e perseverança.

O menor título de competência profissional no mundo requer fervor e boa vontade no trabalho.

Seria possível, portanto, que as posses Eternas fossem simples objetos de aquisição mecânica, à margem do caminho?

A realização espiritual é serviço supremo do espírito.

É imprescindível buscar-lhe as expressões, a golpes de vontade e determinação.

Somente as almas ainda superficiais pedem soluções absolutas às letras evangélicas.

O discípulo sincero não ignora que é preciso trabalhar por absorver-se na Luz Divina do Espírito e, ao passo que se esforça, está convencido de que o Senhor lhe virá ao encontro, abrindo-lhe o entendimento.


Xavier, Chico. Da obra: Harmonização. Ditado pelo espírito Emmanuel

Disciplina

Não nos repugne o verbo obedecer.

Tudo o que constitui progresso e aperfeiçoamento guarda a ordem por base.

Não olvides que a disciplina principia no Céu.

As mais sublimes constelações atendem às leis de equilíbrio e movimento.

O Sol que nos sustenta a vida no mundo repete operações de ritmo, há numerosos milênios.

A Lua que clareava o caminho das mais remotas civilizações da Índia e do Egito efetua, ainda hoje, as mesmas tarefas, diante da Humanidade.

No campo da Natureza, a disciplina é alicerce de toda bênção.

Obedece o solo.

Obedece a árvore.

Obedece a fonte.

Qualquer construção obedece ao plano do arquiteto que a idealiza.

E, no aconchego do lar, obedecem ao piso anônimo, o vaso amigo e o pão que enriquecem a mesa.

Na experiência física, a saúde é obra da disciplina celular.

Quando as unidades microscópicas da colméia orgânica se desarvoram, rebeladas, encontramos os tormentos da enfermidade ou as sombras da morte.

Chamados a servir aos nossos semelhantes no Espiritismo Cristão, em favor de nós mesmos, saibamos cultivar a liberdade de obedecer para o bem, aprendendo e ajudando sempre.

Jamais nos esqueçamos de que Jesus se fez o Mestre Divino e o Soberano das Almas, não somente porque tenha vindo ao mundo, consagrado pelos cânticos das Legiões Celestes, mas também por haver transformado a própria vida, em Seu Apostolado de Amor, num cântico de humildade, obedecendo constantemente a vontade de Deus.


Xavier, Chico. Da obra:Taça de Luz”. Ditado pelo espírito Scheilla.

Considerações

Devemos guardar o Evangelho na cabeça?

Sim, porque precisamos orientar o pensamento para o bem...

Cabe-nos a obrigação de imprimir o Evangelho nos olhos?

Sim, porque é indispensável permaneça a nossa visão identificada com o pensamento divino, que transparece de todos os lugares.

Compete-nos conservar o Evangelho nos ouvidos?

Sim, porque é imprescindível registrar a mensagem de bondade que o Alto nos reserva, em todas as particularidades da senda a percorrer.

É imperioso guardar o Evangelho nas mãos?

Sim, porque nossos braços são os instrumentos com os quais criaremos o mundo de nossas boas obras, na direção do Paraíso.

Será necessário respeitar o Evangelho com os nossos pés? Sim, porque a reta diretriz é imperativo comum.

Justo, porém, antes de tudo, é situar o Evangelho no coração, para que o ensino de Jesus aplicado em nós mesmos resplandeça através de nossa mente, de nosso olhar, de nossa audição, de nossas mãos e de nossos pés, a fim de que não sejamos aprendizes fragmentários, subestimando o serviço do Divino Mestre.

É imprescindível trazer a Boa-Nova, em todos os nossos pensamentos e aspirações, potências e atividades, salientando-se, contudo, o impositivo da lição de Jesus, no imo dos nossos sentimentos, para que estejamos ligados, primeiramente, ao Senhor, e não ao nosso “eu”, de vez que, segundo as velhas e sempre jovens palavras da Escritura Celeste, onde guardamos o coração aí se encontrará o tesouro de nossa vida.

