quinta-feira, 25 de março de 2010

Se Fosse

Perante alguém a condenar alguém,

Destacando algum mal que aconteceu,

Se te inclinas ao fogo da censura,

Dize contigo assim: “Se fosse eu...”



Passa a criança entregue à noite e ao vento,

Amargura, nudez, olhar sem brilho...

Se vais recriminá-la, indaga simplesmente:

“E se fosse meu filho?...”



Desditoso detento vem não longe..

Vozes clamam: “Prendei!.. Apedrejai!...”

Ao ver-lhe a humilhação, interroga a ti mesmo:

“se fosse meu pai?...”



Diante do acusado escarnecido,

Atento ao cerco de infeliz reclamo,

Fita-lhe a dor e pensa: “E se este pobre

Estivesse entre aqueles que mais amo...?”



Quanta lágrima nunca surgiria,

Quanta força da treva, agindo em vão,

Se em cada coração, à luz da vida,

Houvesse mais amor e compaixão!..



Nosso irmão delinqüente!... Junto dele,

Reflete antes de erguer a própria voz:

“Como seria tudo diferente,

se ele fosse um de nós!...”


Xavier, Chico. Ditado pelo espírito Manoel Monteiro

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