sábado, 19 de abril de 2008

Maledicência

Certa feita, um homem esbaforido achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos:
- Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em particular...
- Espera!... ajuntou o sábio prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?
- Três crivos?! - perguntou o visitante, espantado.
- Sim, meu caro amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro, é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza, quanto àquilo que pretendes comunicar?
- Bem, ponderou o interlocutor, assegurar mesmo, não posso. Mas ouvi dizer e... então...
- Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julgas saber, será pelo menos bom o que me queres contar?
Hesitando, o homem replicou:
- Isso não!... Muito pelo contrário...
- Ah! - tornou o sábio. Então recorramos ao terceiro crivo: o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.
- Útil?!... aduziu o visitante ainda agitado. - útil não é...
- Bem - rematou o filósofo num sorriso, - se o que tens a confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificações para nós...
Aí está, meu amigo, a lição de Sócrates, em questões de maledicência...
Se pudermos aplicá-la, creio que teremos ganhado tempo e recursos preciosos para rearticular o serviço, refazer a paz, realizar o melhor e seguir para frente.

(Extraído do livro "Aulas da Vida"- por Francisco Cândido Xavier)

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