segunda-feira, 29 de março de 2010

Um Caso de Obsessão

Dos casos que tenho visto,

O de Antonico Vicente

É uma história como tantas

Para educar muita gente.


Dono de imensa fortuna,

Era um sovina acabado,

Quem lhe pedisse um favor

Saía desanimado.


A mendigo que rogasse

A esmola de algum vintém,

Sarcástico, respondia:

- “Espera o ano que vem.”


Um dia, chegou, no entanto,

Em que Antonico mudado,

Apareceu, de repente,

Plenamente obsedado.


Cantava, chorava e ria,

Falava em estranhas crises,

Transformara-se num pouso

De espíritos infelizes.


Conduzido a um centro amigo,

A fim de obter socorro,

Ele chegou a clamar:

- “Não agüento!... Sei que morro!”


Depois de preces e passes,

Veio o Guia acalentá-lo...

Antonico, de improviso,

Melhorou quase de estalo.


Por quatro meses de bênção,

Voltou a ser folgazão,

Largou as más influências,

Curou-se da obsessão.


Era, porém, sempre o mesmo...

Nada de agir para o bem

Fosse qual fosse o pedido,

Não amparava a ninguém.


Findos dez meses de paz,

Disse-lhe o guia: “Antonico,

Não deixe de trabalhar,

Recorda que és forte e rico.”


- “Que fazer?” – perguntou ele...

Disse o Guia – alma sincera –

“Socorre aos necessitados,

A caridade te espera.


Abandona a sovinice!...

Meu amigo, escuta e pensa.

Auxilia as boas obras

Sem aguardar recompensa.


O tempo segue e não pára”...

Atende, meu companheiro,

Distribui na caridade

Um tanto de teu dinheiro!...”


Mas, ouvindo esses conselhos,

Antonico, sem razão,

Xingou a beneficência

E entrou em perturbação.


Por muitos anos, bradou:

- “A ninguém darei meu cobre...”

Antonico alimentava

O medo de ficar pobre.


E gritou até morrer

No Sítio de João do Zorro,

Comendo barro e clamando:

- “Não aguento! Sei que eu morro!...”


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Agência De Notícias”. Ditado pelo Espírito Jair Presente.

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