domingo, 28 de março de 2010

Pensemos Nisso

Exaltemos a indulgência não apenas qual lâmpada que deve brilhar nos vizinhos, mas, acima de tudo, por luz viva que nos cabe trazer no coração, de maneira a clarear o próprio caminho.

Pensemos nisso, observando as dificuldades do próximo, como se as dificuldades do próximo, em verdade, nos pertencessem.

Viste o companheiro embriagado, na via pública, e, instado a prestar-lhe breve momento desapareceste na esquina, desistindo conscientemente de auxiliá-lo.

Reflete, porém, nos suplícios da esposa digna que o suporta, incessantemente, dentro de casa.

Percebeste as manifestações desagradáveis da irmã irrefletida e lhe atiraste em rosto reprovações e críticas, através de advertências amargas.

Recorda, no entanto, a luta do homem correto que a sustenta do lar, por mãe dos próprios filhos.

Registraste a presença do irmão obsidiado e fugiste à sorrelfa, temendo a obrigação de socorrê-lo, no espaço de algumas horas.

Medita, contudo, nos sacrifícios do coração materno que o carrega sem pausa.

Ouviste as lamentações do enfermo, a censurar-lhe gemidos e descontroles.

Imagina, entretanto, como te comportarias se a doença que o verga te invadisse a esfera da própria carne.

Assinalaste as inibições do amigo que conversa de maneira infantilizada e abandonaste, intempestivamente, a palestra, negando-lhe mais alguns minutos de atenção cordial.

Pensa, todavia, quão longo e doloroso te seria o sofrimento, se guardasses no cérebro semelhantes entraves.
Ninguém pode viver sem a indulgência dos outros, mas, para exercer com sinceridade a indulgência para com os outros, é necessário saibamos colocar-nos no lugar deles.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: "Hoje". Ditada pelo Espírito Emmanuel.

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