sábado, 19 de abril de 2008

Técnicas para o perdão


- Distanciamento psíquico do problema ou situação conflitante

Uma das formas básicas para cultivar-se o perdão verdadeiro é manter uma certa distância psíquica do problema e das discussões. Esta distância psíquica consiste em podermos fazer uma avaliação do problema como se o mesmo não estivesse acontecendo conosco. Este distanciamento permitirá que não exageremos na interpretação do fato, o que causaria sentimentos negativos e sobrecarregaria nossa energia mental. A mente com esta sobrecarga dificulta o perdão.

Assim nos desvinculando da ofensa, nossos pensamentos irão sintonizar com mais nitidez e clareza no bem, renovando nossa atmosfera mental. Também é muito importante interromper os diálogos mentais em torno do ofensor ou do problema, que costumam ficar reprisando-se de modo constante em nossa mente quando estamos magoados ou revoltados, e para que isso aconteça é preciso cultivar os bons pensamentos que, pouco a pouco, irão substituir e anular os pensamentos negativos. Ao conseguirmos realizar esse desprendimento psíquico, conseguimos voltar a utilizar positivamente as nossas energias mentais, retirando de nossos pensamentos aqueles fatos desagradáveis que aconteceram em algum momento de nossa vida.

Outro passo importantíssimo é a prática da oração que possibilita nos reequilibrarmos interiormente, já que a prece restaura os sentimentos de alegria e tranqüilidade, possibilitando nossa harmonia.

Esse distanciamento psíquico não é uma forma de se cultivar a frieza e insensibilidade. Ele consiste em uma forma de afastar-se de problemas e situações que não podem ser resolvidas neste momento, evitando desgastes desnecessários.

Ao observarmos a realidade à nossa volta de uma forma abrangente e sábia, temos a oportunidade de descobrir novos meios de se solucionar os problemas, alcançando uma maior compreensão de nós mesmos e das outras pessoas.

- O perdão cognitivo

Este método visa a prática de pensamentos de perdão e de declarações positivas em relação àquele que tenha nos ofendido, orando a Deus por esta pessoa. Este é um processo que a pessoa faz em seu íntimo sem precisar, à princípio, entrar em contato pessoal com aquele que a tenha prejudicado. Essa técnica funciona como uma terapia emocional, possibilitando a si mesmo exercer o sentimento de compaixão e de generosidade para com aquela pessoa que o tenha ferido.

Seguir o perdão cognitivo é exercer um perdão emocional, a abertura de si mesmo à compaixão e ao amor para com aquele que o feriu. Jesus já ensinava essa técnica há mais de dois mil anos, quando disse de forma extremamente sábia: ”bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem...”. Realmente quando nos propomos a orar por aqueles que nos ofenderam, e se possível fazendo o bem a eles de algum modo, estaremos evoluindo muitíssimo como pessoas e dando o exemplo para que o ofensor se transforme para melhor, tornando-se uma pessoa de bem, podendo até no futuro transformar-se em um grande amigo nosso.

Há o caso verídico de um bom homem que passou por uma situação em que teve a oportunidade de aplicar com êxito esta técnica:

Ele possuía um cachorro, que nascera deficiente ou fora atropelado. O animal lhe dava muito trabalho. À noite, quando regressava de seu trabalho, estando cansado, ele tinha ainda que limpar o quarto onde o cãozinho ficava, pois ele não conseguia sair do lugar em que era colocado em virtude de seu problema físico; e também não tinha como deixar o cão no quintal de seu barracão, pois havia outros moradores neste lote e que reclamariam do mal cheiro. Sendo assim, a solução era mantê-lo dentro de casa. Gastava com o cão parte do seu magro salário em alimentos, remédios e agasalhos. Mas, embora tivesse esse trabalho com o cãozinho, gostava muito dele e sentia um imenso carinho por ele.

Um dia, quando chegou do trabalho, o cachorro estava morrendo. O cãozinho olhou-o demoradamente, de um jeito muito terno, abanou a cauda e morreu. Ele foi enterrado no fundo do quintal, enquanto este rapaz derramava sentidas lágrimas. Meses depois, uma de suas irmãs lhe disse: - Você se recorda daquele cachorro aleijado? Vou lhe contar uma coisa. Não foi morte natural. Dona Fulana tinha pena de ver você chegar de madrugada e ainda ter tanto trabalho e despesas. Por isso, para seu alívio, lhe deu veneno. O rapaz entrou em prantos. - Meu Deus, não me digam uma coisa dessas!

Ele não ficou com raiva, mas ficou magoado e triste. Foi quando um grande amigo seu lhe disse: - A mágoa que você asila no seu coração está lhe prejudicando. Busque perdoar e compreender a atitude desta senhora, ela não fez isso por mal.

- Eu sei disso, mas não estou conseguindo esquecer o que aconteceu, respondeu o rapaz.

- Mas é preciso, disse o seu amigo.

- Como?

- Dando uma grande alegria àquela mulher.

- Eu dar alegria a ela? Mas fui eu o ofendido! Disse o moço admirado.

Seu amigo foi categórico: - A receita não é minha. É de nosso Senhor Jesus Cristo. Leia o Evangelho: "Fazei o bem aos que vos aborrecem".

Resignado, o moço saiu à procura de informações e descobriu que a senhora que lhe envenenara o cão de estimação desejava muito possuir uma máquina de costura. Dirigiu-se, então, a uma loja e ali adquiriu essa máquina que seria paga em longas prestações. Quando foi visitá-la com o presente, essa mulher ficou tão feliz que o abraçou e beijou, com tanta gratidão e tanto amor, que a sombra de mágoa que ele trazia no coração se dissipou e uma luz de energias positivas o envolveu da cabeça aos pés. Foi assim que ele pôde voltar a encontrar a paz e a alegria em seu coração, continuando em seu trabalho em benefício das pessoas mais carentes e que precisam de consolo.

Ao fazer esse ato tão bonito de reconciliação, esse moço cumpriu outro ensinamento cristão que diz:

“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,

Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.

Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele” (MATEUS 5: 23-25).

Então ele decidiu: Mágoa no coração, nunca mais!

Dicas úteis que facilitam a prática do perdão:

- Compartilhe o fato que provocou a mágoa ou irritação com uma pessoa de confiança e que seja capaz de guardar segredo sobre o fato ocorrido. Quando dividimos um problema ele se torna menor e fica mais fácil de ser resolvido;

- Lembre-se que você cultivar a felicidade e o sucesso são a melhor vingança. Em vez de desperdiçar energia e tempo com mágoas e vinganças – o que estaria dando maior destaque àquele que te ofendeu – aproveite o seu tempo investimento em seu progresso pessoal, na prática do bem e no cultivo da sabedoria;

- Reconheça que o te faz verdadeiramente sofrer não é a agressão sofrida no passado distante ou recente, mas sim os sentimentos e pensamentos negativos que você esteja cultivando em torno deste assunto. Desta forma, mudando o foco dos pensamentos, o problema se vai junto com essas idéias;

- Mude a forma de encarar o problema ocorrido: em vez de se colocar como vítima de uma agressão ou insulto, veja-se como um herói que teve a coragem de praticar o sublime ato do perdão.

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