sábado, 19 de abril de 2008

Amar até que doa



Conta-nos Madre Teresa de Calcutá: Nunca esquecerei uma experiência que tivemos faz algum tempo em nossa cidade. Fazia meses que não tínhamos açúcar e um meninozinho hindu, de quatro anos, foi a sua casa e disse a seus pais: “Não vou comer açúcar por três dias, vou dar o meu açúcar a Madre Teresa”. Era tão pouquinho o que trouxe depois de três dias! Mas seu amor era muito grande.
É muito importante ter uma vida de paz, de alegria, de unidade. Para isso não creio que haja uma ciência maior que o amor pelo ser humano. Devemos aprender, como esse menino, que não é quanto damos mas sim quanto amor colocamos ao dar. Deus não espera coisas extraordinárias.
Depois que recebi o Prêmio Nobel, muita gente fez doações; alimentaram aos nossos, trouxeram roupas, fizeram coisas bonitas. Uma tarde encontrei um mendigo na rua, que, veio até mim e disse: Madre Teresa, todos estão te dando algo, mas hoje, por todo o dia, só consegui duas moedinhas e quero dar-te isso.
Não posso contar-lhes a alegria irradiante de seu rosto porque aceitei essas duas moedinhas sabendo que se ele não recebesse hoje algo mais, teria que dormir sem comer, mas sabendo também que o teria ferido muito se não as tivesse aceitado. Não lhes posso descrever a alegria e a expressão de paz e de amor de seu rosto. Só lhes posso dizer uma coisa: ao aceitar as duas moedinhas senti que era muito maior que o Prêmio Nobel, porque ele me deu tudo o que possuía e o fez com tanta ternura.
Essa é a grandeza do amor. Tratemos de colocá-lo em ação. Onde está Deus? Sabemos que Deus está em todas as partes. Na profundeza de nossos corações todos temos esse desejo, essa chama ardente, esse desejo de amor a Deus. Mas: como podemos amar a Deus, a quem não vemos se não o amamos nos outros a quem vemos?
Quando vocês vêem uma pessoa na rua, quem é ela para vocês? Seu irmão? Sua irmã? A mesma mão amorosa que o criou, criou a todos.
Nós, as irmãs e eu, temos visitado pessoas que não têm nada nem ninguém, pessoas às quais ninguém ama, nem cuida e não só na Índia. Na África e na Índia temos gente faminta de pão, mas na América, Europa e todos os lugares onde trabalham as irmãs, a pessoa tem fome de amor: de ser necessária, de ser amada, de ser alguém para os outros. Certa vez, creio que em Londres ou Nova Iorque, segurei a mão de alguém sentado na rua. Ele segurou a minha mão e me disse: “Oh!... esta é a primeira vez em muitos anos que sinto o calor da mão de alguém. Em tantos anos, ninguém nunca tocou minha mão. Não senti um calor humano ou o calor da mão”! Jamais me esquecerei disso.
(Madre Teresa de Calcutá)

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