domingo, 28 de março de 2010

Aniversário

Meu querido Ricardo!

Deus nos fortaleça na caminhada redentora.

Novo natalício na vida espiritual seria sempre motivo de júbilo sem fim, se nos mantivéssemos reunidos uns aos outros... Entretanto, minha alegria é indefinível, porque se a carne nos separa provisoriamente, estamos entrelaçados em perfeita comunhão, pelos divinos laços do espírito, alentando-me a fortaleza de prosseguir na luta, pela nossa renovação. Por isso, venho agradecer ao seu carinho as flores que a sua dedicação fez desabrochar em torno de minha singela memória no dia 19 deste mês.

O devotamento de seu espírito, o amor que vibrou na expressão de seu gesto inolvidável, arrancaram-me lágrimas de emoção e agradecimento. E se é verdade que você me recordou a passagem na felicidade com que muitos corações receberam a sua demonstração de fraternidade e de afeto, eu também atravessei a data querida de alma voltada para a sua devoção, que me encoraja na sementeira nova.

Elevei minhas preces ao Senhor e roguei-O para que a luz divina fulgurasse em todos os recantos de seu roteiro abençoado na terra. Estou convencida de que as nossas saudades de hoje serão as bênçãos de amanhã, porque Jesus, meu querido Ricardo, receberá a sua boa vontade por recurso sublime, respondendo a suas rogativas com a manifestação de Sua bondade infinita.

A sua força de resolução na prática do bem será o alicerce de nosso futuro, que desejo repleto de venturas para o seu coração generoso e sensível. Suas mãos, com a graça do alto, já aprenderam a semear os lírios ocultos da caridade e o divino Jardineiro conhece as suas lágrimas de fé viva e esperança ardente, transformadas em orvalho bendito de realizações do presente e do porvir.

Com o auxílio divino, os seus ouvidos, os olhos, os pensamentos e sentimentos, já se encontram sob os raios de uma alvorada nova e compreensão íntima da Lei de Amor – que nos rege os destinos.

Em razão disso, os seus atos de cristão, agora, falam mais alto perante o nosso divino Mestre.

Antigamente éramos quase comparáveis aos paralíticos, pela indiferença com que observávamos o florescimento das bênçãos espirituais ao redor de nossos passos, contudo, hoje, ao toque milagroso de Jesus, através do Evangelho, resplandece para nós dois um novo caminho.

Perdoemos aqueles que ainda não nos podem compreender. Todos os frutos amadurecem na época própria e aquele coração que se ilumina ao contato do Cristo não precisará lutar pela palavra, a fim de que as convicções alheias se façam sentir. Bastam-lhe as irradiações santificadas e puras, a fim de que a verdade neles se revele sem ruído e contenda.

Estou muito feliz, reconhecendo o seu esforço porfiado na restauração da serenidade, com que devemos solucionar os problemas e questões mais difíceis da vida.

Ricardo, nestes cinco anos de espiritualidade, tenho observado inesquecíveis lições no desdobramento de cada dia. Agora, compreendo que consertar um milímetro de sentimento em nós mesmos vale mais que edificar grandes extensões de obras humanas, fora de nosso próprio espírito. Antes de tudo, é indispensável acender a claridade própria, para que a sombra não nos perturbe; santificar a tranqüilidade para que a discórdia dos outros não nos atinja; melhorar o entendimento para que a incompreensão alheia não nos fira em plena jornada.

Dar de nós mesmos, para que a vida nos entregue os seus tesouros de sabedoria e de amor, é a nossa programação elevada.

Bem-aventurado seja o seu coração que conseguiu ambientar as sementes divinas, à maneira de um vaso obediente aos desígnios do Senhor. Grande é a alma e a minha esperança em nossa vitória nos tempos que hão de vir e não descansarei antes de vê-lo completamente feliz no porto da perfeita segurança. Aqui, a visão é muito mais clara, a razão mais alta e percepções muito mais vivas e, então reconhecemos quanta grandeza existe na dor que arrebanha as almas para o Céu.

Somos dessas ovelhas felizes que o cajado bendito do sofrimento encontra na floresta da experiência humana. E por uma disposição milagrosa que só nós dois entendemos, esse cajado separou-nos e uniu-nos, deu-nos espinhos e rosas, conferiu-nos pranto e alegria, aflição e bem-estar, porque, se a realidade na luta carnal é de angústia e sombra, pelo espírito estamos alegres e triunfantes, celebrando orações e bênçãos à passagem da morte entre nós dois. É Jesus quem realizou esse prodígio de carinho, porquanto, na atualidade, avançamos com muito mais confiança para a vitória do amor eterno.

Agradeço a você as lembranças que destinou e distribuiu em meu nome, comemorando-me o aniversário espiritual.

Cada sorriso, cada nota de gratidão, cada cântico silencioso de regozijo que você plantou no círculo dos nossos amados companheiros, ecoaram em minh’alma por divina música, acentuando-nos a doce harmonia e a santa felicidade na vida nova. Esses companheiros, Ricardo, são, presentemente, a nossa verdadeira família – a família dos que necessitam de nossa cooperação, onde nossa amizade possa produzir algo de bom ou de agradável em nome do Senhor.

Beijo as mãos carinhosas e peço a você que continue nesse plano feliz de aumentar o número de nossos irmãos e de nossos filhos, em toda a parte onde possamos semear o estímulo e o contentamento.

O amor é a divina moeda que garante os bens do céu e, oscultando-lhe a alma devotada ao bem, rogo a Jesus acrescente as suas energias para estendermos, sempre mais além, a luz de nossa fé e de nosso anseio de servir em Seu nome.

A Maria Isabel está em minha gratidão e amizade como sempre e não lhe esqueceremos a saúde necessitada de nova medicação. Em nosso conjunto doutrinário, estamos agindo e lutando com a expectativa dos trabalhadores fiéis que confiam nas bênçãos do Alto, para que o celeiro do bem se torne cada vez mais precioso e mais farto.

De nossos amados filhinhos não ando esquecida e, junto de cada um deles, vou movimentando energias novas para que avancem pelo caminho de dever bem cumprido, até que, um dia, possam formar conosco na iluminada fileira dos servidores de fé ardente e pura.

E para terminar, por hoje, meu querido Ricardo, imploro ao nosso Jesus amado lhe multiplique os dons de auxiliar, com o júbilo de agir e de trabalhar em Seu nome, em nosso favor e em favor de quantos possam necessitar mais do que nós mesmos, na estrada imensa da vida.
E de alma unida à sua alma, na mesma vibração de confiança e ternura de todos os dias, sou a companheira reconhecida, sempre devotada e sempre sua.


Xavier, Francisco Cândido. Da Obra: “Paginas do Coração”. Ditada pelo Espírito Irmã Candoca.

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