Evangelho no coração será, portanto, a plenitude do Cristo em nós.


Xavier, Chico. Da obra: Escrínio de Luz. Ditado pelo espírito Emmanuel.

Caridade Difícil

Caridade habitualmente incompreendida e sempre difícil de ser praticada

--- o amparo em regime de repetição.

Ergue-se a casa, elemento a elemento.

Realiza-se a viagem passo a passo. Entretanto, freqüentemente exigimos a recuperação de criaturas determinada, de momento para outro, qual se as realizações da vida interior fossem estranhas às funções do tempo.

Se te encontras num problema assim, de cuja solução esperas segurança e paz, não te aflijas pela obtenção do fruto nos esforços a que te empenhas, nem esmoreças ante as situações que te solicitam tolerância e paciência.

O companheiro que se te afigura incorrigível pelos desgostos que te impõe é um enfermo da alma a pedir-te doses reiteradas de compreensão e socorro, de modo a refazer-se.

E a pessoa querida que te pareça ingrata pelos golpes com que te alanceia o coração, é doente da alma a solicitar-te medicamentos renovados de ternura e entendimento, a fim de restaurar-se.

Quase sempre, antes da corporificação em novo berço terrestre, rogamos à Divina Providência para que se nos confie a laboriosa tarefa da assistência espiritual, em benefício da alguém que só o tratamento longo na reencarnação consegue melhorar ou recuperar.



Xavier, Chico. Da obra: Amanhece. Ditado pelo espírito Emmanuel.

Caminho Cristão

Eis a estrada do espírito cristão:

- Amar a Deus e o mundo que O reflete,

Perdoando setenta vezes sete

Toda ofensa que fere o coração;



Guardar consigo o título de irmão

Que mil gestos de amor faz e repete;

Ser paz onde a discórdia se intromete,

Ser sacrifício pela redenção;



Bendizer as pedradas dos caminhos,

Amparar inimigos escarninhos

E combater em si a terra e o mal!

Eis o roteiro iluminado e vivo,

Que transforma os grilhões do homem cativo

Em tesouros da Pátria Universal.


Xavier, Chico. Da obra: Moradias de Luz. Ditado pelo espírito João de Deus.

Vigia a Palavra

"Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não.
O que disso passar vem do maligno."

( Mateus 5-37)


Não utilizes a palavra a esmo e não deixes de ser transparente em tuas opiniões.
O sofisma é sempre uma artimanha das trevas para ocultar a Verdade. Jesus falava com simplicidade e, porventura, quando os apóstolos não revelavam imediata compreensão das parábolas, dispunha-se a explicá-las para que não lhes sobrepairasse qualquer dúvida no espírito. A palavra é a expressão do pensamento que, por sua vez, em última análise, é tua própria identidade. O verbo excessivo, por mais eloqüente e erudito, confunde, ao invés de esclarecer.

O Mestre foi claro quando sentenciou: "Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno." A palavra é o instrumento do entendimento humano; os conflitos armados, a violência, e toda e qualquer expressão do mal entre os homens costumam ser antecedidos por ela. Fala sempre modulando a tua voz em vibrações de paz. Não converses além do que te seja necessário para confortar e esclarecer.

A palavra tem poder de indução hipnótica e de sugestão, capaz de induzir à ação os que ainda não lograram suficiente discernimento.

A responsabilidade de quem fala é quase compatível com a responsabilidade de quem faz e, não raro, chega mesmo a superá-la.

Os espíritos pseudo-sábios escondem a sua ignorância com discursos brilhantes. Tanto quanto se faz indispensável vigiar a palavra em teus lábios, vigia os teus ouvidos... Não ofertes sintonia ao verbo que não esteja a serviço do bem.

A palavra, através dos séculos, verbalizada ou escrita, tem sido cativeiro para a Humanidade, em seus anseios de conhecimento da verdade que liberta.

