
Procurou os jovens. Muitos disseram que não tinham experiência nem vocação para o serviço. Senhores de meia idade alegaram compromissos inadiáveis. Alguns velhos discorreram sobre dificuldades de locomoção, raciocínio lento ou doenças que reclamavam repouso.
Disse o homem: que farei? E teve uma idéia.
Contratou músicos e postou-se na esquina de uma praça movimentada. Ao som de tamborins e pandeiros, reco-reco, cuícas e muita cantoria, não tardou enorme ajuntamento de pessoas de todas as idades. Era gostoso de se ver: cantavam, pulavam frenéticos. Todos queriam mostrar a boa forma e brincar, de verdade, a mais valer, com o máximo empenho.
Depois de algum tempo, dispensou os músicos e começou a falar sobre assuntos cívicos, deveres para com a família, a pátria e a humanidade, coisas dessa grandeza.
Como previra, notou que poucos ficaram ouvindo; muitos se foram. Continuou falando sobre moral e retidão do caráter, vigília religiosa e ensinos do Evangelho. Aí a situação piorou. E não demorou a perceber pequena platéia ao seu redor.
Finalmente, conclamou a reduzida assembléia:
_ Agora, preciso de operários. De gente para trabalhar. Quem se habilita?
Ficaram cinco jovens, duas senhoras, um homem de meia-idade e dois velhos.
Levantando as mãos para o Céu, o recrutador orou jubiloso:
_ Graças te dou, meu Pai por me teres concedido esta pequena multidão excelente!...
Um erudito, desses bem tolos que a tudo assistia, compadecido, aproximou-se dele e, colocando a mão sobre seu ombro, lhe disse:
_ Pobre homem, perdeste uma multidão e ainda rende graças?! Havia mais de mil pessas aqui...
_ "Ah, meu irmão!" disse o homem."É porque tu não sabes... Cada um dos que ficaram vale por mil dos que se foram!
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