domingo, 20 de abril de 2008

Salvo por um sorriso


Você já deve ter ouvido falar de Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro O Pequeno Príncipe. Saint-Exupéry também foi um grande piloto que lutou contra os nazistas e foi morto em ação. Antes da Segunda Guerra Mundial, lutou na guerra civil espanhola contra os fascistas e escreveu uma lindíssima história baseada nesta sua vivência pessoal: O Sorriso.

Ele conta que foi capturado por seus adversários e preso no cárcere.

Estava convicto, pelo olhar agressivo e o violento tratamento que recebia por parte dos carcereiros, de que seria assassinado no próximo dia.

Conta Saint-Exupéry:

“Eu estava certo de que seria morto. Fiquei terrivelmente nervoso e confuso. Remexi em meus bolsos para ver se encontrava algum cigarro que tivesse escapado na revista. Havia apenas um, e, por causa do tremor de minhas mãos, mal podia levá-lo aos lábios. Mas estava sem fósforos, pois tinham me tomado.

Através das grades, olhei para o carcereiro, mas ele me ignorava totalmente, como se eu fosse um cadáver. Falei em alta voz:

- Tem fogo, por gentileza?

Ele me olhou, deu de ombros e chegou perto da grade para acender meu cigarro. Ao se aproximar e riscar o fósforo, seus olhos inadvertidamente fixaram os meus. Nesse momento, eu lhe sorri. Não sei por que fiz aquilo. Talvez pelo nervosismo, talvez porque quando se está muito perto de alguém fique difícil não sorrir. Em todo caso, sorri. Naquele instante, foi como se uma faísca saltasse na distância que separava nossos corações e nossas almas. Sei que ele não queria, mas meu sorriso ultrapassou as grades e provocou nele um sorriso também. Ele acendeu meu cigarro, mas ficou ali perto, olhando-me diretamente nos olhos, ainda sorrindo.

Continuei a sorrir para ele, vendo-o agora como uma pessoa, não mais um carcereiro. Seu olhar me parecia ter também uma nova dimensão.

- Você tem filhos? - ele me perguntou.

- Tenho, veja aqui - disse, pegando minha carteira e nervosamente procurando as fotos da família.

Ele também me mostrou as fotos de seus filhos e começou a falar de seus planos e esperança para eles. Fiquei com os olhos cheios de lágrimas. Disse-lhe que temia nunca mais rever minha família, de não ter chance de ver meus filhos crescerem. Ele também ficou com os olhos marejados.

De repente, se nada mais dizer, o carcereiro destrancou a cela e me conduziu para fora da prisão. Chegando à rua, em silencio, me levou até os limites da cidade, onde me soltou. Ainda sem dizer palavra, tomou o caminho de volta.

Minha vida foi salva por um sorriso.”

Verdadeiramente sorrir é uma prática fantástica e o sorriso é tão sublime que, mesmo que nos encontremos tristes por dentro, ao sorrirmos para uma pessoa esse alguém passa a enviar energias benéficas em nosso favor, o que proporciona entusiasmo e contentamento a nós e a vontade de permanecer sorrindo.

Essas boas atitudes geram um ciclo de felicidade e bem-estar, no qual as pessoas vão sorrindo umas para as outras e transmitindo esses bons sentimentos a muita gente.

O sorriso é semelhante à brisa calma que nos refresca do calor do dia; como o orvalho tranqüilo da noite que vem do céu e fecunda os campos; como o sol que ilumina e alegra o nosso viver. Ao contrário do riso que demonstra extroversão, o sorriso mostra de maneira generosa e gentil o coração e o íntimo daquele que o pratica.

Quando você exercita o sorriso, está levando o otimismo e felicidade para aqueles que você gosta e não está oferecendo motivos de contentamento para alguém que deseje ver o seu pranto. Ao sorrir, você demonstra que a felicidade está em você, que a jovialidade e boas energias vibram em seu ser.

Com esta dádiva divina a brilhar em seus lábios, você está dizendo ao mundo que você é um vencedor e que está pronto a superar qualquer dificuldade, sendo alguém digno de confiança.

A força de um sorriso é incalculável e saber sorrir é algo celestial. Antoine de Saint-Exupéry disse certa vez: “No momento em que sorrimos para alguém, descobrimo-lo como pessoa, e a resposta do seu sorriso quer dizer que nós também somos pessoa para ele”.

O sorriso é algo mundial, ele existe em todos os tempos, em todos os níveis culturais, credos, línguas, países e nações. Quantos atos criminosos teriam sido impedidos, quantas boas amizades seriam mantidas ou se criado, quantos matrimônios seriam preservados e quantas dores seriam curadas se nós sorríssemos mais em nosso cotidiano, proporcionando muito mais afeto e bom ânimo para todos os que se aproximam de nós?

O ato de sorrir é um resultado imediato do entusiasmo e da alegria de viver. É uma das manifestações mais elevadas que a Humanidade possui. Este ato enobrece e torna mais belos a todos, não importando a sua aparência física. Ele nos fornece o poder e a confiança para ultrapassarmos todas as barreiras. O sorriso tem aspectos extremamente abrangentes e os seus efeitos se propagam em todas as direções.

Para aqueles que procuram ser felizes, cultivar o hábito de sorrir é um passo importantíssimo na realização desta conquista. Ao sorrir você está oferecendo consolo e um novo ânimo às pessoas e estas lhe correspondem por meio de sua amizade, gratidão e vibrações positivas em seu favor.

O sorriso é muito diferente do riso. Muitos riem e dão gargalhadas, mas poucos sorriem verdadeira e bondosamente. Isso devido ao fato de que a risada, em muitas ocasiões, é praticada às custas da humilhação e desvalorização de outras pessoas, e este é um ato extremamente prejudicial e constrangedor. O sorriso sincero, pelo contrário, é todo bondade, afeto, entusiasmo, dignidade, consideração e amizade em relação aos outros e a nós próprios.

Exerça a bondade e o otimismo em todas as ocasiões, e notará que a calma e a felicidade estarão sempre em teu coração. Sendo assim, sorria sempre a fim de que a sua luz brilhe para toda a Humanidade.

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