Pondera o que dizes e não te faças, consciente ou inconscientemente, instrumento do "maligno". Haverás também de responder, mais tarde, pela menor palavra que pronunciaste de maneira inconseqüente e invigilante.


Baccelli, Carlos A. Da Obra: Ramos da Videira. Ditado pelo espírito Irmão José

Não Te Escondas

"Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte."

Mateus 5-14



Os discípulos do Senhor são chamados, em todos os tempos, a refletir-lhe a luz nos vales escuros da humana provação, norteando os que se encontram vagueando sem rumo certo.

Pontos de referência espiritual para a Humanidade, os seguidores do Evangelho sempre serão alvo dos que pretendem manter os homens presos às sombras da própria ignorância.

Qual aconteceu ao Cristo, a Luz do Mundo, os adversários da fé haverão de perseguir, os que ousam acender diminuto lume nos caminhos trevosos da Terra.

Quando começaram a despontar nas tarefas do bem a que se entregam, é natural, pois, que sintam o recrudescimento das dificuldades em forma de intolerância e perturbação...

É que a sua ação emancipadora de consciência incomodará os que, estejam no corpo ou fora dele, laboram para que o espírito não se afaste da mesmice secular nas sendas da evolução.

Quais crianças inconseqüentes que intentam, a pedradas, quebrar a lâmpada suspensa no poste, atirarão calhaus sobre os que lutam para serem fiéis ao Senhor, Fonte de Excelsa Claridade, inacessível a qualquer trama do mal.

Se já te encontras lúcido quanto aos deveres que te cabe desempenhar, na construção do Reino Divino sobre a Terra, não te escondas...

Não eclipses a luz que resplandece em ti, com receio de que venhas a sofrer com o assédio das trevas.

Quem se habitua à escuridão em que se ilude torna-se naturalmente refratário ao esplendor da Verdade.

Porque temas a hora do testemunho, não camufles, confundindo-te com as sombras, para que não sejas identificado pelos que lhes são subservientes.

Sobretudo, não comprometas em ti a luz do idealismo, fazendo enganosas concessões a transitórios interesses e caprichos meramente humanos.

Não corrompas e nem te permitas corromper, no anseio da luminosidade que ainda não possuis no espírito.

Contenta-te em ser anônimo espelho com a face voltada para o Sol, refletindo-lhe a grandeza.

Um dia, de tanto irradiar a luz que originariamente não te pertence, quando a noite da provação se adensar à tua volta, te surpreenderás brilhando e, então, saberás que, pelo continuado esforço de refleti-la, terminaste por absorvê-la.


Baccelli, Carlos A. Da Obra: Ramos da Videira. Ditado pelo espírito Irmão José.

Na Área Social

... Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, nunca mais terá fome e o que crê em mim nunca mais terá sede.

JOÃO 6:35.


A assistência social é um meio, não o objetivo principal a que se propõe a tarefa espírita. Necessária e valiosa é a comida e a vestimenta para acalmar os sentidos fisiológicos; no entanto, magnífico e excelso é o suprimento que atende às necessidades do espírito imortal. Muitos advogam que a criação e a manutenção de obras sociais compete unicamente ao Estado. Outros acreditam, de forma radical, que os objetivos do movimento espírita devam assentar-se na assistência social, esquecendo que a Doutrina proclama como primordial a educação das almas, e não apenas simplesmente a sustentação do corpo, que é perecível. Para este o prato de sopa é muito bem-vindo, sem dúvida, mas a alma aspira ao verdadeiro pão da vida.

A seara do Bem envolve diversos trabalhos em benefício dos carentes do corpo e da alma. Pode parecer, no entanto, que as necessidades essenciais e imediatas residam no corpo denso, mas, na realidade, se encontram no íntimo das criaturas. Não basta construirmos lares ou abrigos que fazem do prato nutriente, da perpetuação da espécie e da maneira simplória de ver a vida as únicas razões da existência humana. Urge, sim, estabelecermos noções de valores imortais e bases educacionais para preparar as almas para a grandeza espiritual a que estão destinadas.

