segunda-feira, 29 de março de 2010

Conversa em Família

Quando observares a dificuldade moral de alguém, não te detenhas na superfície das coisas. Aprofunda-te no exame das causas, para que a injustiça não te enodoe o coração.

Recordemos que o médico nem sempre identifica a enfermidade pelo que vê, mas sobretudo por aquilo que não vê, apoiado na cooperação do laboratório.

Raramente todo o mal é aquele mal que se enxerga no lado visível das circunstâncias.

A Humanidade é constituída de povos; cada povo se baseia em comunidades; cada comunidade é uma coletânea de grupos; cada grupo é uma constelação de almas.

Como definir a posição da esposa, imaginada em desvalimento, sem considerar a conduta do esposo, chamado pelos princípios de causa e efeito a prestar-lhe assistência ? E como examinar o homem tombado em criminalidade passional, sem analisar a mulher que o levou ao desvario ? De que modo interpretar os jovens transviados sem tocar nos adultos que os largaram à matroca, e de que maneira observar a penúria dos mais velhos, sem anotar o abandono a que foram votados pelos mais moços ?

Como acusar unicamente os maus, sem perguntar aos bons o que fizeram por eles, na esfera da convivência ? E como condenar exclusivamente os pecadores, sem saber que orientação recolheram dos virtuosos que lhes comungam a vida cotidiana ?

Serão justos ou insensíveis os Espíritos nomeados por justos quando relegam seus irmãos aos enganos da injustiça, sem a mínima frase que lhes clareie o raciocínio ? E serão corretos ou ingratos os Espíritos supostos corretos quando deixam seus irmãos afundados no erro, sem o menor amparo que lhes refaça o equilíbrio ?

Irmãos uns dos outros pelos laços da família maior - a humanidade - , à frente de nossos companheiros caídos antes de censurá-los, será preciso interrogar-nos a nós próprios que espécie de benefício já lhes teremos feito, a fim de que não resvalassem no lodo que lhes desfigura a face divina de filhos de deus, tão carecedores das bênçãos de deus quanto nós próprios.
Reflitamos nisso, porque, atendendo a isso, sempre que impelidos a observar o comportamento de alguém, teremos misericórdia por inspiração e apoio, a fim de que não falhemos ao imperativo do amo para a glória do bem.


Xavier, Francisco Cândido. Do Livro: Alma e Coração. Ditado pelo Espírito Emmanuel

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