O companheiro compareceu afobado à reunião e tão logo o Espírito Amigo se incorporou no médium, hei-lo a desfiar o longo pedido:
Meu amigo, o meu problemas é uma demanda sobre terras; minha fazenda é boa, mas tenho vizinhos a me atormentarem no caso dos limites. O direito é me, entretanto, eles reclamam áreas que me pertencem... Já fomos a Juízo e a sentença no litígio não me favoreceu; ainda assim, não me conformo. Estou lutando, mas vivo sob ameaças. Exigem que eu lhes reconheça os direitos indébitos para não me liquidarem com a morte... Que devo fazer?
O orientador espiritual refletiu por momentos e fez a contra-pergunta:
No princípio do mundo, de quem era a Terra?
Encabulado, o consulente respondeu:
Com certeza, era de Deus, o Criador da Vida...
Então - considerou o mentor - por que não procurar o ajuste, o acordo ou o diálogo que promovam a paz? Por que não ceder você à decisão da Justiça dos homens, demonstrando boa vontade evitando maior gravidade no litígio?
Mas... por quê? - indagou o querelante.
O Amigo Espiritual, porém, aclarou, sem titubear:
Se a situação está nas condições que a sua palavra nos apresenta, com o crime à vista, convém pensar que a terra tem muito valor para você, enquanto você estiver por cima dela, mas se você for guardado por baixo do solo, a posse para você não terá valor algum.
Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: "Material de Construção. Ditada pelo Espírito Emmanuel.
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