Toda congregação espírita na Terra tem como finalidade maior esclarecer pelo estudo, promover o amadurecimento emocional pelo trabalho e desenvolver as virtudes em potencial. Eis a atividade prudente e prioritária dos aprendizes do Evangelho. A ação caritativa e a boa vontade do Movimento Espírita prestam inestimáveis serviços à sociedade e ao Estado, conquanto não devam assumir de maneira simplista e com espírito salvacionista as funções do serviço social, que cabe à administração pública. A solidariedade pode surgir como anseio da alma, acompanhada das seguintes características:

a.. Responsabilidades abandonadas em existências passadas;

b.. Despertamento devido a uma nova visão do mundo e das pessoas;

c.. Terapia salutar para superar problemas e conflitos;
d.. Problemas de consciência por estar vivendo no fausto e na ociosidade;

e.. Felicidade em servir voluntariamente.

O companheiro interessado em ingressar no celeiro do alimento celeste deve buscar, antes de tudo, a sua iniciação espiritual. Por iniciação, devemos entender o início da experiência da verdade sobre si mesmo.

Ao buscarmos o alimento invisível em nossas potencialidades divinas, poderemos produzir por nós mesmos o pão da vida e reparti-lo com nossos companheiros de jornada. Somente uma criatura iniciada poderá realmente induzir os outros à busca ou produção do próprio alimento.

Não devemos esperar que as organizações governamentais venham realizar a tarefa que compete ao Espiritismo, ou seja, levar a toda humanidade a mensagem de Jesus Cristo, através de Kardec, a fim de que nunca mais as almas tenham fome ou sede. Todavia, enquanto o poder público não conseguir eliminar os horrores da miséria, é justo que cooperemos com o pão material em nossos empreendimentos assistenciais.

Tomemos o cuidado, porém, de não manter nossos assistidos tão dependentes e retrógrados quanto no primeiro dia em que puseram os pés no grupo de auxílio. Sem estudar, sem progredir, sem alargar a visão diante da vida e da sociedade. E nada fazendo para aprender a buscar por si mesmos a completa saciedade: a pérola no fundo do mar (Mateus 13: 45 e 46), o tesouro oculto no campo (Mateus 13:44), o grão de mostarda (Mateus 13:31 e 32) - o reino de Deus.


Neto, Francisco do Espírito Santo Neto. Da obra: Conviver e Melhorar. Ditado pelo espírito Batuíra.

Espiritismo Estudado

Impostergável, nos cometimentos diários, o dever de estudar e aplicar as nobres lições do Espiritismo, no atual estágio da evolução do pensamento.

À medida que as luzes da Doutrina Espírita clarificam o entendimento humano, mais imperioso se torna o cultivo das informações que ressumam da Revelação, a fim de que a ignorância em torno dos problemas do espírito seja em definitivo combatida.

A responsabilidade dos que travaram contato com a Mensagem de Jesus, desvelada e atualizada pelos Espíritos, é muito grande, pois que àquele que usufrui a bênção do esclarecimento não se pode conceder a indulgência da leviandade, nem tampouco a reprochável conduta da indiferença em face das magnas questões que se agigantam em todo lugar.

Até hoje o egoísmo tem exercido sobre o espírito humano um soberano comando, O Espiritismo, preconizando o amor que liberta e a fraternidade que socorre, é o mais severo adversário desse sicário destruidor.

Todavia, para que o adepto do Espiritismo se integre realmente no espírito da Doutrina, exige-se-lhe aprofundamento intelectual no conteúdo da informação espírita, de modo a poder corporificá-la conscientemente no comportamento moral e social, na jornada diária.

Nesse sentido, há que fazer justa quão indispensável diferença entre o Espiritismo e o Movimento Espírita.

