sábado, 19 de abril de 2008

O Sonho impossível?


A boa vontade é algo contagioso; esse artigo explica porquê.
Recentemente fui à cidade e peguei um táxi com um amigo meu. Quando chegamos, meu amigo disse para o motorista: “Muito obrigado, você guia muito bem.”
O motorista do táxi ficou estupefato, por um segundo. Então, disse: “Está querendo me gozar, meu chapa?”
“Não, meu caro, de jeito nenhum. Admiro a forma como você consegue ficar calmo no meio desse trânsito todo.”
“Falou”, disse o motorista, e foi embora.
“Mas, que conversa era essa?!” indaguei, meio perplexo.
“Estou tentando trazer o amor de volta”, disse ele. “É a única coisa que pode salvar essa cidade.”
“E como é que um homem só, pode salvar essa cidade?”
“Não é um homem só. Acho que fiz esse motorista de táxi ganhar o dia. Suponha que ele vá pegar mais uns 20 clientes. Vai ser simpático com eles, porque alguém foi simpático com ele, também. Aí esses clientes vão ser mais amáveis com os seus empregados, com os balconistas das lojas, até mesmo, com seus próprios parentes. Estes, por sua vez, serão mais simpáticos com as outras pessoas.
“Eventualmente, essa atmosfera de boa vontade pode se alastrar e atingir, pelo menos, umas mil pessoas. Nada mal. Não acha?”
“Mas, você está dependendo desse motorista, para transmitir sua boa vontade aos outros.”
“Não estou”, disse meu amigo. “Estou ciente de que o sistema não é infalível. Hoje, sou capaz de contatar com 10 pessoas diferentes. Se, em cada 10, conseguir fazer três felizes, então, posso acabar influenciando, indiretamente, o comportamento de três mil pessoas ou mais.”
“Parece boa idéia”, admiti, “mas, não estou certo de que dê resultado.”
“Se não der, não se perde nada. O fato de dizer àquele homem que estava fazendo um bom trabalho não me roubou tempo nenhum. Qual o problema, se ele não ligou? Amanhã, haverá outro motorista de táxi para eu elogiar.”
“Acho que você está meio pirado”, disse eu.
“Isso demonstra o quanto você se tornou cético. Fiz um estudo a esse respeito. Por exemplo: que é que falta, além de dinheiro, evidentemente, aos empregados dos correios? É que alguém lhes diga que estão fazendo um bom trabalho.
“Mas, eles não estão fazendo um bom trabalho!”
“Eles não estão fazendo um bom trabalho, porque sentem que ninguém se interessa se fazem ou não. Por que é que ninguém lhes faz um elogio?”
Estávamos passando por um prédio em construção e cruzamos com cinco operários que estavam de folga. Meu amigo parou. “Vocês têm feito um excelente serviço. Deve ser um trabalho difícil e perigoso.”
Os cinco homens olharam-no, meio desconfiados.
“Quando é que esse prédio vai ficar pronto?
“Em outubro, resmungou um deles.
“Ah! Isso é fantástico. Vocês devem estar bem orgulhosos!”
Afastamo-nos. “Não conheço ninguém como você!” disse-lhe eu.
“Quando esses homens pensarem nas minhas palavras, vão se sentir muito melhor e a cidade vai se beneficiar da felicidade deles.”
“Mas, você não pode fazer isso sozinho!” protestei. “Você é apenas um!”
“O mais importante é não nos deixarmos desencorajar. Não é fácil fazer com que os habitantes da cidade voltem a serem amáveis, mas se conseguir convencer outras pessoas a aderirem a minha campanha...”
“Você acaba de piscar o olho a uma mulher bem feiosa”, disse eu.
“Eu sei”, replicou. “Se ela for uma professora, os alunos vão ter um dia fantástico.
(Art Buchwald - Condensada de “Los Angeles Times”.)

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