Dos casos que tenho visto,
O de Antonico Vicente
É uma história como tantas
Para educar muita gente.
Dono de imensa fortuna,
Era um sovina acabado,
Quem lhe pedisse um favor
Saía desanimado.
A mendigo que rogasse
A esmola de algum vintém,
Sarcástico, respondia:
- “Espera o ano que vem.”
Um dia, chegou, no entanto,
Em que Antonico mudado,
Apareceu, de repente,
Plenamente obsedado.
Cantava, chorava e ria,
Falava em estranhas crises,
Transformara-se num pouso
De espíritos infelizes.
Conduzido a um centro amigo,
A fim de obter socorro,
Ele chegou a clamar:
- “Não agüento!... Sei que morro!”
Depois de preces e passes,
Veio o Guia acalentá-lo...
Antonico, de improviso,
Melhorou quase de estalo.
Por quatro meses de bênção,
Voltou a ser folgazão,
Largou as más influências,
Curou-se da obsessão.
Era, porém, sempre o mesmo...
Nada de agir para o bem
Fosse qual fosse o pedido,
Não amparava a ninguém.
Findos dez meses de paz,
Disse-lhe o guia: “Antonico,
Não deixe de trabalhar,
Recorda que és forte e rico.”
- “Que fazer?” – perguntou ele...
Disse o Guia – alma sincera –
“Socorre aos necessitados,
A caridade te espera.
Abandona a sovinice!...
Meu amigo, escuta e pensa.
Auxilia as boas obras
Sem aguardar recompensa.
O tempo segue e não pára”...
Atende, meu companheiro,
Distribui na caridade
Um tanto de teu dinheiro!...”
Mas, ouvindo esses conselhos,
Antonico, sem razão,
Xingou a beneficência
E entrou em perturbação.
Por muitos anos, bradou:
- “A ninguém darei meu cobre...”
Antonico alimentava
O medo de ficar pobre.
E gritou até morrer
No Sítio de João do Zorro,
Comendo barro e clamando:
- “Não aguento! Sei que eu morro!...”
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Agência De Notícias”. Ditado pelo Espírito Jair Presente.
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