Vigem, em muitos setores da prática espiritista, normas e diretrizes ultrajantes à Mensagem de que Allan Kardec foi instrumento do Alto, seja por negligência de muitos dos seus membros, seja pela crassa ignorância daqueles que assumem responsabilidades definidas, ante os dispositivos abraçados, sem os necessários recursos culturais indispensáveis.

Ante a grandeza da Revelação, por estarem acostumados às limitações típicas das seitas do passado, ou porque ainda vinculados às superstições nefandas dos dias recuados, muitos pseudo-espiritas pretendem reduzir a grandeza imensurável do Espiritismo à estreiteza de uma nova seita, em cujo organismo grassem os erros derivados da incompetência e do abastardamento, de que o desconhecimento da Codificação se faz motivação poderosa.

O Movimento Espírita é o resultado do labor dos homens, enquanto o Espiritismo é a Doutrina dos Espíritos dirigida aos homens.

O Espiritismo, pois, não cessemos de repetir, é ciência de observação e investigação incessante. Tateamos agora as primeiras constatações, ante o infinito das realidades que ele busca, devassa e esclarece. Há, ainda e continuamente, infindo campo de informação a perquirir e constatar no eloqüente continente da vida espiritual.

Estudado, o Espiritismo dealba a antemanhã luminosa da humanidade do futuro, desde agora.

Como Filosofia, a sua escola de indagação não se limita às linhas clássicas da discussão, nem se empareda na estreiteza dos conceitos ultramontanos ou do debate limitado, porquanto estas não são as primeiras nem as últimas palavras das elucidações que faculta, nem dos esclarecimentos que oferta.

Religião da ciência, como ciência da filosofia, é, ao mesmo tempo, a filosofia da religião, e sua ética não se estratifica na moralidade das convenções transitórias, nem se resume a dogmas atentatórios à razão.

Com fundamentos na Revelação Moisaica, através do insubstituível código do Decálogo, sempre oportuno e novo em toda a sua elaboração — segurança para cada homem e arbítrio para todas as nações — abranda, com a excelsa beleza do Evangelho do Cristo, a aspereza severa das antigas leis de Talião, dando cumprimento às promessas dos Profetas e de Jesus.

Doutrina que acompanha o progresso do Conhecimento e estimula novas formas de averiguação e pesquisa, não se detém nas conquistas conseguidas, antes projeta para o mundo das causas as suas alocuções filosóficas, facultando empreendimentos mais audaciosos e profundos, tendo em vista o investimento homem — esse objetivo essencial da sua obstinada busca transcendental.

Convertê-lo em resíduo seitista é desfigurá-lo danosamente, ceifando os elevados objetivos a que se propõe. Mantê-lo em círculo de mediunismo desregrado, significa desconsiderá-lo no aspecto superior das suas realizações: o da pesquisa científica, por cujos roteiros a ciência e a fé se unirão na romagem para a vida e para Deus.

É verdade que se alastram formas primitivas de mediunismo em toda parte, merecendo esta questão mais cuidadoso exame, para melhor serem debeladas as nefastas conseqüências de tal fenômeno. E, por essa razão, maior deve ser o nosso empenho na sadia divulgação dos postulados espíritas, lavrados no estudo sistemático e constante do contexto doutrinário, para que o medicamento com que pretendemos amenizar ou erradicar os males morais da sociedade hodierna, não venha a produzir maiores danos, como resultado da sua má dosagem e aplicação.

A princípio, o Cristianismo foi eficiente remédio aplicado sobre as feridas do Paganismo. A indiscriminada e irracional utilização da Doutrina do Cristo, deformada nos seus pontos básicos, sobre as chagas sociais da época, produziu cânceres mais virulentos do que aqueles que visava a combater e de cujos danos ainda sofrem as comunidades modernas...

Fenômeno consentâneo pode ocorrer nestes dias com o Espiritismo... Sem dúvida, a Doutrina é irreversível e sadia. Todavia, a Boa Nova também o é. . .

