sábado, 19 de abril de 2008

Meu Testamento


Um dia, após certificar-me de que as funções vitais de meu cérebro cessaram, um médico atestará o meu óbito. Quando isto ocorrer, dê minha visão a quem nunca viu o nascer do sol, o rostinho de uma criança ou o amor dos olhos de uma mulher. Dê meu coração a quem sempre sofreu de distúrbios cardíacos. Dê meus rins para quem depende da máquina para existir a cada dia. Tire meu sangue, meus ossos, cada músculo e nervo de meu corpo, mas arranje um jeito de fazer uma criança aleijada andar sozinha. Explore cada centímetro do meu cérebro. Tire minhas células, se necessário, e deixe-as crescer para que um dia um garotinho mudo possa gritar quando seu time marcar um gol, ou uma menina surda possa ouvir o som da chuva batendo em sua janela. Queime o mais que restar de mim, e atire as cinzas ao vento para que ajudem as flores a crescer. Mas se você quiser enterrar alguma coisa de mim, que sejam minhas falhas, fraquezas e todo preconceito que eu possa ter tido para com o próximo(...) E, se você quiser lembrar-se de mim, faça-o através de uma boa ação ou palavra amiga a qualquer pessoa necessitada.
Se você fizer tudo que pedi, viverei para sempre.
(Antônio Neves)

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