Dilatam-se as referências espíritas no organismo social do momento; multiplicam-se as Casas Espíritas; há adesões em massa ao Espiritismo; surgem os primeiros sintomas de cultos espíritas; aparecem fartas concessões ao Espiritismo. . . Respeitando e considerando todas as formas de divulgação, não nos podemos furtar à conclusão de que a quantidade tem recebido maior valorização do que a qualidade, que deve manter o caráter específico de pureza que não podemos subestimar.

O movimento espírita cresce e se propaga, mas a Doutrina Espírita permanece ignorada, quando não adulterada em muitos dos seus postulados, ressalvadas as excelentes e incontáveis exceções.

O que se possa lucrar pela quantidade pode redundar em prejuízo na qualidade.

No que diz respeito ao capítulo das obsessões, aventureiros inescrupulosos se intrometem, inspirados por mentes desencarnadas afeiçoadas à lavoura da perturbação, fazendo que promovam espetáculos lamentáveis, nos quais a mediunidade se transforma em chaga espiritual, por cuja purulência exsudam as misérias pretéritas...

Alardeiam perseguições, esses malfazejos diretores de trabalhos, e, em nome do esclarecimento, apavoram os neófitos, fazendo que, pelo medo e através do desconhecimento do Espiritismo, se vinculem aos seus desafetos desencarnados, mediante a fixação mental ou ao pavor que os dominam, após as incursões inconscientes em misteres de tal monta.

O Espiritismo é doutrina de otimismo, de educação integral, de higiene mental e moral. É o retorno do Cristo ao atormentado homem do século ciclópico da Tecnologia, através dos seus emissários, renovando a Terra e multiplicando a esperança e a paz nas mentes e nos corações que Lhe permaneçam fiéis.

Nos redutos em que o estudo da Doutrina Espírita é considerado desnecessário, afirma-se que ele se faz adversário da cultura e, a pretexto de auxílio aos que sofrem, atenta-se contra a ciência médica, principalmente, reduzindo-o a superstição danosa e inconseqüente.

Destinado aos infelizes, estes não são apenas os que sofrem as dificuldades econômicas e são conhecidos como constituintes das classes humildes. A dor não se limita a questões de circunstância, tempo e lugar. Dessa maneira, não prescreve a ignorância, mas proscreve-a.

lmpostergável, portanto, o compromisso que temos, todos nós, desencarnados e encarnados, de estudar e divulgar o Espiritismo nas bases nobres com que no-lo apresentou Allan Kardec, a fim de que o Consolador, de que se faz instrumento, não apenas enxugue em nós os suores e as lágrimas, mas faça estancar, nas fontes do sofrimento, as causas de todas as aflições que produzem as lágrimas e os suores.

Nesta aferição de valores, para o elevado mister da divulgação espírita, oremos e vigiemos, conforme a recomendação do Mestre, para que nos desincumbamos a contento do cometimento aceito, dando conta da nossa responsabilidade, com o espírito tranqüilo e a mente pacificada.


Franco, Divaldo Pereira. Ditado pelo espírito Vianna de Carvalho

Trovas de Mãe

Dia das Mães!... Alegrias

Das mais puras, das mais belas!...

Mas é preciso saber

O dia que não é delas.

O nosso berço no mundo,

Sem que ninguém o defina,

É um segredo entre a mulher

E a Providência Divina.

Mãe possui onde apareça

Dois títulos a contento:

Escrava do sacrifício,

Rainha do sofrimento.

Mulher quando se faz mãe,

Seja ela de onde for,

Por fora é sempre mulher,

Por dentro é um anjo de amor.

Maternidade na vida,

Que o saiba quem não souber,

É uma luz que Deus acende

No coração a mulher.

Coração de mãe parece,

No lar em que se aprimora,

Padecimento que ri,

Felicidade que chora.

Pela escritura que trago,

Na história dos sonhos meus,

Mãe é uma estrela formada

De uma esperança de Deus.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra Luz no Lar. Ditado pelo espírito Delfina Benigna da Cunha

Trovas de Mulher

Mãe - uma sílaba só,

Com sentido tão profundo!...

Deus ajuntou e, três letras

Toda a riqueza do mundo.

Não chores, mãe desprezada,

Na aflição da noite fria!

Deus te reserva outra estrada

E a bênção de novo dia.

Dizes: “mulher em desdouro”...

Mas se é mãe que vela e afaga,

Deus já fez dela um tesouro

Que o mundo inteiro não paga.

O mal gritaria em vão

Se cada mulher sem lar

Tivesse no coração

Um filho para beijar.

Fé viva na alma que chora:

Lua cheia em noite fria.

Agasalho da esperança:

Pão nosso de cada dia.


Xavier, Francisco Cândido. Ditado pelo espírito Luiza Amélia.

Saudade

Agradeço o socorro que me deste

Quando caí no conforto do ninho...

Beijaste-me no lenço de alvo linho,

Mas regressaste, cedo, à Luz Celeste...

Venho rogar em teu Lar de cipreste,

Em que foste bondade, alegria, carinho

E o apoio da fé na secura do agreste,

Que serão luz e vida em meu caminho.

Estou no Além... Já procurei-te, em vão,

E seguirei, enfim, onde possa chamar-te,

Sempre com Deus em minha devoção...

Confio em ti, vida de minha vida,

Um dia, hei de encontrar-te, Mãe querida,

Pela saudade atroz do coração.


Xavier, Francisco Cândido. Ditado pelo espírito Luiz de Oliveira

Perto de Deus

ENTRE a alma, prestes a reencarnar na Terra, e o mensageiro Divino travou-se expressivo diálogo:

—Anjo bom—disse ela—, já fiz numerosas romagens no mundo. Cansei-me de prazeres envenenados e posses inúteis... Se posso pedir algo, desejaria agora colocar-me em serviço, perto de Deus, embora deva achar-me entre os homens.

—Sabes efetivamente a que aspiras? Que responsabilidade procuras?—replicou o interpelado. —Quando falham aqueles que servem à vida, perto de Deus, a obra da vida, em torno deles, é perturbada nos mais íntimos mecanismos.

—Por misericórdia, anjo amigo! Dar-me-ás Instruções. . .

—Conseguirás aceitá-las?

—Assim espero, com o amparo do Senhor.

— O Céu, então, conceder-te-á o que solicitas.

—Posso informar-me quanto ao trabalho que me aguarda?

—Porque estarás mais perto de Deus, conquanto entre os homens, recolherás dos homens o tratamento que eles habitualmente dão a Deus...

— Como assim?

—Amarás com todas as fibras de teu espírito, mas ninguém conhecerá, nem te avaliará as reservas de ternura!... Viverás abençoando e servindo, qual se carregasses no próprio peito a suprema felicidade e o desespero supremo. Nunca te fartaras de dar e os que te cercarem jamais se fartarão de exigir...

— Que mais?

—Dar-te-ão no mundo um nome bendito, como se faz com o Pai celestial; contudo, qual se faz Igualmente até hoje na Terra com o Todo-Misericordioso, reclamar-se-á tudo de ti, sem que se te de coisa alguma Embora detendo o direito de fulgir a luz do primeiro lugar nas assembléias humanas, estarás na sombra do ultimo. . .

Nutrirás as criaturas queridas com a essência do próprio sangue; no entanto, serás apartada geralmente de todas elas, como se o mundo esmerasse em te apunhalar o coração.

Muitas vezes, serás obrigada a sorrir, engolindo as próprias lágrimas, e conhecerás a verdade com a obrigação de respeitar a mentira... Conquanto venhas a residir no regozijo oculto da vizinhança de Deus, respirarás no fogo invisível do sofrimento! . . .

—Que mais?

— Adornarás as outras criaturas para que brilhem nos salões da beleza ou nos torneios da inteligência; entretanto, raras te guardarão na memória, quando erguidas ao fausto do poder ou ao delírio da fama! Produzirás o encanto da paz; todavia, quando os homens se inclinem à guerra, serás impotente para afastar-lhes o impulso homicida...

— Por isso mesmo, debalde chorarás quando se decidirem ao extermínio uns dos outros, de vez que te acharás perto do Todo Sábio e, por enquanto, o Todo-Sábio é o grande Anônimo, entre os povos da Terra.

—Que mais?

Todas as profissões no Planeta são honorificadas com salários correspondentes às tarefas executadas, mas o teu oficio, porque estejas em mais Intima associação com o Eterno e para que não comprometas a Obra da Divina Providencia, não terá compensações amoedadas.

Outros seareiros da Vinha Terrestre serão beneficiados com a determinação de horários especiais; contudo, já que o Supremo Pai serve dia e noite, não disporás de ocasiões para descanso certo, porquanto o amor te colocara, em permanente vigília!...

Não medirás sacrifícios para auxiliar, com absoluto esquecimento de ti; no entanto, verás teu carinho e abnegação apelidados, quase sempre, por fanatismo e loucura...

Zelarás pelos outros, mas os outros muito dificilmente se lembrarão de zelar por ti...

Farás o pão dos entes amados... Na maioria das circunstancias, porém serás a última pessoa a servir-se dos restos da mesa e, quando o repouso felicite aqueles que te consumirem as horas, velarás, noite a dentro, sozinha e esquecida, entre a prece e a aflição... Espiritualmente, viverás mais perto de Deus, e, em razão disso, terás por dever agir com o ilimitado amor com que Deus ama...

— Anjo bom —disse a Alma, em prato de emoção e esperança—que missão será essa?

O Emissário Divino endereçou-lhe profundo olhar e respondeu num gesto de bênção:

—Serás mãe!...



Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Mãe Antologia Mediúnica. Ditado pelo espírito Irmão X

Oração de Mãe

Deus de Infinita Bondade!

Puseste astros no céu e colocaste flores na haste agressiva... A mim deste os filhos e, com os filhos, me deste o amor diferente, que me rasga as entranhas, como se eu fosse roseira espinhosa, que mandasse carregar uma estrela!...

Aceitaste minha fragilidade a teu serviço, determinando que eu sustente com a maternidade o mandato da vida; entretanto, não me deixes transportar, sozinha, um tesouro assim tão grande! Dá-me forças, para que te compreenda os desígnios; guia-me o entendimento, para que a minha dedicação não se faça egoísmo; guarda-me em teus braços eternos, para que o meu sentimento não se transforme em cegueira.

Ensina-me a abraçar os filhos das outras mães com o carinho que me insuflas no trato daqueles de que me enriqueceste minha alma!

Faze-me reconhecer que os rebentos de minha ternura são depósitos de tua bondade, consciências livres, que devo encaminhar para a tua vontade e não para os meus caprichos. Inspira-me humildade para que não se tresmalhem no orgulho por minha causa. Concede-me a honra do trabalho constante, a fim de que eu não venha precipitá-los na indolência. Auxilia-me a querê-los sem paixão e a servi-los sem apago. Esclarece-me para que eu ame a todos eles com devotamento igual.

No entanto, Senhor, permita-me inclinar o coração, em teu nome, por sentinela de tua benção, junto daqueles que se mostrarem menos felizes!... Que eu me veja contente e grata se me puderem oferecer minha parcela de ventura, e que me sinta igualmente reconhecida se, para afagá-los, for impelida a seguir nos caminhos do tempo, sobre longos calvários de aflição!...

E, no dia em que caiba entregá-los aos compromissos que lhes reservaste, ou a restituí-los às tuas mãos, dá que, ainda mesmo por entre lágrimas, possa eu dizer-te, em oração, com a obediência da excelsa Mãe de Jesus:

Senhor, eis aqui tua serva! Cumpra-se em mim, segundo a tua palavra!...


Xavier, Francisco Cândido. Ditado pelo espírito Meimei.